Doenças oculares: diagnóstico completo e tratamentos modernos

Última atualização em 26 de outubro de 2024 por Victor

As doenças oculares representam um grupo diversificado de condições que afetam diferentes estruturas dos olhos, impactando significativamente a qualidade de vida de milhões de pessoas em todo o mundo. 

Com o avanço da tecnologia médica e uma melhor compreensão dos mecanismos dessas doenças, as opções de diagnóstico e tratamento têm evoluído constantemente.

Atualmente, estima-se que cerca de 2,2 bilhões de pessoas vivam com algum tipo de deficiência visual ou cegueira, sendo que aproximadamente 1 bilhão desses casos poderiam ter sido prevenidos ou ainda podem ser tratados. 

Erros de refração e problemas de focalização

Os erros refrativos são anomalias ópticas que impedem o foco adequado da luz na retina, resultando em visão turva ou distorcida. Estas condições afetam aproximadamente 40% da população mundial e podem se manifestar isoladamente ou em combinação.

  • Miopia: dificuldade para enxergar à distância
  • Hipermetropia: dificuldade para enxergar de perto
  • Astigmatismo: distorção visual em todas as distâncias
  • Presbiopia: perda natural da capacidade de focalização para perto com a idade

Miopia: dificuldade para ver ao longe

A miopia é uma condição refrativa na qual o globo ocular é mais alongado que o normal, ou o sistema óptico do olho é muito convergente, fazendo com que os raios luminosos sejam focalizados antes da retina, resultando em visão embaçada para objetos distantes.

Causas e manifestações da miopia

A miopia tem forte componente genético e sua incidência tem aumentado significativamente nas últimas décadas, especialmente em populações urbanas e entre jovens que passam muito tempo em atividades de visão próxima. Estudos recentes sugerem que a exposição reduzida à luz natural e o uso intensivo de dispositivos eletrônicos contribuem para esse aumento.

Os principais sintomas incluem dificuldade para enxergar placas e sinais distantes, necessidade de aproximação para visualizar objetos com clareza, dores de cabeça frequentes e fadiga visual ao realizar atividades que exigem visão à distância.

Opções de correção e tratamento

O tratamento da miopia pode ser realizado através de óculos com lentes divergentes, lentes de contato convencionais ou especiais para controle da progressão, e cirurgias refrativas como LASIK, PRK ou implante de lentes fácicas, dependendo da idade do paciente, grau e estabilidade da refração.

Hipermetropia e seus impactos

A hipermetropia é caracterizada por um erro refrativo onde o globo ocular é mais curto que o normal, ou o sistema óptico é menos convergente, fazendo com que os raios luminosos tendam a ser focalizados após a retina, causando dificuldade principalmente na visão de perto.

Desenvolvimento e progressão

A hipermetropia geralmente está presente desde o nascimento e pode se modificar ao longo da vida, especialmente durante o crescimento e o envelhecimento.

  1. Fase infantil: compensação natural pelo cristalino
  2. Adolescência: possível redução do grau
  3. Idade adulta: manifestação de sintomas mais evidentes
  4. Após 40 anos: agravamento com o surgimento da presbiopia
  5. Terceira idade: possível necessidade de correção mais significativa

Abordagens terapêuticas disponíveis

O tratamento da hipermetropia deve ser personalizado considerando idade, grau e sintomas do paciente.

  • Óculos: solução mais comum e segura, ideal para todas as idades (correção completa ou parcial dependendo da adaptação)
  • Lentes de contato: excelente opção para adultos ativos (requer adaptação e cuidados específicos)
  • Cirurgia refrativa: indicada para casos estáveis em adultos (avaliação criteriosa necessária)
  • Lentes multifocais: solução para casos associados à presbiopia (combina correções para perto e longe)

Astigmatismo e distorções visuais

O astigmatismo é um erro refrativo causado por irregularidades na curvatura da córnea ou do cristalino, fazendo com que a luz seja focada em diferentes pontos da retina, resultando em visão distorcida ou embaçada em todas as distâncias.

Tipos de astigmatismo

O astigmatismo pode ser classificado de acordo com sua regularidade e orientação dos meridianos principais da córnea.

