Causas da catarata: entenda os fatores de risco e como prevenir

Última atualização em 15 de outubro de 2024 por Victor

A catarata é uma condição ocular que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, sendo uma das principais causas de perda de visão reversível. Compreender as causas da catarata é fundamental para a prevenção e o tratamento adequado, permitindo que as pessoas mantenham uma boa qualidade de vida e saúde ocular.

Neste artigo, exploraremos em detalhes os diversos fatores que podem levar ao desenvolvimento da catarata, desde o processo natural de envelhecimento até condições médicas específicas e hábitos de vida. 

Continue lendo para descobrir como proteger seus olhos e reduzir o risco de desenvolver essa condição.

O que é catarata e como ela afeta a visão

A catarata é caracterizada pela opacificação do cristalino, a lente natural do olho responsável por focalizar a luz na retina. Essa opacidade impede a passagem adequada da luz, resultando em uma visão turva, embaçada ou distorcida.

À medida que a catarata progride, a visão se torna cada vez mais comprometida, afetando atividades cotidianas como leitura, direção e reconhecimento de rostos. A condição pode se desenvolver lentamente ao longo dos anos, muitas vezes sem sintomas perceptíveis no início.

Principais causas da catarata

Existem diversas causas da catarata, sendo o envelhecimento a mais comum. No entanto, outros fatores como genética, doenças sistêmicas, lesões oculares, exposição à radiação UV e certos medicamentos também podem contribuir para seu surgimento. 

Compreender essas causas é essencial para a prevenção e o manejo adequado da condição.

Envelhecimento natural (catarata senil)

O envelhecimento é a causa mais frequente da catarata, conhecida como catarata senil. Com o avançar da idade, as proteínas no cristalino começam a se degradar e se aglomerar, causando opacidade gradual. 

Esse processo geralmente começa por volta dos 40 anos, embora os sintomas possam não ser notados até décadas depois.

A catarata senil tende a se desenvolver lentamente ao longo do tempo. Inicialmente, pode afetar apenas uma pequena área do cristalino, com impacto mínimo na visão. 

No entanto, à medida que mais proteínas se acumulam, a opacidade se espalha, levando a uma deterioração progressiva da visão.

A maioria das pessoas começa a experimentar sintomas significativos de catarata senil após os 60 anos. Contudo, a velocidade de progressão varia de pessoa para pessoa, sendo influenciada por fatores genéticos e ambientais.

Fatores genéticos e hereditariedade

A predisposição genética desempenha um papel importante no desenvolvimento da catarata. Pesquisas têm identificado vários genes associados ao aumento do risco dessa condição. Um desses genes é o EPHA2, que está envolvido na manutenção da transparência do cristalino.

Mutações em genes como o CRYAA, CRYBB2 e CRYGC, que codificam proteínas cristalinas essenciais para a estrutura e função do cristalino, também foram associadas a formas hereditárias de catarata. Essas mutações podem levar ao desenvolvimento precoce da condição, às vezes até mesmo em crianças.

Além disso, estudos com gêmeos e famílias têm demonstrado uma forte componente hereditária na catarata. Pessoas com histórico familiar da doença têm um risco aumentado de desenvolvê-la, destacando a importância do acompanhamento oftalmológico regular para aqueles com predisposição genética.

Doenças sistêmicas como diabetes e hipertensão

Doenças sistêmicas, especialmente o diabetes e a hipertensão, podem aumentar significativamente o risco de desenvolvimento de catarata. No caso do diabetes, níveis elevados de glicose no sangue podem levar à formação de produtos finais de glicação avançada (AGEs) no cristalino, alterando sua estrutura e transparência.

A hipertensão, por sua vez, pode afetar o fornecimento de sangue para os olhos, comprometendo a nutrição e oxigenação do cristalino. Isso pode acelerar o processo de degradação das proteínas cristalinas, levando à formação precoce de catarata.

Outras condições sistêmicas, como doenças autoimunes e distúrbios metabólicos, também podem contribuir para o desenvolvimento da catarata. O controle adequado dessas doenças é fundamental não apenas para a saúde geral, mas também para a prevenção de complicações oculares como a catarata.

Traumas oculares e lesões

Traumas oculares podem resultar em catarata traumática, uma forma de catarata que se desenvolve como consequência direta de uma lesão no olho. Essa condição pode ocorrer imediatamente após o trauma ou se desenvolver meses ou até anos depois.

