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Novembro azul: qual a relação da próstata com os olhos?

Novembro Azul e a relação com a visão.

Qual a relação da próstata com os olhos? O novembro azul, representado pelo símbolo do laço azul, é uma campanha internacional de conscientização de prevenção ao câncer de próstata. O objetivo é alertar as pessoas, especialmente os homens, sobre a prevenção e a importância do diagnóstico precoce da doença. Doutor!

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Qual a relação da próstata com os olhos? O novembro azul, representado pelo símbolo do laço azul, é uma campanha internacional de conscientização de prevenção ao câncer de próstata. O objetivo é alertar as pessoas, especialmente os homens, sobre a prevenção e a importância do diagnóstico precoce da doença.

Doutor! Por que estão falando de próstata em um perfil de uma clínica de olhos?

Ora, naturalmente é de se causar estranhamento! A relação entre os olhos e a próstata de fato existe – já lançando a resposta aos mais curiosos – porém, é pouco conhecida mesmo entre os médicos de maneira geral. Em homenagem ao Novembro Azul, hoje vamos explicar um pouco sobre esta curiosa relação que tem tanta relevância para o mundo da oftalmologia.

Mas o que exatamente é a próstata e qual a importância dela?

A próstata é um dos órgãos que compõem o sistema reprodutivo dos homens – na verdade, ela é uma das maiores glândulas deste sistema. Ela fica perto da bexiga e uma das suas funções é produzir alguns componentes do sêmen. Sua grande importância, que ganha os holofotes durante o mês de novembro, é que o câncer de próstata é extremamente comum e uma importante causa de mortes por câncer: nos homens, é o 2º câncer que mais mata, atrás apenas do câncer de pulmão.

É claro que o câncer de próstata é uma doença muito relevante, mas a próstata também pode sofrer com diversas outras doenças. Uma delas se chama “hiperplasia prostática benigna”, popularmente conhecida por alguns como “próstata aumentada” ou “próstata inchada”. Como o próprio nome diz, é uma doença completamente benigna – mas que deve ser sempre avaliada e acompanhada pelo urologista, pois traz diversos prejuízos quando não tratada e, além disso, deve ser diferenciada do câncer de próstata!

E por falar em “próstata aumentada”, é realmente isso que acontece! Devido a algumas alterações naturais que acontecem com o envelhecimento, a próstata tende a ter seu tamanho aumentado nos homens com mais idade. Como a uretra (um “tubo” que leva a urina da bexiga até o pênis) passa por dentro da próstata, quando a próstata “cresce” ela acaba “apertando” a uretra, e isso faz com que quem sofre da doença tenha dificuldade e até mesmo dor para urinar.

E isso tem tratamento, doutor?

Tem sim! O médico urologista, com base em diversas critérios, vai decidir, em conjunto com o paciente, a melhor estratégia para o tratamento. Podem ser utilizadas diversas medicações, mas em alguns casos há indicação mesmo de cirurgias.

Entendi! Mas ainda estou esperando a relação disso tudo com os olhos…

Finalmente chegamos ao ponto que todos esperavam! Lembram que acabamos de falar que algumas medicações podem ser utilizadas para o tratamento da hiperplasia prostática benigna? Estes remédios possuem um curioso efeito colateral: eles podem deixar a nossa íris (a parte “colorida” dos olhos) amolecida, uma condição que chamados de “síndrome de íris flácida”.

O que é essa tal “síndrome da íris flácida” e por que ela é tão ruim?

Como o próprio nome diz, a íris acaba ficando flácida! Isso é prejudicial principalmente para os pacientes que sofrem de catarata. Sabemos que o tratamento para catarata é cirúrgico, e uma íris “molinha” dificulta muito a cirurgia – ela diminui o “espaço” que o oftalmologista tem para trabalhar dentro do olho, além de poder “sair” para fora dos pequenos cortes que são feitos durante a cirurgia, dentre diversas situações mais complexas. Em resumo: a cirurgia fica muito mais difícil, trabalhosa, demorada e com maiores riscos de complicações.

A hiperplasia prostática benigna é uma das doenças mais comuns da urologia, e a catarata é uma das mais comuns da oftalmologia! Além do mais, ambas as doenças são muito mais comuns em idosos – por isso não é raro encontrar alguém que sofra com ambas! Aliás, sabiam que a cirurgia de catarata é o procedimento cirúrgico mais realizado no mundo?

Caramba! Quais são estes remédios que deixam a íris flácida, doutor?

A síndrome da íris flácida foi inicialmente associada a uma medicação chamada tansulosina, mas diversos estudos demonstraram que também pode ocorrer com o uso de outras medicações, como doxasozina e terasozina. Basicamente, estes compostos atuam na próstata fazendo com que ela diminua de tamanho, assim melhorando os sintomas urinários.

Parei de tomar tansulosina há muitos anos! Ainda corro algum risco?

Uma informação bastante importante é que este efeito colateral – a síndrome da íris flácida – não tem relação com o tempo de uso das medicações! Isso significa que uma única dose do remédio já pode ser suficiente para deixar a íris flácida, e este efeito pode persistir anos após a interrupção do uso! Infelizmente, cessar o uso da medicação antes da cirurgia também parece não diminuir os efeitos da íris flácida…

Ufa, ainda bem que sou mulher! Não preciso me preocupar com isso, certo?

Medicamentos como a tansulosina certamente são bem mais utilizados por homens, pois sua grande indicação é o tratamento da hiperplasia prostática benigna! Porém, elas podem ser usadas também para tratar outras doenças, que também podem atingir mulheres! Como grande exemplo temos os cálculos renais (popularmente chamados de “pedra no rim”).

? Aproveite para ler: Como melhorar a visão? Checklist Fácil com 12 passos

A cirurgia de catarata está contraindicada em quem fez uso destes medicamentos?

De forma geral, não está! Primeiro ponto: nem todos os pacientes que usam a tansulosina (ou similares) irão desenvolver síndrome da íris flácida. Segundo ponto: mesmo naqueles que desenvolvem esta complicação, a cirurgia é possível de ser realizada – há diversos recursos que podem ser utilizados para facilitar o manejo do paciente durante a cirurgia, como medicamentos para dilatar a íris e ganchos cirúrgicos especiais. Assim como quase tudo na medicina, cada caso é um caso e deve ser avaliado pelo médico para definição da melhor conduta.

Por fim, uma dica importante: sempre que for a uma consulta médica, com qualquer especialista, leve uma listinha dos remédios que você utiliza ou já utilizou – incluindo nome e dosagem de cada um deles! Isso facilita muito o andamento da consulta e ajuda a prevenir danos ao paciente. Já pensou se você vai operar catarata e esquece de avisar que usa tansulosina?

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