Edema de córnea: Entenda melhor essa doença

O que é?

Edema é definido como acúmulo anormal de líquido nos tecidos. Na córnea, é um sinal clínico que pode ser causado por vários fatores, como o uso excessivo de lentes de contato, doenças oftalmológicas ou cirurgia ocular.
Esse acúmulo de líquido corneano não apenas edemacia o tecido, mas também interfere na sua transparência.

Causas

Como dito acima, o edema de córnea pode ser causado por diferentes fatores, que acabam por quebrar a homeostase, ou seja, o bom funcionamento do tecido corneano. Basicamente, o tecido corneano necessita de dois mecanismos para seu bom funcionamento: (1) Obtenção de oxigênio pelo complexo epitélio-estroma, uma vez que nossa córnea não apresenta vasos sanguíneos e, dessa forma, sua porção anterior realiza o metabolismo aeróbio através da obtenção do oxigênio do ar por difusão.
Logo, uma interrupção dessa troca poderia gerar um edema corneano; (2) Bomba endotelial: o endotélio (porção posterior da córnea) é responsável pela manutenção da turgência estromal que faz com que, através de um processo ativo, a água presente no estroma passe para o humor aquoso (líquido que preenche a porção anterior do olho). Dessa forma, doenças que incapacitem o funcionamento dessa bomba fazem com que a turgência estromal aumente, causando edema.
Logo, frente ao paciente com edema corneano, o oftalmologista deve atentar-se para uma série de detalhes como: idade de início, velocidade de início, sintomas associados, apresentação uni/bilateral, uso de lente de contato, histórico familiar, traumas, uso de medicamentos tópicos ou sistêmicos, entre outros. Além disso, o exame oftalmológico, bem como o auxílio de exames complementares, são essenciais no diagnóstico.
Dessa forma, podemos listar as principais causas do edema de córnea:

  • Trauma ocular: contusões e perfurações podem alterar a anatomia corneana e, consequentemente, sua homeostase, levando ao seu inchaço.
  • Processos inflamatórios/infecciosos: doenças que causam inflamação ocular podem levar ao edema, bem como o acometimento por microorganismos.
  • Complicações pós-operatórias: qualquer cirurgia não está isenta de riscos, e uma das complicações das cirurgias oculares é o edema desse tecido.
  • Distrofias de Fuchs: comum em nosso meio, leva à redução acentuada das células endoteliais, o que leva ao mau funcionamento da bomba endotelial, levando ao edema.
  • Ceratocone: como ocorre uma mudança estrutural, essa doença pode levar a um edema de córnea que varia durante o dia, gerando impacto visual.
  • Elevação da pressão intraocular: a elevação repentina da pressão intraocular pode levar ao engurgitamento da córnea, além de poder indicar uma situação de emergência oftalmológica como o glaucoma agudo.

Opções de Tratamento

O tratamento dependerá, essencialmente, do que está causando o edema.
Usando os exemplos acima, podemos citar:

  • Trauma ocular: dependendo da gravidade e das estruturas lesionadas, é necessário o uso de colírios ou até mesmo cirurgias.
  • Processos inflamatórios/infecciosos: ao controlar a origem da inflamação/infecção, o edema pode ser reversível. Isso é possível através de colírios anti-inflamatórios e/ou antibióticos, bem como a avaliação da necessidade de cirurgias.
  • Complicações pós-operatórias: dependendo da gravidade e das estruturas lesionadas, é necessário o uso de colírios hiperosmóticos (reduzem o teor de água no estroma) ou até mesmo nova cirurgia.
  • Distrofias de Fuchs: há um consenso de que as células endoteliais não se regeneram, dessa forma o edema causado por essa doença é tratado, essencialmente, através de colírios hiperosmóticos. O tratamento da doença em si, dependendo do seu estágio, será o transplante corneano, preferencialmente o endotelial (DMEK). Estudos nessa área estão sendo realizados a fim de descobrir se é possível desacelerar o processo de morte das células endoteliais, como o caso do colírio inibidor da roquinase, ou até mesmo do transplante de células endoteliais, um procedimento menos invasivo do que o transplante em si.
  • Ceratocone: a melhor forma de combater o edema nesses casos é evitar a progressão da doença, ou seja, evitar coçar os olhos. Outros procedimentos como o crosslinking ou o transplante de córnea podem ser considerados, dependendo do grau de acometimento.
  • Elevação da pressão intraocular: uma elevação repentina deve ser tratada com o uso de colírios hipotensores. No caso do glaucoma agudo, outras estratégias terapêuticas serão consideradas.

Conclusão


O edema de córnea é um sinal oftalmológico causado por diversas condições clínicas que afetam a homeostase corneana. O diagnóstico dessa condição pode ser feito através do exame oftalmológico, principalmente através da lâmpada de fenda, e também por exames complementares. O tratamento dessa condição dependerá do que ocasionou o edema.