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Além das cores: como daltônicos assistem ao filme Barbie

O daltonismo atinge 350 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Só no Brasil, são 8 milhões – quantidade semelhante ao número de espectadores do filme Barbie, em comunicado divulgado pela distribuidora no último dia 31 de julho. Como essa parcela da população

Sumário

O daltonismo atinge 350 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Só no Brasil, são 8 milhões – quantidade semelhante ao número de espectadores do filme Barbie, em comunicado divulgado pela distribuidora no último dia 31 de julho. Como essa parcela da população enxerga as cores do longa, um dos mais coloridos dos últimos tempos?

A visão é responsável por absorver aproximadamente 80% das informações recebidas diariamente, sendo que 40% estão relacionadas à percepção das cores. A significação da cor pode abranger aspectos denotativos e conotativos. É comum usar a cor como referência direta na qualificação de objetos, como por exemplo, o carro vermelho, ou nos significados conotativos referentes às associações sugeridas pela cor, exemplo, os sinais de trânsito, as legendas de mapas, a identificação de fios elétricos, reconhecimento do grau de maturação de frutas ou cozimento de alimentos, etc. Isso destaca, claramente, o impacto significativo que as cores exercem na vida das pessoas.

O daltonismo é caracterizado pela dificuldade em identificar o  espectro cromático, resultado de uma anomalia na codificação dos genes responsáveis pela sensibilidade dos pigmentos fotossensores, presentes nas células cones da retina. A condição mais comum é a vermelho-verde, que acomete 95% dos portadores da doença.

Diante disso, estreado recentemente, o filme Barbie, dirigido por Greta Gerwig é uma excelente oportunidade para entender e incentivar discussões sobre a diversidade visual e a valorização da singularidade de cada indivíduo. Enquanto a maioria das pessoas aprecia a riqueza de cores e detalhes presentes na live-action, para os daltônicos, essa experiência pode ser diferente.

Ao assistir ao filme, pessoas com daltonismo podem enfrentar desafios na identificação de certos tons e nuances de cores. As imagens podem parecer mais desbotadas ou com cores pouco distintas, pois a capacidade de diferenciar certas cores pode estar afetada. Porém, na decodificação dessas cores o cérebro do daltônico faz ajustes e adaptações para interpretar as informações visuais de maneira alternativa.

No contexto geral, pessoas que não são acometidas pela doença conseguem perceber a luz através de células sensoriais da retina chamadas fotorreceptores. Esses fotorreceptores se dividem em dois tipos: bastonetes e cones. Os bastonetes respondem a sinais luminosos de baixa intensidade, permitindo-nos enxergar em ambientes escuros, além de auxiliar na percepção de movimentos grosseiros e da periferia da visão. Já os cones são responsáveis pela visão diurna, detalhes finos e pela distinção de cores. Existem três tipos de cones, cada um deles capaz de perceber as cores primárias da luz: vermelho, verde e azul.

A combinação da estimulação desses três tipos de cones permite a percepção de uma ampla gama de tonalidades intermediárias. No entanto, quando um dos tipos de cones está ausente ou não funciona adequadamente devido a uma alteração genética, surge a condição do daltonismo. Isso significa que, dependendo de como funcionam os cones, os daltônicos perceberão a luz de forma diferente, o que tem um impacto significativo na assimilação e interação com o mundo ao seu redor.

Há alguns tipos de daltonismo, de acordo com o National Eye Institute, e para mostrar como cada um enxerga dentro do seu espectro e grau da doença, utilizamos o site Color-Blindness para simular o icônico pôster do filme da Barbie, em cartaz.

As discromacias são a forma mais comum de disfunção visual, resultante da falta de um dos três tipos de cones. Quando há dificuldade em perceber o vermelho, isso é chamado de protanopia. Já se a pessoa não vê o verde, o tipo é deuteranopia. E na tritanopia, não funciona o cone que capta o azul, logo o daltônico não enxerga esta cor.
Veja nas imagens abaixo:

Além das cores: como daltônicos assistem ao filme Barbie
Comparação entre como as pessoas com pronatopia veem imagens coloridas x pessoas com visão normal
Além das cores: como daltônicos assistem ao filme Barbie
Deuteranopia: impossibilidade de enxergar certas cores
Além das cores: como daltônicos assistem ao filme Barbie
Tritanopia: distúrbio raro impossibilita a distinção entre cores

As tricromacias são uma variação mais suave das dicromacias, onde todos os três tipos de cones estão presentes, mas alguns deles têm a sensibilidade alterada. Se os cones vermelhos não funcionam adequadamente, isso é chamado de protanomalia. Se o problema está nos cones verdes, é denominado deuteranomalia. Por outro lado, a tritanomalia corresponde a um defeito nos cones azuis.

