Estrabismo é uma condição oftalmológica caracterizada pelo desalinhamento dos olhos, onde os eixos visuais não estão paralelos.
Isso pode resultar em um olho apontando diretamente para o objeto de interesse enquanto o outro olho se desvia para uma direção diferente.
O estrabismo pode afetar substancialmente a visão e a qualidade de vida e a cirurgia de estrabismo oferece uma solução eficaz.
Neste artigo, abordaremos tudo sobre o procedimento e a recuperação, esclarecendo dúvidas comuns e desmistificando mitos associados a essa cirurgia.
Introdução a cirurgia de estrabismo
A cirurgia de estrabismo corrige o desalinhamento ocular através do ajuste dos músculos que controlam o movimento dos olhos (músculos extraoculares).
Essa intervenção visa melhorar a simetria ocular, oferecendo uma visão binocular adequada e uma melhor aparência estética.
Tipos de estrabismo
Existem diversos tipos de estrabismo que podem necessitar de intervenção cirúrgica, incluindo:
- Esotropia/ endotropia (estrabismo convergente) – ambos os olhos se voltam para dentro.
- Exotropia (estrabismo divergente) – ambos os olhos se desviam para fora.
- Hipertropia – um olho está fixo em um ponto, enquanto o outro se posiciona para cima.
- Hipotropia – um olho está fixo em um ponto, enquanto o outro se posiciona para baixo.
- Ciclotropia – um olho fixa em um ponto, enquanto o outro gira em torno do eixo visual
Cada tipo possui suas especificidades, e o tratamento cirúrgico é adaptado às necessidades do paciente.
Fonte da imagem: https://www.hospitaldecruzilia.com.br/site/index.php/noticias/todas-as-noticias/641-saiba-como-identificar-e-tratar-o-estrabismo
Quando a cirurgia de estrabismo é recomendada?
A decisão de operar sempre deve levar em conta alguns fatores. A idade, a frequência dos desvios, o erro refrativo e a resposta aos tratamentos não cirúrgicos são os fatores mais relevantes nessa tomada de decisão.
Os tratamentos conservadores (não cirúrgicos) são: óculos, lentes de contato, prismas, exercícios de vergência, injeção de toxina botulínica e oclusão (quando há ambliopia/ olho preguiçoso).
Logo, a cirurgia de estrabismo é recomendada quando há desvios constantes ou frequentes que não respondem a tratamentos conservadores ou quando há implicações sensoriais ou psicossociais significativas.
Preparação para a cirurgia de estrabismo
A preparação para uma cirurgia de estrabismo envolve várias etapas importantes para garantir a segurança e o sucesso do procedimento.
Antes da cirurgia, o paciente passará por uma avaliação completa com um oftalmologista. Em caso de fatores de riscos, pode ser necessária uma avaliação pré-anestésica com um médico anestesiologista.
Esta preparação pode incluir exames de visão detalhados e um aconselhamento pré-operatório que discutirá realisticamente os objetivos, os benefícios e os potenciais riscos associados à cirurgia e à anestesia.
Como a cirurgia de estrabismo é realizada?
Durante o tempo cirúrgico, o paciente fica sob anestesia geral e o cirurgião oftalmológico faz pequenas incisões na conjuntiva, a fina membrana que cobre a esclera (o “branco do olho”), para acessar os músculos que circundam os olhos.
O cirurgião então ajusta a posição ou o comprimento desses músculos extraoculares para corrigir o alinhamento entre os olhos.
Fonte: https://images.app.goo.gl/hJHFLBhKNF6tThrX7
Após o procedimento, podem ser administrados alguns medicamentos para controlar a dor (analgésicos), náuseas e vômitos (anti-eméticos).
Técnicas cirúrgicas para correção do estrabismo
Duas técnicas principais são utilizadas na cirurgia de estrabismo e a escolha da técnica depende da direção e do grau do desalinhamento. As técnicas principais são:
- Ressecção – encurtar um músculo para fortalecer seu efeito.
- Recuo – reposicionar o músculo para trás para enfraquecer seu efeito.
Recuperação pós-cirúrgica do estrabismo
A recuperação da cirurgia de estrabismo varia, mas muitos pacientes retomam atividades normais em poucos dias.
Resultados esperados
- Melhora da visão binocular
- Eliminação da visão dupla (diplopia)
- Benefícios estéticos
- Aumento da autoestima
- Melhora da qualidade de vida
Riscos e complicações da cirurgia de estrabismo
Como qualquer cirurgia que tenha riscos, a de estrabismo não é diferente.
É importante mencionar que o procedimento cirúrgico possui algumas potenciais complicações.
- Complicações leves: desconforto ocular, vermelhidão e visão turva.
- Complicações moderadas: infecções leves, náusea e vômitos pós-operatório.
- Complicações graves: infecção grave, perfuração do globo ocular, perda do músculo e diplopia.
Felizmente, as complicações leves/ moderadas se restringem ao período pós-operatório imediato se resolvendo com o tempo e as complicações sérias são raras.
A maioria dos pacientes experimentam melhoras substanciais com a cirurgia. Quando bem indicada, os benefícios superam os riscos.
Cuidados pós-operatórios para cirurgia de estrabismo
Após a cirurgia, é crucial seguir as orientações médicas, como:
- Analgésicos para controle da dor
- Antieméticos para náusea e vômitos
- Antibióticos para prevenir infecções
- Manter uma dieta leve nas primeiras 24 horas
- Evitar atividades extenuantes nas primeiras semanas
- Manter consultas de acompanhamento para monitoramento da recuperação
Cirurgia de estrabismo em crianças
Em crianças, a intervenção cirúrgica precoce (antes dos 2 anos de idade) pode aumentar as chances de binocularidade e diminuir o risco de desenvolver desvios verticais dissociados.
A cirurgia precoce também pode melhorar a capacidade de perceber profundidade (estereopsia) e a função visual cerebral.
Terapia visual + cirurgia de estrabismo
A terapia visual frequentemente complementa a cirurgia, especialmente em casos complexos. Ela ajuda a melhorar a coordenação muscular e a visão binocular, garantindo resultados mais duradouros.
Conclusão
A cirurgia de estrabismo é uma opção segura e eficaz para corrigir o desalinhamento ocular, melhorando tanto a função visual quanto a estética.
ATENÇÃO: Este artigo tem fins informativos e não substitui a consulta com um profissional de saúde. Consulte seu oftalmologista para obter orientação personalizada sobre sua saúde ocular.
Referências bibliográficas
New Strabismus Surgical Techniques. Ludwig IH, Clark RA, Stager DR. Journal of AAPOS : The Official Publication of the American Association for Pediatric Ophthalmology and Strabismus. 2013;17(1):79-88. doi:10.1016/j.jaapos.2012.09.019.
Severe Complications of Strabismus Surgery. Bradbury JA, Taylor RH. Journal of AAPOS : The Official Publication of the American Association for Pediatric Ophthalmology and Strabismus. 2013;17(1):59-63. doi:10.1016/j.jaapos.2012.10.016.
What Information Can We Give to the Patient About the Risks of Strabismus Surgery. Bradbury JA. Eye (London, England). 2015;29(2):252-7. doi:10.1038/eye.2014.316.
Infection Following Strabismus Surgery. Schnall BM, Feingold A.Current Opinion in Ophthalmology. 2018;29(5):407-411. doi:10.1097/ICU.0000000000000507.