  • Regular simples: um meridiano é normal e outro é míope ou hipermétrope
  • Regular composto: ambos os meridianos são míopes ou hipermétropes
  • Misto: um meridiano é míope e outro hipermétrope
  • Irregular: não segue padrão geométrico definido
  • Oblíquo: eixos principais não são horizontal e vertical

Correções modernas

A correção do astigmatismo regular pode ser realizada com óculos utilizando lentes cilíndricas ou tóricas, que compensam a diferença de curvatura da córnea. Lentes de contato especiais, como as tóricas, também são uma excelente opção, oferecendo boa qualidade visual e praticidade.

Para casos mais complexos ou astigmatismo irregular, existem opções como lentes de contato rígidas gás-permeáveis, lentes híbridas e, em casos selecionados, cirurgias refrativas personalizadas guiadas por topografia corneana.

Presbiopia: a vista cansada

A presbiopia é uma condição natural relacionada ao envelhecimento, caracterizada pela perda gradual da capacidade de focalização para perto devido à diminuição da elasticidade do cristalino, afetando praticamente todas as pessoas após os 40 anos de idade.

Manifestações por faixa etária

As manifestações da presbiopia variam conforme a idade e podem ser mais ou menos intensas dependendo da profissão e hábitos visuais.

Faixa etáriaManifestações típicasImpacto nas atividades
40-45 anosDificuldade inicial para leituraLeve desconforto
45-50 anosNecessidade de mais luz e distânciaModerado impacto
50-55 anosFadiga visual frequenteImpacto significativo
55+ anosDependência total de correçãoImpacto severo

Soluções e adaptações

O tratamento da presbiopia pode ser realizado através de diferentes tipos de correção óptica, incluindo óculos monofocais para perto, bifocais, multifocais progressivos ou lentes de contato multifocais. A escolha depende do estilo de vida, necessidades visuais e preferências do paciente.

Em casos selecionados, existem também opções cirúrgicas como a monovisão (um olho corrigido para longe e outro para perto), implante de lentes intraoculares multifocais ou procedimentos que visam aumentar a profundidade de foco, como o PRESBYOND Laser Blended Vision.

Doenças degenerativas da visão

As doenças degenerativas da visão caracterizam-se pela deterioração progressiva de estruturas oculares fundamentais, geralmente associadas ao envelhecimento ou a condições sistêmicas. 

Estas patologias podem levar à perda irreversível da visão quando não diagnosticadas e tratadas precocemente, representando um importante desafio para a saúde pública mundial.

Catarata e opacificação do cristalino

A catarata é caracterizada pela perda gradual da transparência do cristalino, a lente natural do olho, resultando em diminuição progressiva da qualidade visual. Esta condição afeta principalmente pessoas acima de 60 anos, embora possa se desenvolver em qualquer idade devido a fatores genéticos, traumáticos ou metabólicos.

Evolução e tipos de catarata

A evolução da catarata geralmente é gradual e pode afetar uma ou mais camadas do cristalino, com diferentes padrões de opacificação e impacto visual.

  • Catarata nuclear: afeta o centro do cristalino, comum no envelhecimento
  • Catarata cortical: opacificação nas bordas do cristalino
  • Catarata subcapsular posterior: localizada na parte posterior
  • Catarata congênita: presente ao nascimento
  • Catarata traumática: resultado de lesões oculares

Cirurgias e resultados

A cirurgia de catarata é um dos procedimentos mais realizados mundialmente, com alta taxa de sucesso e recuperação rápida. A técnica mais moderna, chamada facoemulsificação, utiliza ultrassom para fragmentar o cristalino opacificado e substituí-lo por uma lente intraocular artificial, permitindo a recuperação da transparência e qualidade visual.

Com o desenvolvimento de lentes intraoculares premium, é possível não apenas restaurar a visão, mas também corrigir astigmatismo e presbiopia simultaneamente. A escolha da lente deve ser personalizada considerando o estilo de vida, necessidades visuais e expectativas do paciente.

Glaucoma e pressão intraocular

O glaucoma é uma neuropatia óptica progressiva caracterizada pela degeneração das células ganglionares da retina e seus axônios, geralmente associada ao aumento da pressão intraocular, podendo levar à perda irreversível do campo visual quando não tratada adequadamente.