Diversos tipos de eventos podem causar traumas oculares que levam à catarata:

  • Impactos diretos no olho, como por bolas em esportes ou acidentes de trabalho
  • Penetração de objetos estranhos no olho
  • Exposição a substâncias químicas corrosivas
  • Lesões por radiação, incluindo raios X e radiação infravermelha

A gravidade da catarata traumática depende da natureza e intensidade do trauma. Em alguns casos, pode afetar apenas uma pequena área do cristalino, enquanto em outros, pode causar uma opacificação extensa e rápida. O uso de equipamentos de proteção adequados em atividades de risco é crucial para prevenir esse tipo de lesão ocular.

Exposição excessiva à radiação ultravioleta

A exposição prolongada e excessiva à radiação ultravioleta (UV) do sol é um fator de risco significativo para o desenvolvimento de catarata. Os raios UV, especialmente os UVB, podem danificar as proteínas do cristalino, acelerando sua degradação e opacificação.

Estudos epidemiológicos têm demonstrado uma correlação entre a exposição cumulativa aos raios UV ao longo da vida e o aumento do risco de catarata. Isso é particularmente relevante para pessoas que passam muito tempo ao ar livre sem proteção adequada, como trabalhadores rurais e praticantes de esportes ao ar livre.

Para reduzir o risco de catarata relacionada à exposição UV, é importante adotar medidas de proteção. Aqui estão algumas recomendações:

  1. Use óculos de sol com 100% de proteção contra raios UVA e UVB
  2. Utilize chapéus de aba larga para sombrear os olhos
  3. Evite a exposição solar prolongada, especialmente entre 10h e 16h
  4. Aplique protetor solar ao redor dos olhos, mas evite que entre em contato com os olhos
  5. Considere o uso de lentes de contato com proteção UV adicional

Uso prolongado de certos medicamentos

Certos medicamentos, quando utilizados por longos períodos, podem aumentar o risco de desenvolvimento de catarata. Os corticosteroides são os mais comumente associados a esse efeito colateral, especialmente quando administrados por via oral ou em altas doses.

Outros medicamentos que têm sido relacionados ao aumento do risco de catarata incluem alguns antipsicóticos, como a clorpromazina, e certos medicamentos para tratamento de arritmias cardíacas, como a amiodarona. 

O mecanismo exato pelo qual esses medicamentos afetam o cristalino ainda não é completamente compreendido, mas acredita-se que esteja relacionado a alterações metabólicas e estruturais nas proteínas cristalinas.

É importante ressaltar que os benefícios desses medicamentos muitas vezes superam os riscos potenciais. Pacientes que precisam fazer uso prolongado desses medicamentos devem discutir com seus médicos sobre o monitoramento regular da saúde ocular e possíveis estratégias para minimizar o risco de desenvolvimento de catarata.

Catarata congênita: causas e fatores de risco

A catarata congênita é uma condição rara que afeta recém-nascidos, podendo ser detectada logo após o nascimento ou nos primeiros meses de vida. Suas causas são diversas e podem incluir:

  • Infecções maternas durante a gravidez (como rubéola, toxoplasmose ou citomegalovírus)
  • Alterações genéticas e cromossômicas
  • Síndromes metabólicas
  • Traumas durante o parto
  • Exposição a radiação ou medicamentos durante a gestação

Além das causas diretas, existem fatores de risco que aumentam a probabilidade de desenvolvimento da catarata congênita. Estes incluem:

  • Histórico familiar de catarata congênita
  • Prematuridade
  • Baixo peso ao nascer
  • Deficiências nutricionais maternas durante a gravidez
  • Uso de certos medicamentos pela mãe durante a gestação

Hábitos e estilo de vida que aumentam o risco de catarata

Nosso estilo de vida desempenha um papel crucial na saúde ocular, incluindo o risco de desenvolvimento de catarata. Certos hábitos e escolhas diárias podem aumentar significativamente a probabilidade de desenvolver essa condição ao longo do tempo. 

Vamos explorar alguns dos principais fatores relacionados ao estilo de vida que podem influenciar o surgimento da catarata.

Tabagismo

O tabagismo é um fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento de catarata. Os fumantes têm um risco significativamente maior de desenvolver catarata em comparação com não fumantes. 

Isso ocorre porque o fumo do cigarro contém substâncias tóxicas que podem danificar as proteínas do cristalino e aumentar o estresse oxidativo nos olhos.

Além disso, o tabagismo reduz os níveis de antioxidantes no corpo, incluindo a vitamina C, que é crucial para a saúde ocular. Parar de fumar pode reduzir o risco de catarata e retardar sua progressão, além de trazer inúmeros outros benefícios para a saúde geral.

Consumo excessivo de álcool

O consumo excessivo de álcool tem sido associado a um aumento no risco de desenvolvimento de catarata. Estudos sugerem que o álcool pode acelerar o processo de oxidação no cristalino, levando à formação precoce de catarata. Além disso, o álcool pode interferir na absorção e metabolismo de nutrientes essenciais para a saúde ocular.

