A retinopatia diabética (RD) é uma complicação que afeta a retina, resultado direto de um mau controle do diabetes. Ela pode se manifestar de diversas formas, desde microaneurismas e pequenas hemorragias até o surgimento de novos vasos sanguíneos anormais nos casos mais graves.
Entre os fatores que aumentam o risco de desenvolver ou agravar a retinopatia diabética, está a diabetes na gravidez.
Diabetes na gravidez como fator de risco para retinopatia diabética
A gestação, por si só, é considerada um fator de risco independente para a piora da RD. Pesquisas mostram que a progressão da doença pode ocorrer até duas vezes mais rápido em mulheres grávidas em comparação às não gestantes.
Por isso, entender essa relação é fundamental para garantir uma gestação mais tranquila e com menos riscos para a visão.
Fatores de risco para progressão da retinopatia diabética durante a gravidez
Estudos apontam que o tempo de diagnóstico do diabetes é um fator determinante: quanto mais anos de doença, maior a probabilidade de progressão da RD durante a gestação. Por isso, mulheres com DM1 têm risco maior de agravamento do quadro do que aquelas com DM2.
A prevalência de RD durante a gestação é de aproximadamente 14% em DM2 e de 34 a 72% em DM1. No entanto, apenas a duração da doença não determina sozinha o risco.
Em um estudo de coorte bem controlado, 71% das mulheres com mais de 20 anos de diagnóstico de DM e HbA1c <6,6% não apresentaram progressão significativa da RD durante a gestação, o que reforça a importância do bom controle glicêmico.
Outro ponto de atenção é a forma como a glicemia é controlada: quedas muito rápidas nos níveis de glicose, em busca de normalidade, também podem acelerar a progressão da RD.
Por isso, a recomendação é que o ajuste glicêmico seja feito de forma gradual, preferencialmente antes da concepção.
Além disso, fatores como hipertensão, idade de início do diabetes, gravidade da retinopatia no início da gestação e presença de edema macular também aumentam o risco de complicações.
Como acompanhar a diabetes na gravidez
O acompanhamento adequado é essencial para prevenir a progressão da doença ocular. Veja como funciona:
Diabetes gestacional x diabetes pré-existente
É importante diferenciar o diabetes mellitus gestacional (DMG) do diabetes pré-existente.
O DMG é caracterizado por intolerância à glicose que surge durante a gestação e, por não ter tempo de evolução, geralmente não está associado ao risco de RD.
Já nas gestantes com diabetes pré-existente, o acompanhamento deve ser rigoroso.
Recomendações antes da gestação
- Fazer exame oftalmológico completo, com registro e classificação da retinopatia diabética antes, durante e até 12 meses após a gestação.
- Suspender estatinas e inibidores da enzima conversora de angiotensina antes da concepção ou na primeira consulta pré-natal.
- Manter HbA1c o mais próximo possível do normal.
- Reduzir glicemia de forma gradual, especialmente em casos de RDNP severa ou RDP.
- Tratar e estabilizar a retinopatia antes de tentar engravidar.
- Planejar contracepção em caso de necessidade de tratamento com anti-VEGF ou triancinolona.
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Recomendações durante a gestação
- Realizar exame de retina já no primeiro pré-natal, com retinografia para registro.
- Repetir exame às 28 semanas, se o inicial for normal.
- Se houver RD, reavaliar entre 16 e 20 semanas.
- Monitorar mensalmente gestantes com RDNP moderada/severa ou RDP.
- Considerar tratamento com laser para casos de RDNP muito severa, RDP de alto risco ou EMC envolvendo a fóvea.
- Evitar uso de anti-VEGF na gestação devido ao risco de teratogenicidade.
Recomendações após o parto
- Fazer exame de retina dilatada 1 a 2 meses após o parto para mulheres com RDNP leve, moderada ou severa ou EMC.
- Manter acompanhamento por 1 ano, com intervalos ajustados conforme a gravidade da RD.
Faça acompanhamento com seu médico
O controle do diabetes na gestação exige atenção especial, e a saúde dos olhos deve fazer parte desse cuidado. A retinopatia diabética pode evoluir mais rápido nesse período, mas, com acompanhamento multidisciplinar, é possível reduzir riscos e manter a visão protegida.
Antes de engravidar, o ideal é estabilizar a glicemia e tratar qualquer forma de retinopatia já existente. Durante a gestação, o acompanhamento oftalmológico deve ser regular, especialmente para quem tem RD moderada ou grave.
Após o parto, o monitoramento deve continuar por pelo menos 6 a 12 meses, já que o risco de progressão ainda é maior nesse período.
Por fim, é importante que cada mulher diabética conte com o suporte de uma equipe integrada – endocrinologista, obstetra e oftalmologista – para garantir um pré-natal seguro, cuidar da visão e promover o bem-estar da mãe e do bebê.