Variações e manifestações clínicas

O glaucoma pode se manifestar de diferentes formas, sendo o tipo de ângulo aberto o mais comum em adultos.

  • Glaucoma primário de ângulo aberto: progressão lenta e silenciosa
  • Glaucoma de ângulo fechado: início súbito e sintomas agudos
  • Glaucoma congênito: presente ao nascimento
  • Glaucoma secundário: causado por outras condições oculares
  • Glaucoma de pressão normal: dano ao nervo com pressão normal

Controle e tratamentos atuais

O tratamento inicial do glaucoma geralmente envolve o uso de colírios hipotensores oculares, que atuam reduzindo a produção do humor aquoso ou aumentando sua drenagem. O acompanhamento regular com exames de campo visual e OCT é fundamental para monitorar a progressão da doença.

Em casos onde o tratamento clínico não é suficiente, procedimentos a laser como trabeculoplastia seletiva ou cirurgias filtrantes podem ser necessários. Novas técnicas cirúrgicas minimamente invasivas (MIGS) têm surgido como opções promissoras para casos selecionados.

Degeneração macular

A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma doença progressiva que afeta a mácula, região central da retina responsável pela visão detalhada e percepção de cores. É a principal causa de perda visual grave em pessoas acima de 50 anos em países desenvolvidos.

Formas seca e úmida

A DMRI apresenta-se em duas formas principais, com características e tratamentos distintos:

CaracterísticaForma SecaForma Úmida
ProgressãoLentaRápida
Prevalência85-90% dos casos10-15% dos casos
TratamentoSuplementação nutricionalAnti-VEGF intravítreo
PrognósticoPerda gradualPode ser controlada
ManifestaçãoAtrofia gradualVasos anormais

Doenças da córnea

As doenças da córnea constituem um grupo diversificado de condições que afetam a primeira e mais importante lente do sistema óptico ocular. Alterações na transparência, curvatura ou espessura corneana podem causar desde pequenos distúrbios visuais até perda severa da visão.

Ceratocone e deformações corneanas

O ceratocone é uma distrofia corneana progressiva, não inflamatória, caracterizada pelo afinamento e protrusão da córnea, resultando em astigmatismo irregular e distorção visual significativa. 

Geralmente se manifesta na adolescência ou início da vida adulta, podendo progredir até a terceira ou quarta década de vida.

Diagnóstico, progressão e tratamento

O diagnóstico do ceratocone é realizado através de exames específicos como topografia e tomografia corneana, que permitem mapear detalhadamente a superfície da córnea e acompanhar sua progressão. A detecção precoce é fundamental para iniciar o tratamento adequado e prevenir deformações graves.

O tratamento varia conforme o estágio da doença, incluindo adaptação de lentes de contato especiais, crosslinking do colágeno corneano para estabilizar a progressão, implante de anéis intracorneanos para regularizar a superfície.

Em casos avançados pode-se optar pelo transplante de córnea. O acompanhamento regular é essencial para ajustar o tratamento conforme a evolução.

Ceratite e inflamações

A ceratite é uma inflamação da córnea que pode ser causada por diversos agentes, resultando em dor, fotofobia, vermelhidão e potencial comprometimento da visão. Esta condição requer diagnóstico e tratamento imediatos para prevenir complicações graves.

Causas infecciosas e não infecciosas

A etiologia da ceratite é variada e o diagnóstico preciso é fundamental para o tratamento adequado.

  • Bacteriana: causada por diversos tipos de bactérias
  • Viral: principalmente por herpes simplex e zoster
  • Fúngica: mais comum em traumas com vegetais
  • Por Acantamoeba: associada ao uso de lentes de contato
  • Alérgica: relacionada a respostas imunológicas
  • Traumática: resultante de lesões mecânicas ou químicas

Manejo clínico e cirúrgico

O tratamento inicial da ceratite envolve a identificação do agente causador através de cultura e antibiograma quando possível, seguido pela administração de medicamentos específicos, geralmente na forma de colírios ou pomadas oftálmicas. O acompanhamento deve ser frequente nas primeiras semanas para avaliar a resposta ao tratamento.

