A aberrometria ocular é um daqueles exames que quase nunca são mencionados fora do consultório, mas que fazem toda a diferença quando o assunto é entender melhor a qualidade da nossa visão. Em termos simples, ela avalia como a luz se comporta ao atravessar o olho. Pode parecer técnico demais, mas vale a pena entender.
O que são aberrações oculares?
Imagine o olho como uma câmera fotográfica antiga, daquelas de filme. Seria perfeito se todos os componentes fossem exatos: lentes alinhadas, meios transparentes e luz entrando retinha. Mas não é assim na vida real. A imagem que enxergamos pode ser distorcida por pequenos defeitos nos elementos ópticos do olho. Esses “defeitinhos” têm nome: aberrações ópticas.
Elas são classificadas em dois grandes grupos:
- Aberrações de baixa ordem: miopia, hipermetropia, astigmatismo… essas são as mais conhecidas e, felizmente, corrigidas com óculos ou lentes comuns.
- Aberrações de alta ordem: mais sutis, mas potencialmente incômodas. Incluem o coma (sim, tem esse nome), a aberração esférica, o trefoil… e por aí vai. Elas afetam detalhes finos da visão, especialmente em ambientes com pouca luz.
Como funciona a aberrometria ocular?
Esse exame mede o que chamamos de frente de onda: uma representação da luz atravessando o olho. Se tudo fosse perfeito, essa frente seria reta, como uma parede lisa. Mas cada tecido que a luz atravessa (córnea, humor aquoso, cristalino, etc.) pode distorcer essa frente. A aberrometria ocular registra essas imperfeições, e conseguimos visualizá-las graficamente.
Os dados são descritos usando uma matemática chamada polinômios de Zernike (nome complicado, mas basicamente é um jeito padrão de descrever essas distorções com números e formas).
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Exemplos práticos de aberrações de alta ordem
Pra não ficar tão abstrato, aqui vão algumas analogias:
- Coma: a luz forma um rastro semelhante ao de um cometa, como se a imagem se esticasse para um lado.
- Aberração esférica: lembra um chapéu mexicano. A luz das bordas da pupila foca num ponto diferente da luz central, causando halos ou borrões.
- Trefoil: distorção em três direções, como uma hélice sutil.
Essas alterações não são percebidas por todos, mas para quem sente, a visão é “esquisita” mesmo com o grau certo.
Quando esse exame é indicado?
- Antes de cirurgias refrativas personalizadas (como LASIK customizado);
- Quando o paciente tem queixas visuais sem causa clara;
- No acompanhamento de condições como ceratocone;
- Pós-operatório de cirurgias nos olhos (catarata, refrativa).
Aberrometria ocular corneana x total
- Corneana: avalia apenas as irregularidades da superfície da córnea.
- Total: mede a distorção do sistema óptico inteiro, até a retina.
Em muitos casos, esse contraste ajuda o oftalmologista a saber se o problema está na superfície ou nas estruturas internas.
Um exame que precisa ser bem interpretado
O laudo da aberrometria ocular vem cheio de gráficos coloridos, micra, RMS, etc. É fácil se perder. Por isso, é fundamental ter um oftalmologista de confiança explicando o que esses dados significam para o seu caso.
A aberrometria é uma ferramenta avançada que nos permite enxergar o que os exames tradicionais não mostram. Pode não ser necessária para todos, mas para certos casos faz toda a diferença.
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