Como um exame da retina pode contribuir para o diagnóstico precoce do Alzheimer

Última atualização em 29 de fevereiro de 2024 por

Em uma descoberta notável no campo da medicina, pesquisadores do Doheny Eye Institute e da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) trouxeram novas esperanças para o diagnóstico precoce da doença de Alzheimer. Liderados pela Dra. Giulia Corradetti, os cientistas apontam que mudanças sutis nos olhos podem ser indicativos cruciais da doença antes mesmo dos sintomas se manifestarem.

A equipe de pesquisa destacou que alterações específicas na retina, que é a parte do olho responsável pela captura de imagens, podem refletir o que está acontecendo no cérebro de indivíduos ainda considerados cognitivamente saudáveis. Eles estão se dedicando a analisar a estrutura dos vasos sanguíneos na retina, comparando-a com as mudanças no cérebro que são típicas na doença de Alzheimer.

Usando uma tecnologia avançada chamada angiografia por tomografia de coerência óptica (OCTA), os pesquisadores examinaram a retina de 23 pessoas que, apesar de não apresentarem sintomas de Alzheimer, já haviam passado por testes que analisam o líquido que circunda o cérebro e a medula espinhal. Destes, 13 foram identificados com alterações indicativas de Alzheimer pré-sintomático, enquanto os outros 10 não mostraram essas alterações.

A análise detalhada revelou que aqueles com indícios do Alzheimer pré-sintomático tinham reduções significativas em determinados aspectos da vasculatura retiniana, como a densidade de perfusão (quantidade de sangue fluindo através dos vasos) e a densidade dos vasos, além de aumentos na área sem vasos sanguíneos. Essas mudanças sugerem uma diminuição na circulação sanguínea dentro da retina, similar ao que ocorre no cérebro durante as fases iniciais do Alzheimer.

A importância dessa pesquisa reside na possibilidade de usar a retina, uma extensão direta do cérebro, como um “espelho” para detectar a doença de Alzheimer antes que os sintomas cognitivos se tornem evidentes. Este método poderia potencialmente servir como um biomarcador substituto, ajudando a identificar indivíduos em risco de desenvolver Alzheimer, permitindo intervenções mais precoces e personalizadas.

Além de oferecer uma nova perspectiva sobre a detecção precoce da doença, os resultados também destacam o papel das alterações vasculares na progressão do Alzheimer, sugerindo que tanto os mecanismos dependentes quanto os independentes de beta-amilóide (uma proteína associada à doença) podem influenciar o desenvolvimento da condição.

Embora a tecnologia OCTA ainda não esteja amplamente disponível para uso clínico, ela promete uma visualização mais detalhada e precisa da retina, abrindo caminho para diagnósticos mais confiáveis. A pesquisa traz esperança não apenas para a identificação precoce da doença de Alzheimer, mas também para o desenvolvimento de novas estratégias de tratamento que poderiam retardar ou até mesmo prevenir a progressão da doença antes do início do comprometimento cognitivo irreversível.