Em casos graves ou resistentes ao tratamento clínico, pode ser necessária intervenção cirúrgica, como transplante de córnea terapêutico ou recobrimento conjuntival. A prevenção de sequelas e cicatrizes corneanas é fundamental para preservar a visão.

Distrofias corneanas

As distrofias corneanas são um grupo de doenças hereditárias, geralmente bilaterais e simétricas, caracterizadas por depósitos ou alterações na estrutura da córnea que podem afetar sua transparência e função. São condições progressivas que podem se manifestar em diferentes idades.

Tipos e manifestações

As distrofias corneanas são classificadas de acordo com a camada da córnea afetada e suas características clínicas específicas.

  • Distrofias do epitélio: mapa-ponto-impressão digital
  • Distrofias de Bowman: Reis-Bücklers e Thiel-Behnke
  • Distrofias estromais: lattice, granular e macular
  • Distrofias endoteliais: Fuchs e distrofia polimorfa posterior
  • Distrofias mistas: afetam múltiplas camadas

Doenças inflamatórias e infecciosas

As doenças inflamatórias e infecciosas dos olhos representam um grupo significativo de condições que podem afetar diferentes estruturas oculares, desde as pálpebras até as camadas mais internas do olho.

Estas condições podem variar de leves e autolimitadas a graves e potencialmente causadoras de danos permanentes à visão, exigindo diagnóstico preciso e tratamento adequado.

Conjuntivite em suas formas

A conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva, membrana transparente que reveste a parte anterior do olho e a superfície interna das pálpebras. Esta condição pode causar vermelhidão, secreção, desconforto ocular e sensação de corpo estranho, sendo uma das causas mais frequentes de consultas oftalmológicas em serviços de emergência.

Tipos e agentes causadores

A conjuntivite pode ter diferentes origens, sendo fundamental identificar o agente causador para estabelecer o tratamento adequado.

  • Viral: causada principalmente por adenovírus
  • Bacteriana: por Staphylococcus, Streptococcus e outros
  • Alérgica: reação a alérgenos ambientais
  • Irritativa: exposição a agentes químicos ou físicos
  • Autoimune: associada a doenças sistêmicas
  • Por lentes de contato: uso inadequado ou má higiene

Tratamentos específicos

O tratamento da conjuntivite varia conforme sua etiologia e deve ser prescrito por um oftalmologista após avaliação adequada.

  • Conjuntivite viral: tratamento suportivo com lágrimas artificiais e compressas frias (resolução espontânea em 7-14 dias)
  • Conjuntivite bacteriana: antibióticos tópicos específicos (colírios ou pomadas)
  • Conjuntivite alérgica: anti-histamínicos e estabilizadores de mastócitos (controle dos sintomas)
  • Conjuntivite irritativa: remoção do agente causal e lubrificantes (alívio sintomático)
  • Conjuntivite autoimune: imunossupressores tópicos ou sistêmicos (controle da doença de base)

Uveíte e inflamações internas

A uveíte é um processo inflamatório que afeta a úvea, camada vascular do olho composta pela íris, corpo ciliar e coroide. Esta condição pode ser aguda ou crônica, unilateral ou bilateral, e frequentemente está associada a doenças sistêmicas autoimunes ou infecciosas.

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico da uveíte requer uma avaliação detalhada que inclui história clínica completa, exame oftalmológico minucioso e, frequentemente, exames complementares sistêmicos. 

A localização anatômica da inflamação (anterior, intermediária, posterior ou panuveíte) é fundamental para direcionar a investigação etiológica.

A diferenciação entre causas infecciosas e não infecciosas é crucial para o tratamento adequado, podendo ser necessária a realização de exames sorológicos, radiológicos e, em alguns casos, biópsias para estabelecer o diagnóstico definitivo.

Abordagens terapêuticas

O tratamento da uveíte visa controlar a inflamação ocular e tratar a causa de base quando identificada. Em casos infecciosos, antimicrobianos específicos são prescritos, enquanto nas uveítes não infecciosas, corticosteroides tópicos, perioculares ou sistêmicos são a base do tratamento.

Para casos crônicos ou resistentes aos corticosteroides, imunossupressores como metotrexato, azatioprina ou agentes biológicos podem ser necessários. O acompanhamento regular é fundamental para ajustar o tratamento e monitorar possíveis complicações.