O consumo moderado de álcool, por outro lado, não parece aumentar significativamente o risco de catarata. No entanto, é importante lembrar que o consumo excessivo de álcool tem muitos outros efeitos negativos na saúde geral. Portanto, limitar o consumo de álcool é uma escolha sábia não apenas para a saúde ocular, mas para o bem-estar geral.

Dieta pobre em nutrientes essenciais

Uma dieta deficiente em nutrientes essenciais pode aumentar o risco de desenvolvimento de catarata. Antioxidantes como vitaminas C e E, bem como carotenoides como luteína e zeaxantina, desempenham um papel crucial na proteção do cristalino contra danos oxidativos.

 Uma dieta pobre nesses nutrientes pode deixar os olhos mais vulneráveis ao desenvolvimento de catarata. Para promover a saúde ocular e reduzir o risco de catarata, é recomendável adotar uma dieta rica em frutas e vegetais coloridos, nozes, sementes e peixes ricos em ômega-3. 

Alimentos como espinafre, couve, laranja, mamão, abacate e salmão são excelentes fontes de nutrientes protetores para os olhos. Manter-se bem hidratado e limitar o consumo de alimentos processados e ricos em açúcares pode contribuir para a saúde ocular a longo prazo.

Sedentarismo

O sedentarismo tem sido associado a um aumento no risco de várias condições de saúde, incluindo a catarata. A falta de atividade física regular pode levar a problemas de saúde como obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão, que são fatores de risco conhecidos para o desenvolvimento de catarata. 

Além disso, o exercício físico ajuda a melhorar a circulação sanguínea, incluindo o fluxo de sangue para os olhos.

Por outro lado, a prática regular de atividade física pode ajudar a reduzir o risco de catarata. Exercícios moderados, como caminhadas, natação ou ciclismo, reduzem o estresse oxidativo no corpo e promovem uma melhor circulação sanguínea para os olhos. 

Recomenda-se pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana para manter uma boa saúde ocular e geral.

Fatores ambientais e ocupacionais relacionados à catarata

O ambiente em que vivemos e trabalhamos pode influenciar significativamente o risco de desenvolver catarata. Diversos fatores ambientais e ocupacionais têm sido associados ao aumento da incidência dessa condição ocular. Estes incluem:

  • Exposição à radiação ionizante: Profissionais que trabalham com raios X ou em ambientes com radiação elevada têm maior risco de desenvolver catarata. A exposição prolongada pode danificar as proteínas do cristalino, acelerando a opacificação.
  • Poluição do ar: Estudos recentes sugerem que a exposição crônica a poluentes atmosféricos, especialmente partículas finas, pode aumentar o risco de catarata. Os poluentes podem causar estresse oxidativo e inflamação nos olhos.
  • Calor e desidratação: Trabalhadores expostos a altas temperaturas ou ambientes muito secos por longos períodos podem ter um risco aumentado de catarata. A desidratação e o estresse térmico podem afetar a composição do cristalino.
  • Exposição a produtos químicos: Certas profissões que envolvem contato com solventes, metais pesados ou outros produtos químicos tóxicos podem aumentar o risco de catarata. Estes agentes podem causar danos diretos ao cristalino ou alterar seu metabolismo.

Como prevenir o desenvolvimento da catarata

A prevenção da catarata envolve uma combinação de hábitos saudáveis e cuidados específicos com os olhos. 

Embora não seja possível evitar completamente o risco de desenvolver catarata, especialmente à medida que envelhecemos, existem várias medidas que podemos tomar para reduzir significativamente esse risco e manter nossos olhos saudáveis por mais tempo.

Proteção contra radiação UV

A proteção contra os raios ultravioleta é fundamental na prevenção da catarata. O uso de óculos de sol com proteção UV é uma das maneiras mais eficazes de proteger os olhos. Procure por óculos que bloqueiem 100% dos raios UVA e UVB.

Além disso, o uso de chapéus de aba larga pode fornecer proteção adicional, especialmente em dias ensolarados.

É importante lembrar que a proteção UV é necessária o ano todo, não apenas no verão. Mesmo em dias nublados, uma quantidade significativa de radiação UV pode atingir os olhos.

Para aqueles que passam muito tempo ao ar livre devido ao trabalho ou lazer, considerar o uso de lentes de contato com proteção UV adicional pode ser benéfico.

Alimentação saudável e rica em antioxidantes

Uma dieta balanceada e rica em antioxidantes desempenha um papel crucial na saúde ocular e na prevenção da catarata. Alimentos ricos em vitaminas C e E, bem como em carotenoides como luteína e zeaxantina, são particularmente benéficos. 

Frutas cítricas, vegetais de folhas verdes, nozes e sementes são excelentes fontes desses nutrientes protetores.

