Proptose ocular e causas sistêmicas

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Quando os olhos parecem “saltados” para fora da órbita, é sinal de uma condição chamada proptose ocular. Exoftalmia significa a mesma coisa, e este termo é geralmente utilizado para descrever proptose decorrente da doença de Graves. 

Esse achado não é apenas estético e pode indicar doenças, especialmente de origens endócrinas e inflamatórias ou menos comumente tumores.  

Mas afinal, o que é a proptose? Quais são suas causas sistêmicas? Como é a avaliação oftalmológica nesses casos? Siga a leitura para entender melhor. 

O que é a proptose ocular?

A proptose ocular é o deslocamento anterior (para frente) do globo ocular em relação à órbita (cavidade óssea que abriga o olho). Dessa forma, o olho fica mais proeminente e as pálpebras podem não conseguir fechar completamente.

Esse deslocamento acontece por conta de um aumento do conteúdo dentro da órbita, que pode ocorrer por inflamações, tumores, sangramentos ou doenças que afetam músculos e tecidos ao redor do olho.

A proptose pode ser unilateral (afetando apenas um olho) ou bilateral (simétrica ou assimétrica) e varia de leve a acentuada.

Principais causas da proptose ocular

As causas podem ser locais – quando o problema está na própria órbita – ou sistêmicas – quando o distúrbio vem de outras partes do corpo e afeta os olhos secundariamente.

A seguir, destacamos as causas sistêmicas mais comuns, que exigem investigação médica e um acompanhamento multidisciplinar.

1. Doença de Graves 

Graves é a causa sistêmica mais comum de proptose ocular. Se trata de um distúrbio autoimune da tireoide que estimula a produção excessiva de hormônios, causando hipertireoidismo. Mas também há casos em que os anticorpos podem estar presentes enquanto os hormônios tireoideanos estão normais (eutireoideo).

Nela, o sistema imunológico também ataca os tecidos em volta dos olhos, levando a inflamação e aumento dos músculos que movimentam o olho e do tecido adiposo ao redor, empurrando os olhos para frente.

O tratamento consiste no controle do hipertireoidismo, uso de corticoides, colírios lubrificantes, anti-inflamatórios e, em casos mais severos, cirurgia descompressiva orbitária.

2. Outras doenças inflamatórias sistêmicas

Assim como a Doença de Graves, outras doenças autoimunes podem causar inflamação dos tecidos orbitários. Essas inflamações geram edema e infiltração de células imunes, empurrando o globo ocular para frente.

Alguns exemplos são: sarcoidose, lúpus eritematoso sistêmico e granulomatose de Wegener (granulomatose com poliangiite) e doença por IgG4 (imunoglobulina G4).

O tratamento é feito com corticoterapia e imunossupressores, pelo oftalmologista em conjunto com o reumatologista.

3. Tumores sistêmicos com metástase orbital

Alguns cânceres de outras partes do corpo (ex: mama, pulmão e rim), podem enviar metástases para a órbita. Essas lesões ocupam espaço e deslocam o olho, causando uma proptose geralmente unilateral e rapidamente progressiva.

O diagnóstico é feito por tomografia computadorizada ou ressonância magnética, e o tratamento depende do tipo de tumor, podendo incluir cirurgia, radioterapia ou quimioterapia.

4. Doenças hematológicas e vasculares

Algumas condições que alteram o fluxo sanguíneo ou provocam acúmulo de sangue dentro da órbita também levam à proptose.

Alguns exemplos disso são hemorragia orbitaria pós-trauma, trombose de seio cavernoso, leucemias, linfomas e malformações arteriovenosas. 

Essas causas costumam gerar proptose aguda, associada a dor intensa, edema e, às vezes, perda visual súbita. Requerem atenção médica imediata. 

Quando procurar um oftalmologista

Caso note olhos mais saltados do que o normal, busque ajuda médica quando for possível. 

Mas se apresentar sinais de alerta abaixo, busque ajuda médica imediatamente.

Sinais de alerta: alterações visuais, visão dupla, dor ocular, dor de cabeça, febre ou pulsação dos olhos.

Durante a consulta, o médico fará algumas perguntas:

  1. Há quanto tempo os olhos estão salientes?
  2. Sentiu ambos os olhos salientes?
  3. Parece estar piorando com o tempo? 
  4. Tem outros sintomas, como secura, maior produção de lágrimas, visão dupla, perda de visão, irritação ou dor? 
  5. Tem sintomas de hipertireodismo? Como incapacidade de tolerar calor, aumento de sudorese, tremores involuntários, ansiedade, aumento de apetite, diarreia, palpitações e perda de peso.

Diagnóstico da proptose ocular

Após a anamnese (entrevista), o médico fará a medida do grau de proptose (exoftalmometria), avaliará a motilidade ocular, inspecionará as suas pálpebras e sua membrana conjuntiva e solicitará os exames laboratoriais e de imagem necessários para um diagnóstico preciso. Em alguns casos, é necessária biópsia orbital para confirmar a causa.

Tratamento

O tratamento da proptose ocular sempre depende da causa subjacente.

No caso da Doença de Graves, o tratamento envolve corticoides e controle hormonal dos hormônios tireoideanos. Já se for uma infecção, são administrados antibióticos. Tumores demandam um abordagem oncológica específica e causas hemorrágicas pode ser observadas ou requererem intervenção cirúrgica, conforme o caso.

Em todos esses cenários, o uso de colírios lubrificantes e o acompanhamento com um oftalmologista são essenciais para proteger a córnea e manter a visão. 

Conclusão

A proptose ocular é um sinal importante que pode indicar doenças sistêmicas sérias, especialmente da tireoide ou do sistema imunológico.

A doença de Graves é a causa mais comum dos olhos salientes em adultos.

A protrusão de um olho é mais preocupante que a protrusão de ambos os olhos.

Reconhecer precocemente os sintomas e buscar avaliação oftalmológica permite diagnóstico rápido e tratamento adequado, evitando danos irreversíveis à visão.

 

OBS: Este artigo tem fins informativos e não substitui a consulta com um profissional de saúde. Consulte seu oftalmologista para obter orientação personalizada sobre sua saúde ocular.

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