Blefarite e problemas palpebrais

A blefarite é uma inflamação crônica das pálpebras, frequentemente associada à disfunção das glândulas sebáceas (meibomianas), que pode causar desconforto ocular significativo, vermelhidão das bordas palpebrais e alterações na qualidade do filme lacrimal.

Manifestações agudas e crônicas

Na fase aguda, a blefarite manifesta-se com vermelhidão intensa, crostas nas pálpebras, prurido e sensação de queimação. A forma crônica caracteriza-se por inflamação persistente, telangiectasias nas margens palpebrais e alterações na produção do componente lipídico das lágrimas.

O quadro crônico pode se complicar com desenvolvimento de hordéolos, calázios, olho seco e até alterações corneanas em casos mais graves. A identificação do tipo de blefarite (anterior ou posterior) e fatores associados é fundamental para o tratamento adequado.

Cuidados e tratamentos

O tratamento da blefarite requer uma abordagem multifacetada, incluindo higiene palpebral rigorosa, compressas mornas e massagens nas pálpebras para desobstrução das glândulas meibomianas. 

Em casos mais graves, podem ser necessários antibióticos tópicos, corticosteroides de curta duração e terapia com tetraciclinas orais.

A manutenção dos cuidados de higiene e o controle de fatores predisponentes, como dermatite seborreica e rosácea, são essenciais para prevenir recorrências. O uso de suplementos com ômega-3 e modificações na dieta podem auxiliar no controle a longo prazo.

Doenças da retina

A retina, tecido neural especializado que reveste o fundo do olho, é responsável pela captação e processamento inicial dos estímulos visuais. 

As doenças que afetam esta estrutura podem ter consequências graves para a visão, desde pequenas alterações até a cegueira completa.

Retinopatia diabética

A retinopatia diabética é uma complicação microvascular do diabetes mellitus que afeta os vasos sanguíneos da retina, podendo causar desde alterações leves até danos graves à visão. É a principal causa de cegueira em adultos em idade produtiva nos países desenvolvidos.

Estágios e complicações

A progressão da retinopatia diabética segue um padrão característico, com manifestações e riscos específicos em cada fase.

EstágioCaracterísticasComplicações
Não proliferativa leveMicroaneurismasEdema localizado
Não proliferativa moderadaHemorragias intrarretinianasEdema difuso
Não proliferativa severaAlterações venosasIsquemia retiniana
ProliferativaNeovasosHemorragia vítrea/Descolamento

Controle e intervenções

O controle rigoroso da glicemia, pressão arterial e perfil lipídico é fundamental para prevenir o desenvolvimento e progressão da retinopatia diabética. O acompanhamento oftalmológico regular com exames de fundo de olho e, quando necessário, angiografia fluoresceínica e tomografia de coerência óptica, permite detectar alterações precoces.

O tratamento pode incluir fotocoagulação a laser, injeções intravítreas de anti-VEGF ou corticosteroides, e em casos mais avançados, cirurgia vitreorretiniana. A escolha da intervenção depende do estágio da doença, presença de complicações e resposta aos tratamentos prévios.

Descolamento de retina

O descolamento de retina é uma condição grave caracterizada pela separação da retina neurossensorial do epitélio pigmentado subjacente, podendo levar à perda visual permanente se não tratado rapidamente. 

Esta separação interrompe o suprimento nutricional da retina e compromete sua função.

Fatores de risco e prevenção

Os fatores de risco para descolamento de retina devem ser conhecidos e monitorados, especialmente em pacientes predispostos.

  • Alta miopia (>6 dioptrias)
  • História familiar de descolamento
  • Cirurgia prévia de catarata
  • Trauma ocular
  • Degenerações periféricas da retina
  • Diabetes melitus
  • Inflamações intraoculares

Procedimentos cirúrgicos

O tratamento do descolamento de retina é essencialmente cirúrgico e deve ser realizado com urgência. A escolha da técnica depende do tipo, localização e extensão do descolamento, podendo incluir retinopexia pneumática, introflexão escleral ou vitrectomia.

Em casos selecionados, pode ser realizado tratamento profilático com laser ou crioterapia em áreas de degeneração retiniana com risco de descolamento. O sucesso do tratamento está diretamente relacionado à precocidade da intervenção e à experiência da equipe cirúrgica.

