Retinopatia da Prematuridade: Uma Ameaça à Visão dos Bebês Prematuros

A Retinopatia da Prematuridade (ROP) é uma doença que afeta os olhos de prematuros
nascidos antes de 32 semanas de gestação ou com peso inferior a 1.500 gramas. A
doença ocorre pois os vasos sanguíneos da retina completam seu desenvolvimento
apenas a partir da 40ª semana. Quando o prematuro nasce, o aumento repentino de
oxigênio em contraste com o ambiente intra-uterino, combinado com a imaturidade dos
vasos sanguíneos da retina, desencadeia uma proliferação vascular anormal e
descontrolada. Essa proliferação, conhecida como Retinopatia da Prematuridade, pode
levar a graves consequências para a visão da criança caso não seja diagnosticada e
tratada adequadamente.

Fatores de Risco

Principais

  • Baixo peso ao nascer: Peso inferior a 1500 gramas.
  • Pré-termo: Parto com idade gestacional inferior 30 semanas. Quanto menor a
  • idade gestacional maior o risco de ROP.
  • Oxigenação: Exposição à altos níveis de oxigênio ou flutuações na oxigenação.
  • Crescimento pós-natal deficiente: Crescimento lentificado após o nascimento.

Outros

  • Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR): Bebês com SDR necessitam de ventilação mecânica, o que pode ser um fator de risco para ROP.
  • Displasia broncopulmonar: Fator de risco para progressão da ROP.
  • Lesões no sistema nervoso central (SNC): Fator de risco para progressão
  • Baixos níveis plasmáticos de IGF-1.
  • Hiperglicemia: Prematuros com níveis elevados de glicose (açúcar) no sangue apresentam maior risco de ROP.
  • Anemia.
  • Proteinúria: Devido à ligação entre o desenvolvimento vascular da retina e a função renal, a presença de proteína na urina pode ser um fator de risco potencial.
  • Baixos níveis plasmáticos de IGF-1.
  • Sepse: Infecção generalizada
  • Transfusões sanguíneas
  • Gemelar

Estágios da ROP

A ROP é classificada em cinco estágios, de acordo com a gravidade da doença:
0: Vascularização incompleta da retina.

1: Presença de linha plana que demarca nitidamente a área de retina vascularizara da
retina não vascularizada.
2: Semelhante ao estágio 1 porém a linha apresenta relevo e projeção ao vítreo (gel que
preenche o olho)
3: Caracterizado pela neovascularização de retina
4: Presença de descolamento de retina.
4A: Periférico
4B: Foveal (Descolamento da parte mais importante da retina)
5: Descolamento total da retina.

Complicações

Até 20% dos pacientes acometidos por ROP desenvolverão alguma sequela. Entre elas
podemos citar:

  • Alta miopia e anisometropia
  • Ambliopia
  • Opacificação do vítreo
  • Ectopia da fóvea com pseudoestrabismo
  • Descolamento de retina
  • Glaucoma
  • Catarata

Diagnóstico

O diagnostico e rastreio é realizado com o exame de mapeamento de retina sob dilatação
e com o auxilio de depressor escleral. O exame é mandatório em recém-nascidos com
idade gestacional inferior a 30 semanas e peso de nascimento menor que 1500g. O
rastreio inicia após a quarta semana de vida e as reavaliações devem ser realizadas com
frequência individualizada

Tratamento


O tratamento da ROP depende da gravidade e do estágio da doença. As opções de
tratamento incluem:

  • Observação: Em casos leves de ROP, o médico pode optar por tratamento conservador com exames periódicos de monitorização de progressão.
  • Fotocoagulação a laser: O laser é utilizado para destruir os vasos sanguíneos anormais da retina.
  • Injeção de Anti-VEGF: Injeção intravítrea de medicamento capaz de reduzir o crescimento dos vasos sanguíneos anormais da retina.
  • Vitrectomia: Cirurgia ocular para tratamento de complicações como o descolamento de retina.

Conclusão


A Retinopatia da Prematuridade (ROP) é uma doença complexa que pode ter graves
consequências à visão dos recém-nascidos prematuros. Apesar dos avanços no
diagnóstico e tratamento, a ROP ainda é uma das principais causas de cegueira infantil
no mundo.
A avaliação dos recém-nascidos predispostos com o mapeamento de retina e prevenção
de fatores de risco neonatais e maternos é essencial para diminuir a incidência dessa
doença. O tratamento inclui injeção intravítrea, fotocoagulação e em casos mais graves
pode ser necessário cirurgia de vitrectomia.

Fonte:
Retina e vítreo / Conselho Brasileiro de Oftalmologia; coordenador Milton Ruiz
Alves; editores Marcos Ávila, Jacó Lavinsky, Carlos Augusto Moreira Junior. – 4.ed.
Rio de Janeiro : Cultura Médica, 2016.
Retinopathy of Prematurity. American Academy of Ophthalmology,
EyeWiki. https://eyewiki.org/Retinopathy_of_Prematurity. Accessed February 24, 2024.