Existe também um caso menos comum chamado monocromacia, no qual apenas um dos cones funciona. Nessa condição, é comum haver alterações na visão central, fotofobia e nistagmo, caracterizados por desconforto em relação à luz e movimentos oculares anômalos.

No mundo todo, há pessoas que são daltônicas e não sabem, especialmente se têm alguma forma de tricromacia. De acordo com o gerente do time médico da Eyecare Health, Glauco Aquino, “um ponto importante a ser notado é que a maioria das pessoas descobrem alguma alteração da percepção de cores, apenas durante a segunda ou terceira década de vida. No entanto, a deficiência cromática pode ser um problema em diversas atividades que exigem a percepção de cores e impactar ativamente na qualidade de vida do paciente”.

Por isso, é importante procurar um oftalmologista para realizar os testes, seja o de Farnsworth, em que o paciente deve colocar gradualmente as tonalidades em ordem, ou o de Ishihara, em que a pessoa deve identificar  números de uma cor determinada sobre um círculo de outra tonalidade.

>>> Você sabia? O Benefício Visão, programa de cuidado com a saúde visual criado pela Eyecare Health para promover uma cultura de prevenção e democratizar o acesso à oftalmologia por meio da tecnologia, o paciente pode realizar o teste de Ishihara dentro da plataforma, passando desde a anamnese, para os testes de Acuidade Visual e Ishihara, e depois a consulta de Teleoftalmologia, tudo em um único lugar. Quer saber como funciona? Clique aqui e fale com o nosso time comercial! 
O papel da tecnologia e da ciência nas descobertas sobre o daltonismo

No momento, a ciência pesquisa alternativas para melhorar a qualidade de vida dos daltônicos, como óculos com objetiva de vidro colorido e lentes de contato com corantes orgânicos capazes de contrabalançar a anomalia.

Um estudo realizado em 2021, por pesquisadores da Sociedade Química Americana (ACS), nos Estados Unidos, demonstrou em um artigo publicado na ACS Publications uma opção que pode ajudar daltônicos a perceberem as cores de forma segura. Segundo o artigo, as  lentes são constituídas a partir da junção de partes do metal incorporadas ao material hidrogel das lentes que contêm nanocompostos de ouro, demonstrando assim, maior capacidade de retenção de água e melhorando a filtragem das cores. Para fazer as lentes de contato, os pesquisadores misturaram uniformemente as nanopartículas em um polímero de hidrogel, produzindo géis cor-de-rosa que filtram a luz do espectro de comprimentos de onda de 520-580 nm, quais o vermelho e o verde se sobrepõem.

Os cientistas destacam que a próxima etapa envolverá a realização de testes clínicos com pacientes humanos, a fim de avaliar o conforto e confirmar a segurança das lentes de contato no tratamento do daltonismo.

A tecnologia também desempenha um papel fundamental em auxiliar as pessoas com essa condição visual. Com o avanço contínuo, cada vez mais recursos e soluções estão sendo desenvolvidos para proporcionar uma experiência mais inclusiva e acessível para os portadores de daltonismo. Os smartphones, tanto o sistema Android quanto o iOS apresentam opções que proporcionam mais conforto visual aos portadores dessa condição, permitindo que eles visualizem melhor os elementos na tela. Isso demonstra o compromisso das empresas de tecnologia em tornar a experiência digital mais inclusiva e acessível para todos os usuários, independentemente de suas necessidades visuais.

Veja como fazer: no iOS, é preciso tocar em “Ajustes” e, em seguida, “Acessibilidade” e, por fim, “Tela e Tamanho do Texto. Você verá diversas opções para mudar a forma como as informações são mostradas na tela. Toque em “Filtro de Cor”. Em seguida, basta deslizar a tela para que as cores sejam adaptadas para o daltonismo.

No Android, basta acessar as configurações do seu celular e buscar o menu relacionado à Acessibilidade. Nele, procure a opção “Melhorias de Visibilidade” e selecione o item “Correção de cor”. **É importante que você tenha em mente que os nomes que mostramos aqui podem estar diferentes daqueles em seu celular.

O Dr. Glauco Aquino ressalta também o quanto “é importante que as plataformas considerem essa parte da população ao desenvolver produtos e funcionalidades, sendo inclusivas para que todos possam compreender e utilizar os produtos.

Curiosidade: um dos primeiros cientistas a pressupor a deficiência de cores como uma alteração orgânica foi o químico John Dalton – a origem do termo vem de seu sobrenome. Com o avanço industrial e a criação das ferrovias, a condição ganhou relevância, pois diversos acidentes foram causados pelo não seguimento das normas dos semáforos, que utilizam principalmente o vermelho e o verde para organizar o trânsito. Coincidentemente, essas duas cores configuram o espectro mais comum de daltonismo.

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