Oclusões vasculares retinianas

As oclusões vasculares retinianas são emergências oftalmológicas caracterizadas pela interrupção do fluxo sanguíneo em artérias ou veias da retina, podendo resultar em perda visual significativa devido à isquemia retiniana.

Tipos e manifestações

A oclusão arterial retiniana geralmente se manifesta com perda visual súbita e profunda, sendo mais comum em pacientes com fatores de risco cardiovascular. A área afetada apresenta-se esbranquiçada devido à isquemia, e o prognóstico visual é geralmente reservado.

Já a oclusão venosa pode ser central ou de ramo, manifestando-se com perda visual variável e presença de hemorragias retinianas difusas ou setoriais. O edema macular é uma complicação frequente que pode comprometer significativamente a visão central.

Condições neuroftalmológicas

As condições neuroftalmológicas representam um grupo complexo de doenças que afetam as vias visuais, desde o nervo óptico até o córtex cerebral. Estas patologias frequentemente requerem uma abordagem multidisciplinar, envolvendo oftalmologistas e neurologistas.

Neurite óptica

A neurite óptica é uma inflamação do nervo óptico que pode ocorrer isoladamente ou como parte de doenças desmielinizantes como a esclerose múltipla. Caracteriza-se por perda visual aguda ou subaguda, geralmente unilateral, acompanhada de dor à movimentação ocular.

Tratamento e prognóstico

O tratamento padrão para neurite óptica aguda inclui corticosteroides em altas doses por via endovenosa, seguidos de corticoterapia oral em casos selecionados. O protocolo mais aceito segue as diretrizes do estudo ONTT (Optic Neuritis Treatment Trial).

O prognóstico visual é geralmente favorável, com recuperação significativa da visão em 90% dos casos nos primeiros meses, mesmo sem tratamento. Entretanto, o acompanhamento neurológico é fundamental devido à associação com esclerose múltipla.

Neuropatia óptica isquêmica

A neuropatia óptica isquêmica é caracterizada por lesão do nervo óptico devido à insuficiência circulatória, podendo ser anterior (NOIA) ou posterior (NOIP). É mais comum em pacientes idosos e pode estar associada a doenças vasculares sistêmicas.

Formas de apresentação

Existem diferentes formas de apresentação da neuropatia óptica isquêmica, cada uma com características específicas.

  • Arterítica: associada à arterite temporal
  • Não arterítica: mais comum, associada a fatores de risco vasculares
  • Perioperatória: após cirurgias de grande porte
  • Diabética: em pacientes com diabetes descontrolado
  • Traumática: após trauma orbitário ou craniano

Abordagens terapêuticas

O tratamento depende da etiologia, sendo fundamental iniciar corticoterapia imediata em casos arteríticos para prevenir perda visual no olho contralateral. Na forma não arterítica, o manejo foca no controle dos fatores de risco cardiovasculares e na prevenção de novos episódios.

Papiledema e suas causas

O papiledema é um edema bilateral do disco óptico causado por aumento da pressão intracraniana, podendo ser secundário a tumores cerebrais, hidrocefalias, trombose de seios venosos ou hipertensão intracraniana idiopática.

Diagnóstico e avaliação

A avaliação do papiledema requer uma abordagem sistemática e detalhada.

  • Exame de fundo de olho detalhado
  • Medida da pressão arterial
  • Neuroimagem (RM/TC)
  • Punção lombar com manometria
  • Campimetria visual computadorizada
  • OCT de disco óptico e camada de fibras nervosas

Manejo clínico

O tratamento do papiledema deve ser direcionado à causa de base, sendo fundamental o trabalho conjunto entre oftalmologistas e neurologistas. 

Em casos de hipertensão intracraniana idiopática, o tratamento pode incluir perda de peso, medicações para reduzir a produção de líquor e, em casos refratários, procedimentos cirúrgicos.

A monitorização regular da função visual e do aspecto do disco óptico é essencial para avaliar a resposta ao tratamento e prevenir perda visual permanente. Em alguns casos, pode ser necessária a descompressão cirúrgica emergencial para preservar a visão.