Seu filho foi diagnosticado com ambliopia? Entenda do que se trata!

Já ouviu falar sobre ambliopia ou “olho preguiçoso”? Conhece alguém que teve esse diagnóstico e quer saber mais sobre opções de tratamento e prevenção? Sabe quais os principais sintomas associado a esse quadro? Leia esse artigo para saber mais informações sobre esse assunto. 

Afinal, o que é ambliopia? 

A ambliopia, popularmente conhecida como “olho preguiçoso”, é a alteração oftalmológica que ocorre quando a visão se encontra reduzida por um mecanismo central, ou seja, o cérebro “não aprendeu a enxergar”. Este quadro pode acometer apenas um olho, sendo chamado de ambliopia unilateral, ou ambos os olhos, sendo denominada ambliopia bilateral. A ambliopia é diagnosticada durante a consulta oftalmológica na qual o médico, através de exame subjetivo de medida de acuidade visual, percebe que a visão do olho ambliope é reduzida em pelo menos duas linhas da tabela de optotipos, quando comparada a do olho contralateral. Se diagnosticada de forma precoce, pode ter tratamento, a depender da causa. De forma geral, a ambliopia pode ser classificada em leve, moderada ou severa, neste último caso podendo levar à cegueira. 

Mas por que ocorre esse quadro? 

De forma direta e resumida, os nossos olhos são responsáveis, através da retina, por captar imagens e transformá-las em impulsos elétricos – a linguagem dos neurônios–, os quais são conduzidos, através das vias ópticas, até o cérebro. No cérebro, primariamente na região occipital, ocorre a interpretação dos impulsos elétricos em imagem. Na infância, até aproximadamente os 7 anos de idade, a visão está em fase de desenvolvimento, como se a criança estivesse “aprendendo a enxergar”. Caso haja algum “defeito” em toda essa cadeia de captação de imagem, geração do impulso elétrico e processamento da imagem a nível cerebral, o olho pode não desenvolver a visão de maneira adequada, levando ao quadro de ambliopia. Por isso, na infância é fundamental que sejam tratados, assim que diagnosticados, quaisquer distúrbios ou alterações oculares que causem distorções ou diferenças de imagem entre um olho e outro, para que, desta maneira, haja o estímulo necessário para o desenvolvimento visual. Do contrário, isto é, caso o sistema visual não esteja sendo estimulado da maneira necessária para seu desenvolvimento, ocorre como consequência alterações funcionais e até mesmo anatômicas no córtex visual cerebral, levando ao desenvolvimento inadequado e insuficiente da função visual. Sendo assim, é fundamental tratar de forma rápida as causas de ambliopia na infância, enquanto ainda há tempo. 

Quais seriam as causas de ambliopia? 

Ambliopia por ametropia ou anisometria

Esta constitui a principal causa de ambliopia, e ocorre quando há presença de erro refracional, isto é, necessidade de correção de grau na infância. Ela pode ser unilateral, quando apenas um olho é acometido, ou bilateral, quando 

ambos os olhos são acometidos. Quando tratada na infância, principalmente antes dos 7 anos de idade, costuma ter bom prognóstico. Já na vida adulta, há pouca chance de melhora mesmo após adequada correção óptica do erro refracional apresentado. 

Ambliopia por estrabismo

Ocorre quando há desvio ocular, isto é, estrabismo. Devido ao desvio ocular, as imagens recebidas pelo cérebro são diferentes entre si. Para que não haja confusão entre essas imagens e consequente visão dupla, o cérebro da criança aprende a “esquecer” uma das imagens – denominamos este fenômeno de supressão –, causando, com o tempo, ambliopia no olho que tem sua imagem “esquecida”. 

