A córnea é o tecido mais transplantado no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. O procedimento figura entre os de reabilitação visual mais bem-sucedidos da medicina moderna. Mesmo assim, muita gente ainda não tem ideia de como a doação acontece nem do quanto ela transforma vidas de quem tem as córneas transplantadas.
Neste artigo, explicamos por que as córneas transplantadas são tão importantes, como funciona a fila de espera e de que forma você pode contribuir.
Córneas transplantadas: por que doar
Doar é devolver a chance de enxergar. O gesto beneficia pessoas que perderam a transparência da córnea por condições como ceratocone avançado, cicatrizes, opacidades, doenças do endotélio da córnea, dentre outras.
Mas é importante que se saiba sobre a doação: a retirada da córnea não altera a aparência do doador. Uma vez retirado, o tecido doado passa por análises rigorosas antes de ser usado, o que garante a segurança do futuro receptor. É um processo controlado, ético e auditável.
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Como funciona a fila de espera
Quando o oftalmologista identifica a necessidade de transplante, ele comunica o banco de olhos ou a central de transplantes do estado.
No Brasil, o processo para o transplante de córneas é estadual. No entanto, os pacientes são inscritos na fila única do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), e a distribuição das córneas captadas e qualificadas pelos diversos bancos de olhos do Brasil são realizadas pelas centrais de transplantes estaduais.
Essas centrais contemplam, primeiramente, os pacientes de suas filas. Caso não tenham pacientes aptos para receber as córneas, este excedente será encaminhado para a central de transplante nacional, que por sua vez redistribuirá para os estados da federação que estejam com maior tempo de fila de espera.
De forma geral, cada estado mantém sua lista e distribui as córneas captadas localmente. Se houver excedente, o material é encaminhado à Central Nacional de Transplantes para equilibrar o acesso entre as regiões.
Esse fluxo permite que o tecido chegue a quem mais precisa, respeitando critérios clínicos e logísticos.
O tempo de espera pelas córneas transplantadas varia bastante: em média 374 dias no Brasil, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Há estados em que o prazo é muito menor, como o Ceará, com fila virtualmente “zero”, e outros em que ultrapassam mil dias.
O papel dos bancos de olhos
Os bancos de olhos são essenciais em toda a cadeia. Eles fazem a captação, a avaliação microscópica, o preparo e a distribuição dos tecidos.
A coleta precisa ocorrer nas primeiras horas após o falecimento. Uma janela curta, mas necessária para manter a viabilidade do tecido.
Depois disso, cada córnea é testada para descartar infecções, contaminações ou qualquer alteração celular.
Segurança e mitos
Alguns receios ainda afastam possíveis doadores. Confira os principais:
“Posso pegar doenças pelas córneas transplantadas?”
Não. Os bancos de olhos seguem protocolos de triagem e testagem extremamente rígidos, o que torna esse risco praticamente nulo.
“O doador fica desfigurado?”
Não. A retirada da córnea é feita com técnica própria para não alterar o aspecto do olho fechado.
Cada tecido é rastreável, tem origem controlada e passa por laudos técnicos antes da liberação para transplante.
A conversa com a família faz toda a diferença
Expressar o desejo de doar é importante, mas não basta. No Brasil, a legislação exige que a família confirme a autorização no momento da doação.
Quando esse diálogo já aconteceu em vida, a decisão é respeitada e o processo corre sem atrasos. Falar sobre o assunto é um gesto de responsabilidade e empatia.
Como você pode ajudar
Informe seu oftalmologista sobre o desejo de ser doador. Converse com seus familiares e deixe clara sua vontade, e apoie campanhas locais e bancos de olhos de sua região.
Doar é multiplicar visões. Uma única decisão pode iluminar o mundo de outra pessoa.
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