Última atualização em 10 de fevereiro de 2024 por
A startup israelense CorNeat Vision, desenvolveu em 2021 uma córnea sintética denominada Kpro, que foi transplantada em um paciente. Logo após a cirurgia, o homem de 78 anos conseguiu reconhecer seus familiares e ler um texto, impressionando a todos apenas um dia após o procedimento.
O conceito de uma córnea artificial não é novo e já tem mais de 200 anos. A busca por uma solução para substituir ou reparar a córnea danificada tem sido uma área importante de pesquisa e desenvolvimento desde então. As tentativas de alternativas para pessoas que perderam total ou parcialmente a visão datam de meados do século XIX, com vários cientistas e oftalmologistas propondo diferentes abordagens ao longo do tempo. Desde então, o progresso tem sido gradual, com avanços significativos nas últimas décadas, graças ao avanço tecnológico e à ciência médica.
Um artigo publicado pela American Academy of Ophthalmology diz que, em 2010, foram realizados 1.188 transplantes de córnea, número 227% maior que o registrado apenas oito anos antes. Desde então, o número de procedimentos realizados em todo o mundo ultrapassou a marca de 4.500. Essa evolução demonstra o crescente interesse e a adoção da técnica, refletindo sua importância e aceitação como uma opção de tratamento eficaz em diversas condições médicas.
Kpro: esperança para quem tem pressa
A cirurgia de transplante aconteceu, em 2021, no Rabin Medical Center, em Israel. O paciente teve sua visão restaurada após uma década convivendo com uma córnea deformada.
A Kpro, córnea artificial, integra-se à parede ocular, estimula a multiplicação celular e não depende de doação de tecido humano. Sua implantação é teoricamente mais simples que o transplante de córnea humana, facilitando a cicatrização do implante com o globo ocular. Ao ser implantado, ele se integra com o tecido vivo e estimula a “proliferação celular” na superfície do olho.
O Dr. Gilad Litvin, inventor do dispositivo, disse em entrevista a Israel Hayom que a operação era “relativamente simples” e durou menos de uma hora. O professor Irit Bahar, chefe de oftalmologia do Rabin Medical Center, completou que o resultado superou todas as expectativas. “Com certeza, a tecnologia era a chave para virar a maré contra a cegueira global. Foi emocionante estar na vanguarda deste projeto que sem dúvida impactará milhões de vidas”.
As córneas artificiais ainda não atingiram a reprodutibilidade e acessibilidade das córneas humanas, mas o campo é promissor. Atualmente, transplantes de córnea são procedimentos comuns, mas necessitam de doadores e a demanda é alta. Segundo uma matéria publicada na Agência Brasil, a fila de espera por um transplante de córnea no Brasil praticamente dobrou ao longo dos últimos cinco anos, passando de 12.212 em 2019 para 23.946 atualmente, de acordo com os dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
O tempo de espera por um transplante de córnea, segundo o CBO, é de 13,2 meses, em média. O índice, entretanto, varia de acordo com o estado. Para o CBO, o volume de transplantes e a rapidez no atendimento das demandas está diretamente vinculada à existência de uma rede ativa de captação de córneas em cada localidade.