Além disso, o consumo de ômega-3, encontrado em peixes gordurosos como salmão e sardinha, pode ajudar a manter a saúde ocular. Reduzir o consumo de alimentos processados e ricos em açúcares refinados também é importante, pois estes podem contribuir para o estresse oxidativo no corpo, incluindo os olhos. 

Uma alimentação equilibrada não apenas beneficia a saúde ocular, mas também promove o bem-estar geral.

Controle de doenças crônicas

O controle adequado de doenças crônicas é essencial na prevenção da catarata. Condições como diabetes e hipertensão, quando não controladas, podem aumentar significativamente o risco de desenvolvimento de catarata. Manter níveis saudáveis de glicose no sangue e pressão arterial pode ajudar a proteger o cristalino de danos.

Para isso, é importante seguir as orientações médicas, tomar medicamentos conforme prescrito e adotar um estilo de vida saudável. Isso inclui manter um peso adequado, praticar exercícios regularmente e gerenciar o estresse. 

Consultas regulares com profissionais de saúde, incluindo oftalmologistas, são fundamentais para monitorar e controlar essas condições de forma eficaz.

Cuidados com a saúde ocular

Cuidados regulares com a saúde ocular são cruciais na prevenção e detecção precoce da catarata. Exames oftalmológicos de rotina permitem que o médico identifique alterações no cristalino em estágios iniciais, possibilitando intervenções precoces quando necessário. 

Recomenda-se que adultos realizem exames oftalmológicos completos a cada um ou dois anos, ou com maior frequência se houver fatores de risco específicos.

Além dos exames regulares, é importante estar atento a quaisquer mudanças na visão e procurar atendimento oftalmológico imediatamente caso note sintomas como visão embaçada, sensibilidade à luz ou dificuldade para enxergar à noite. 

Evitar o uso excessivo de telas e praticar exercícios oculares também pode contribuir para a saúde geral dos olhos, embora não previna diretamente a catarata.

Dúvidas frequentes sobre as causas da catarata

Muitas pessoas têm dúvidas sobre as causas da catarata e como preveni-la. Abaixo, respondemos algumas das perguntas mais frequentes de forma clara e concisa:

A catarata é hereditária?

Sim, existe um componente genético, mas fatores ambientais também são importantes.

Usar óculos de sol realmente ajuda a prevenir a catarata?

Sim, óculos com proteção UV podem reduzir significativamente o risco.

A catarata pode ser causada pelo uso excessivo de computadores ou smartphones?

Não diretamente, mas o uso prolongado pode causar fadiga ocular.

Existe idade mínima para desenvolver catarata?

Não, a catarata pode ocorrer em qualquer idade, inclusive em recém-nascidos.

O estresse pode causar catarata?

O estresse crônico pode indiretamente aumentar o risco, afetando a saúde geral.

Pesquisas recentes e avanços no entendimento das causas da catarata

Nos últimos anos, pesquisas científicas têm proporcionado novos insights sobre as causas da catarata. Um estudo publicado no “Nature Communications” em 2023 identificou um novo mecanismo molecular envolvido na formação da catarata relacionada à idade. 

Os pesquisadores descobriram que a diminuição de uma proteína chamada ALDH1A1 no cristalino está associada ao desenvolvimento da catarata, abrindo possibilidades para novas abordagens terapêuticas.

Outro avanço significativo veio de uma pesquisa publicada no “Journal of Clinical Investigation” em 2022, que explorou o papel do estresse oxidativo na formação da catarata. 

Os cientistas demonstraram que o aumento do estresse oxidativo no cristalino leva à ativação de vias inflamatórias que contribuem para a opacificação. Este achado reforça a importância de antioxidantes na dieta e no desenvolvimento de terapias anti-inflamatórias específicas para o olho.

Um estudo longitudinal conduzido pela Universidade de Wisconsin e publicado no “Ophthalmology” em 2024 trouxe novas perspectivas sobre os fatores de risco a longo prazo para a catarata. 

Acompanhando mais de 5.000 participantes por mais de 20 anos, os pesquisadores identificaram padrões de estilo de vida e fatores ambientais que influenciam significativamente o risco de catarata. Este estudo destacou a importância da prevenção ao longo da vida, não apenas na idade avançada.

Além disso, avanços na genética têm permitido uma compreensão mais profunda das formas hereditárias de catarata. Um estudo internacional publicado no “Nature Genetics” em 2023 identificou novos genes associados à catarata congênita, melhorando nossa capacidade de diagnóstico precoce e aconselhamento genético. 

Esses avanços não apenas ampliam nosso entendimento das causas da catarata, mas também abrem caminho para o desenvolvimento de terapias mais direcionadas e eficazes no futuro.