Última atualização em 14 de fevereiro de 2024 por
A visão é um dos sentidos mais nobres que possuímos. Cuidar da saúde visual reflete em uma maior qualidade de vida e independência durante toda a vida e, principalmente, durante a velhice. Com o avançar das tecnologias, a medida da acuidade visual se faz mais precisa a cada dia, porém, até aqui várias foram as tentativas e formas para se alcançar uma mensuração cada vez mais correta.
Data-se da Idade Média as primeiras tentativas de estimar a capacidade visual pelos árabes, a partir da observação da constelação Ursa Maior, mas somente no século XIX, os conceitos até hoje utilizados foram introduzidos pelo oftalmologista holandês Franciscus Donders e seu assistente Herman Snellen – responsável pela criação da Tabela de Snellen de acuidade visual.
O que é Acuidade Visual?
A acuidade visual foi então definida como a capacidade do olho humano em discernir detalhes de objetos próximos a uma determinada distância a partir de um ângulo mínimo de resolução correspondente a 1 minuto de arco, ou seja, para que nosso olho consiga discernir 2 pontos distintos quanto à estimulação da retina, esses pontos devem estar separados entre si por um ângulo de 1 minuto de arco.
Como Interpretar a Tabela de Snellen?
Com o objetivo de ter um método objetivo de análise, Snellen então desenvolveu sua tabela de avaliação da acuidade visual, a qual possui letras, chamadas de optotipos, de 5 minutos de arco, em que cada detalhe desses optotipos compreende 1 minuto de arco.
Snellen atribuiu como referência padrão a capacidade de reconhecimento dos optotipos de 5 minutos de arco a uma distância de 20 pés (correspondente a 6 metros), sendo esta a visão de 20/20, ou visão 100%.
As diversas linhas de avaliação da tabela seguem a referência padrão de maneira comparativa, sendo o numerador da fração a distância da tabela em que o paciente se encontra no momento da avaliação (mais comumente denotada em pés), e o denominador a distância em que aqueles optotipos compreendem um ângulo visual de 5 minutos de arco, e seus detalhes 1 minuto de arco.
Em outras palavras, o denominador nada mais é do que a distância da tabela na qual uma pessoa emétrope (que tem a visão normal no que diz respeito à refração ocular) e com plena capacidade visual enxergaria a mesma linha de optotipos quando comparada ao paciente examinado.
Exemplificando a partir da imagem acima: se um paciente só consegue enxergar até a linha 5, temos que sua acuidade visual é de 20/40, ou seja, o que ele está vendo a 20 pés ou 6 metros, se em condições de plena capacidade visual, seria visto a 40 pés ou 12 metros.
Como utilizar a Escala de Snellen: a avaliação do paciente
Para uma correta avaliação do paciente, o exame deve ser realizado em um ambiente calmo e iluminado, sem incidência direta da luz sobre a tabela ou os olhos do paciente, que deve ser posicionado de forma que a altura da linha 8 (20/20) coincida com os olhos do examinado.
A avaliação deve ser monocular, ocluindo-se de maneira não opressiva o olho não examinado, com posterior troca e avaliação do olho contralateral da mesma forma.
Todos os detalhes são importantes durante o exame, uma vez que ele nos dá importantes informações quanto à capacidade visual do paciente e que podem ser decisivas em sua vida – para uma carteira de motorista categoria B, por exemplo, a visão deve ser igual ou melhor do que 20/30.
Outro detalhe importante se dá com a categorização de cegueira pela OMS, sendo definida como acuidade visual pior que 20/400 no melhor olho.
Com que frequência deve-se realizar o Teste de Snellen?
É indicada a realização do teste em todas as consultas oftalmológicas, anualmente.
Quem pode aplicar o Teste de Snellen?
Por ser um teste de triagem simples, o teste de Snellen não é exclusivo para oftalmologistas. Ele pode ser realizado por profissionais de saúde em geral e profissionais da educação, desde que capacitados e respeitando todos os protocolos para realização de um exame de qualidade.
No entanto, é importante frisar que o teste não é capaz de identificar as causas da baixa de visão, nem diversos problemas oculares que podem não causar diminuição direta da acuidade visual central, mas são potencialmente graves. Dessa forma, a interpretação dos resultados é sempre realizada por médico oftalmologista.
Vale mencionar que o mais indicado é sempre buscar por auxílio de um profissional, principalmente nos casos em que o paciente já possui algum tipo de condição que atrapalhe sua acuidade visual.
O que pode interferir no Teste de Snellen?
Algumas condições interferem na capacidade visual do paciente e não necessariamente exprimem uma condição patológica, sendo a mais comum delas os erros refracionais. É importante atentar-se a qualquer condição visual que possa interferir no momento de realização do Teste de Snellen.
Pacientes míopes sem o uso de lentes corretivas podem não conseguir ler a linha 20/20 da tabela de Snellen, a depender do grau de sua miopia; todavia, podem facilmente alcançar esse nível de leitura após a correção de seu grau, se não houver outro problema ocular.
A melhor acuidade visual do paciente sempre é avaliada quando encontra-se corrigida para a sua ametropia, ou seja, para o tipo específico de erro refrativo que o paciente possui.
Em alguns casos, a diminuição da acuidade visual nos diversos tipos de testes disponíveis podem dar dicas durante o exame oftalmológico de alterações que necessitem da intervenção médica.
Pontos de atenção ao Modelo de Snellen
Críticas ao modelo de Snellen se devem ao fato de as linhas de avaliação não possuírem o mesmo número de optotipos em cada uma delas, além de não haver uma progressão logarítmica proporcional entre os optotipos e entre as linhas da tabela.
Além disso, o grau de dificuldade entre os diferentes optotipos não é o mesmo, e a tabela não possibilita a avaliação da acuidade visual em crianças, fazendo com que diversos outros modelos de medida de acuidade visual surgissem ao longo do tempo.
Conclusão
Apesar disso, a Tabela de Snellen continua sendo o método cotidiano mais utilizado para verificação da acuidade visual dos pacientes no dia-a-dia, norteando tratamentos – como medida evolutiva de melhora visual – e possibilitando a correção das diversas ametropias, garantindo assim uma melhor qualidade de vida aos pacientes.
Referências:
Tabela de Snellen. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:1606_Snellen_Chart-02.jpg