Guia das lentes gelatinosas: como usar com segurança?

Para Pacientes

As lentes de contato gelatinosas são uma das opções mais populares para quem busca praticidade, conforto e boa qualidade visual no dia a dia. Por serem macias e altamente hidratadas, elas se adaptam facilmente à superfície do olho, permitindo corrigir diferentes graus e tipos de erro refrativo com segurança.

No entanto, para aproveitar todos os benefícios dessas lentes e evitar complicações, é essencial entender como escolher, colocar, retirar, higienizar e reconhecer sinais de alerta. Neste guia completo, você encontrará tudo o que precisa saber para usar suas lentes com conforto e responsabilidade.

O que são lentes de contato gelatinosas?

São lentes de contato macias (hidrofílicas, ou seja, alta absorção de água), feitas para corrigir erros refrativos como miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia.

Existem versões descartáveis diárias, quinzenais e mensais. A escolha do material, grau, curva-base e diâmetro é individual e deve ser feita após exame e adaptação com oftalmologista.

Adaptação e tempo de uso

Nos primeiros dias de uso, inicie usando por poucas horas para ter um período de adaptação e vá aumentando o tempo gradualmente. A maioria das pessoas se dá bem entre 8 e12 horas. Se passar muito disso, as chances de ressecamento ocular e hipóxia (falta de oxigênio) aumentam, dependendo do material.

Como colocar lentes de contato gelatinosas?

  • Lave bem e seque bem as mãos (idealmente com papel, costumam ser mais higiênicos que toalhas);
  • Retire a lente do estojo e coloque-a na ponta do dedo indicador;
  • Confirme se está do lado certo (a borda deve parecer um “copinho” regular, se a borda abrir para fora está invertida);
  • Com o dedo médio da outra mão da lente, puxe a pálpebra inferior;
  • Olhe para frente e apoie a lente suavemente na córnea;
  • Pisque devagar e olhe para os lados, se necessário.

Como retirar adequadamente?

  • Higienize as mãos assim como no ato de colocar;
  • Olhe para cima, puxe a pálpebra inferior e deslize a lente para baixo com o dedo indicador;
  • Belisque delicadamente a lente com polpa dos dedos (sem unhas) e retire;
  • Prossiga com a limpeza/armazenamento (siga a leitura).

Limpeza e conservação

Se sua lente não é diária, você deve tomar cuidados importantes de limpeza e conservação.

Você deve esfregar e enxaguar após retirar as lentes. Para isso, coloque a lente na palma da mão, pingue a solução estéril e esfregue com o dedo em movimentos suaves por 10 a 20 segundos. Depois, enxágue com a mesma solução.

Além disso, esvazie o estojo todos os dias e troque toda a solução. O estojo também deve ser higienizado mensalmente com sabão neutro e trocado a cada três meses, pelo menos.

Quando é hora de trocar as lentes?

Sempre siga as orientações do fabricante e se atente à validade das lentes de contato gelatinosas. Uma dica é escrever em um papel ou nas notas do celular a data de início do uso de cada lente, não confie apenas na sua memória.

  • Diária: descarte ao final do dia;
  • Quinzenal: troque a cada 2 semanas após abrir o blister (embalagem);
  • Mensal: troque a cada 30 dias após abrir o blister.

Na prática, se a lente for de “30 dias” e você abrir no primeiro dia do mês, descarte no último dia do mês. Lembre-se: não são 30 usos, e sim 30 dias corridos.

Como deve ser o colírio para lentes de contato gelatinosas?

Prefira colírios lubrificantes sem conservantes (verifique o rótulo). Se for usar colírios antialérgicos, retire a lente e aguarde de 5 a 15 minutos após pingar o colírio antes de colocar novamente. Já em caso de colírios vasoconstritores, evite usá-los junto com as lentes, já que eles podem mascarar problemas.

Erros comuns

  • Dormir com as lentes (mesmo em lentes de uso prolongado, não é indicado dormir com elas);
  • Tomar banho ou nadar com lentes (risco de infecções por micro-organismos como bactérias, fungos e protozoários Acanthamoeba);
  • “Completar” a solução do estojo (tem trocar toda a solução);
  • Usar água mineral para limpar/guardar (água mineral não é estéril e pode conter microorganismos);
  • Ultrapassar o prazo de troca (use a dica das anotações/calendário);
  • Unhas longas ao retirar a lente (risco de rasgar a lente e arranhar a córnea);
  • Colocar as lentes depois de se maquiar e retirar as lentes antes de remover a maquiagem.

Sinais de alerta

  • Dor ocular intensa;
  • Olhos vermelhos que não melhoram;
  • Lacrimejamento intenso;
  • Sensibilidade à luz (fotofobia);
  • Visão borrada;
  • Secreção anormal;
  • Mancha/esbranquiçado visível na córnea (estrutura transparente na frente do olho).

Nesses casos, procure atendimento médico imediatamente. Retire as lentes e use óculos até ser avaliado. Leve seu estojo e solução para o médico verificar, se possível.

Perguntas frequentes (FAQ)

“Dra. Lorena, posso dormir com as lentes de uso prolongado?”

O mais seguro é não. Dormir com lentes aumenta o risco de infecção, mesmo nos modelos aprovados para uso prolongado.

“A lente sumiu no meu olho. E agora?”

Ela pode ter deslizado sob a pálpebra. Lave as mãos, aplique lubrificante, massageie suavemente a pálpebra fechada e tente centralizar. Se não conseguir, procure atendimento.

“Dra. Lorena, uso bastante maquiagem para o meu trabalho. Alguma dica?”

Coloque as lentes antes da maquiagem, remova a maquiagem depois de tirar as lentes e evite produtos oleosos na área dos olhos.

“Dra, posso usar colírios com as lentes de contato gelatinosas?”

Apenas colírios compatíveis com lentes, de preferência sem conservantes. Em caso de dúvida, retire a lente, pingue, aguarde 15 minutos e recoloque.

“Adolescentes podem usar lentes?”

Podem, desde que haja maturidade para cuidar da higiene e acompanhamento regular com oftalmologista.

“Dra., lentes coloridas/cosméticas são seguras?”

Podem ser, se forem regulamentadas, prescritas e bem cuidadas. As regras de higiene são as mesmas.

“Mas doutora, posso usar água mineral quando acabar minha solução?”

Não. Apenas soluções próprias para lentes.

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Oftamologista
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Sou paraense, formada em Medicina pela UFPA. Realizei residência em Oftalmologia na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, onde também concluí pós-graduações em Plástica Ocular, Vias Lacrimais, Órbita e Neuro-oftalmologia. Permaneço na instituição como supervisora até hoje. Atualmente, moro em São José dos Campos e atuo profissionalmente tanto na região quanto em São Paulo.
Sou paraense, formada em Medicina pela UFPA. Realizei residência em Oftalmologia na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, onde também concluí pós-graduações em Plástica Ocular, Vias Lacrimais, Órbita e Neuro-oftalmologia. Permaneço na instituição como supervisora até hoje. Atualmente, moro em São José dos Campos e atuo profissionalmente tanto na região quanto em São Paulo.
tronco de mulher segurando um estojo para lentes de contato gelatinosas em uma mão e uma lente em outra

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