Ambliopia por privação

Este caso é o menos frequente, sendo também chamado de ambliopia orgânica, na qual há alguma barreira física ou estrutural que impede ou reduz a visão no olho afetado. São exemplos: presença de cicatriz na córnea, catarata congênita, pálpebra “caída” (ptose palpebral), dentre outros. Gera-se, nesses caso, um bloqueio à chegada da luz até a retina, privando o cérebro de receber o impulso nervo correspondente àquela imagem. 

Quais são os sintomas de ambliopia?

Principalmente na infância, a ambliopia ou olho preguiçoso pode não ser percebida, sendo diagnosticada apenas em consulta oftalmológica de rotina. Dependendo do grau de ambliopia, isto é, da gravidade do quadro, o paciente pode não notar diferença visual entre um olho e o outro. Além disso, por muitas vezes começar na infância, as crianças podem ter dificuldade de expressar a diferença visual ou até mesmo nem perceber. Alguns sinais de que a criança não enxerga bem podem ser percebidos pelos pais e devem, então, motivar um atendimento oftalmológico para que seja descartada qualquer alteração ocular. São estes: coçar os olhos, apertar ou espremer os olhos, cobrir um olho, aproximar ou afastar muito um objeto dos olhos. Caso sejam percebidos tais sinais, os pais devem levar o quanto antes a criança para avaliar o quadro. Além disso, presença de desvios oculares e opacidades – manchas brancas nos olhos, as quais podem sinalizar catarata, cicatriz corneana, dentre outras doenças –, podem ser identificadas pelos pais e também devem motivar um atendimento oftalmológico. 

Ambliopia tem cura?

A resposta para essa pergunta é : DEPENDE! Primeiramente, é importante enfatizar que o tratamento precoce é sempre a melhor opção. Estudo realizado pelo National Institute of Health (NIH) demonstrou que o tratamento da ambliopia deve ser tentado e indicado até os 14 anos de idade, apresentando melhores resultados quanto menor a idade1. Nos casos de ambliopia devido a erro refracional, deve-se realizar a prescrição de lentes corretivas o quanto antes. Dentre os erros refracionais, a hipermetropia é a mais ambliogênica, isto é, causa mais ambliopia que a miopia na infância. O míope apresenta dificuldade na visão para longe, mantendo uma boa visão para perto. Desta forma, o estímulo necessário ao desenvolvimento do sistema visual é obtido quando o paciente míope traz os objetos para perto de seu rosto. O hipermétrope, em contrapartida, a partir de determinado grau, não consegue encontrar esta nitidez visual adequada, nem para longe nem para perto. 

Além disso, a diferença de grau de um olho em relação ao outro, chamada em termos médicos de anisometropia, também deve ser corrigida para se evitar e tratar os casos de ambliopia na infância. 

Os desvios oculares (estrabismos) devem ser devidamente diagnosticados e tratados, pois também podem apresentar potencial ambliogênico. São opções de tratamento nestes casos: oclusão ocular; cirurgia ocular para corrigir o desvio; ou correção de grau através dos óculos. É necessária avaliação em consulta oftalmológica para avaliação de cada caso. 

Por fim, se o paciente apresentar causas orgânicas ou estruturais que impeçam a chegada eficaz da luz na retina, como é o caso da catarata, é fundamental realizar cirurgia o quanto antes para se evitar o desenvolvimento ou progressão da ambliopia. 

Agora você já sabe um pouco mais sobre a ambliopia, e como prevenir essa alteração ocular que pode comprometer tanto a visão de crianças, adolescentes e adultos, gerando sequelas para a vida toda. Caso tenha ficado mais alguma dúvida sobre o assunto, comente aqui embaixo, ou marque uma avaliação com algum oftalmologista de nossa equipe. Será um prazer lhe ajudar! 

Referências 

1. Mohan, Kanwar; Saroha, Vandana; Sharma, Ashok (2004). Successful Occlusion Therapy for Amblyopia in 11- to 15-Year-Old Children. Journal of Pediatric Ophthalmology & Strabismus. Vol. 41, No. 2. DOI: 10.3928/0191-3913-20040301-08