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Crosslinking corneano: Conheça melhor esse procedimento

Crosslinking corneano: Conheça melhor esse procedimento
Descubra como o crosslinking corneano combate o ceratocone, desde o protocolo de Dresden até inovações recentes. Previna a progressão da doença.
Sumário

O crosslinking corneano é um procedimento cirúrgico que visa tratar ectasias corneanas,
especialmente o ceratocone. Esse procedimento visa, sobretudo, interromper a
progressão da doença.
Atualmente, está bem estabelecido que o ceratocone apresenta dois objetivos de
tratamento que ocorrem concomitantemente. São eles: atuar na progressão da doença; e
melhorar a visão do paciente. A técnica de crosslinking age exatamente no primeiro
objetivo, sendo que os resultados desse procedimento, quando bem indicados, diminuem
consideravelmente a chance de um eventual transplante de córnea.
É importante ressaltar que o crosslinking é apenas uma das medidas que controlam a
progressão da doença. Outras medidas que devem ser tomadas para esse fim incluem:
parar de coçar os olhos e controlar possíveis alergias que aumentem esse estímulo.

Como é realizado?

Existem diversas maneiras de realizar o procedimento. Hoje, há vários estudos que
propõem diferentes técnicas com resultados muito promissores. Entretanto, vamos
explicar a seguir a técnica clássica e, portanto, a mais estabelecida, que é o protocolo de
Dresden.
Esse protocolo é composto por cinco etapas e sua duração vai depender da última etapa
cirúrgica, que classicamente dura em torno de 30 minutos.

  1. Anestesia: Colírios anestésicos e, em alguns casos, outros medicamentos serão aplicados para evitar desconforto durante o procedimento e potencializar a experiência do paciente.
  2. Deseptelização: Através de técnicas específicas, o epitélio corneano é localmente removido. Esse passo cirúrgico é denominado de deseptelização.
  3. Soaking: Nesse momento, é aplicado sobre a córnea deseptelizada um substrato, que classicamente é a riboflavina 0,1% (vitamina B12).
  4. Aplicação de Ultravioleta: é aplicada ao conjunto substrato + córnea deseptelizada uma luz ultravioleta de 370nm, classicamente, com uma potência de 3mW/cm² por 30minutos. Esse processo estabelece ligações covalentes entre as fibras de colágeno no estroma corneano, fortalecendo-o e impedindo a progressão do ceratocone.
  5. Lente de Contato: após a aplicação da luz ultravioleta, uma lente de contato terapêutica é colocada para atuar como um curativo enquanto o epitélio se regenera.


Protocolos mais recentes discutem a hipótese de excluir a segunda etapa cirúrgica,
técnica essa denominada de EPI-ON. Além disso, a duração e potência com que a luz
ultravioleta incide sobre a córnea também estão sendo testadas, trazendo resultados
muito promissores para o tratamento do ceratocone.

Indicações

É importante destacar que o crosslinking corneano é um tratamento apenas para aqueles
com ceratocone em progressão e que não apresentam nenhuma contraindicação.
Para avaliar a progressão do ceratocone, é necessário que o paciente realize o exame de
topografia corneana e paquimetria (medida da espessura da córnea). Sendo assim, a
progressão é classicamente definida caso haja um desses critérios a seguir: (1) aumento
de 1 dioptria na medida da curvatura corneana mais curva em 1 ano; (2) aumento do
astigmatismo refracional em uma dioptria em 1 ano; (3) diminuição da paquimetria em 5%
em 1 ano.

Contraindicações

Classicamente, o procedimento é contraindicado em pacientes com espessura corneana
menor que 400nm, pessoas grávidas ou em período de amamentação, pacientes com
opacidades corneanas importantes e, por fim, em pacientes que já apresentaram episódio
de herpes ocular.

Complicações

Assim como qualquer outro procedimento, o crosslinking apresenta riscos e
complicações. Entre eles, podemos citar: formação de opacidades corneanas, infecções e
lesões profundas de tecidos. É verdade que com o aparato tecnológico de diagnóstico e
de tratamento, as taxas de complicações são mínimas. Entretanto, os cuidadosmencionados acima devem ser seguidos à risca, e quaisquer dúvidas e sintomas após o
procedimento devem ser discutidos com seu oftalmologista.

Recomendações pós-operatórias

O crosslinking corneano é uma técnica relativamente simples e que não requer maiores
precauções pós-operatórias. Até a retirada da lente terapêutica, aproximadamente 7 dias,
os pacientes podem sentir certo desconforto que pode ser controlado com a
administração de analgésicos comuns. A recuperação do embaçamento visual ocorre
gradualmente e, geralmente, é completa após 1 semana.
Além disso, o oftalmologista prescreverá colírios que visam diminuir a inflamação e evitar
a possibilidade de infecções bacterianas. Dessa forma, o uso desses medicamentos deve
ser seguido à risca conforme as indicações do seu oftalmologista.
Atividades cotidianas não precisam ser interrompidas, apenas atividades físicas
extenuantes devem ser evitadas por pelo menos 1 semana. Durante o banho, você pode
lavar o rosto e deixar a água escorrer no local operado, mas sempre mantendo os olhos
fechados.

Conclusão

O crosslinking corneano é uma técnica que visa impedir a progressão do ceratocone.
Essa cirurgia é bastante simples e utiliza um substrato específico associado ao emprego
de uma luz ultravioleta sobre a córnea tratada a fim de estabelecer ligações covalentes
entre as fibras de colágeno do estroma corneano e, dessa forma, impedir a progressão da
doença. Há diversas técnicas que estão sendo estudadas e os resultados são
promissores. Além disso, medidas comportamentais como evitar o hábito de coçar os
olhos e controlar possíveis alergias oculares devem ser incentivadas.

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