Toxina Botulínica na Oftalmologia: Usos Além da Estética

A toxina botulínica, mais conhecida como “Botox” (nome comercial), é muito usada no mundo da cosmiatria e estética para atenuação de rugas e das marcas de expressão.

Para Oftalmologistas

Você já ouviu falar da toxina botulínica?

A toxina botulínica, mais conhecida como “Botox” (nome comercial), é muito usada no mundo da cosmiatria e estética para atenuação de rugas e das marcas de expressão.

Muita gente não sabe, mas a toxina botulínica pode ter usos além da estética.

Inclusive, os primeiros testes com a toxina foram feitos nos anos 80 pelo médico americano Alan Scott na área da oftalmologia, antes mesmo do seu uso estético.

Como a toxina botulínica funciona?

A toxina botulínica é uma neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum.

Ela age bloqueando a ação da acetilcolina, o neurotransmissor responsável por transmitir sinais elétricos entre os nervos e os músculos, resultando em uma paralisia temporária da musculatura, que fica impedida de se contrair.

O efeito da toxina começa a se manifestar cerca de 3 dias após a aplicação, atingindo seu o pico de ação após 15 dias e durando em torno de 4 a 6 meses.

Por ser um medicamento biológico, deve ser seguido um intervalo mínimo de 3 meses entre cada aplicação para evitar que se devolva resistência à toxina.

Aplicações na oftalmologia

Veja a seguir algumas das aplicações da toxina botulínica para os olhos e seus anexos:

  1. Correção do estrabismo

Estrabismo é uma condição em que os olhos não estão devidamente alinhados.

A toxina pode ser injetada diretamente no músculo que desalinha os olhos

  1. Blefaroespasmo

Blefaroespasmos são contrações involuntárias das pálpebras, causando tremores e piscadas excessivas.

A toxina pode bloquear essas contrações e aliviar os sintomas.

  1. Síndrome do Olho Seco

Em alguns casos de síndrome do olho seco, os pacientes produzem lágrimas em excesso como uma resposta compensatória à secura ocular.

A toxina botulínica pode ser usada para reduzir a produção de lágrimas, proporcionando alívio aos sintomas

  1. Entrópio

Ocorre quando a pálpebra se dobra para dentro, de forma que os cílios entrem em contato com o globo ocular e causem danos à córnea, além de bastante desconforto.

Nesse caso, aplica-se a toxina no músculo orbicular para minimizar a sua contração e estabilizar melhor as pálpebras.

  1. Retração palpebral

Uma condição comum na orbitopatia de Graves em que a pálpebra superior se retrai anormalmente, expondo uma porção excessiva da córnea.

Ao ser injetada nos músculos responsáveis pela elevação da pálpebra, a toxina pode ajudar a aliviar a tensão excessiva e permitir uma posição mais natural da pálpebra.

Benefícios

A aplicação da toxina botulínica é uma alternativa menos invasiva e mais segura em comparação com procedimentos cirúrgicos convencionais.

Potenciais complicações

Os efeitos colaterais mais comuns da toxina botulínica incluem vermelhidão, inchaço e hematomas no local da injeção.

Mas existem mais algumas complicações raras que devem ser consideradas:

  • Visão turva temporária: ocorre devido à difusão da toxina para os músculos ao redor do olho.
  • Ptose palpebral: queda temporária da pálpebra superior devido à paralisia do músculo levantador da pálpebra.
  • Diminuição da produção de lágrimas: em alguns casos pode reduzir a produção lacrimal, o que pode piorar os sintomas de olho seco.

No geral, essas complicações são leves e temporárias, uma vez que o tempo de ação da toxina é limitado e dura apenas alguns meses.

É importante discutir todos os riscos e benefícios com seu oftalmologista antes de iniciar qualquer tratamento com toxina botulínica.

Conclusão

Em resumo, a toxina botulínica tem se mostrado uma ferramenta valiosa tanto na estética como na oftalmologia e diversas outras áreas da medicina.

Lembrando que o uso de toxina botulínica para tratamento médico, quando na área dos olhos, deve ser indicado e realizado sempre pelo médico oftalmologista.

Oftamologista
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Sou paraense, formada em Medicina pela UFPA. Realizei residência em Oftalmologia na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, onde também concluí pós-graduações em Plástica Ocular, Vias Lacrimais, Órbita e Neuro-oftalmologia. Permaneço na instituição como supervisora até hoje. Atualmente, moro em São José dos Campos e atuo profissionalmente tanto na região quanto em São Paulo.
Sou paraense, formada em Medicina pela UFPA. Realizei residência em Oftalmologia na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, onde também concluí pós-graduações em Plástica Ocular, Vias Lacrimais, Órbita e Neuro-oftalmologia. Permaneço na instituição como supervisora até hoje. Atualmente, moro em São José dos Campos e atuo profissionalmente tanto na região quanto em São Paulo.
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