Transformação digital no Brasil e o nível de maturidade das empresas

A transformação digital no Brasil é uma expressão que define uma das principais esferas observadas na atualidade para a evolução nas organizações. No cotidiano é possível encontrar uma série de processos que foram facilitados por meio da incorporação da tecnologia, principalmente após a Covid-19 e seus impactos sobre os negócios do mundo todo. 

Nesse sentido, empresas e pessoas intermediam suas relações a partir da tecnologia, integrando ambientes físicos e digitais. Segundo dados da Deloitte, empresa de prestação de serviços, nos Estados Unidos, 56% das organizações estão reformulando seus processos de Recursos Humanos para aproveitar ferramentas digitais. Inteligência artificial (IA), big data, robótica e computação cognitiva são alguns exemplos. No entanto, engana-se quem ainda acredita que a revolução digital diz respeito apenas aos softwares de inteligência artificial. 

Precisamos entender que os desafios corporativos, acentuados pela pandemia, exigem mais do que somente a transferência dos negócios físicos para o modelo digitalizado, ou para a automatização de processos. As empresas precisam de uma revolução de pensamento. O momento pede um olhar maduro sobre a importância do comportamento digital e como as companhias podem impulsionar essa mentalidade dentro das organizações. 

Em 2020, o Grupo Cia. de Talentos realizou a 19ª edição da pesquisa Carreira dos Sonhos. O estudo entrevistou 123.579 profissionais brasileiros entre jovens talentos, média gestão e profissionais da alta liderança e descobriu que somente 35% dos jovens, 28% da média gestão e 36% dos profissionais da alta liderança acreditam que trabalham em empresas com culturas digitais. Os dados vão ao encontro dos estudos da Panorama Research, que identificou apenas 4% das companhias brasileiras têm comportamento digital. Essa realidade é percebida na forma como os profissionais sentem-se inseguros sobre o poder competitivo das instituições em que atuam. 

O Fórum Econômico Mundial alertou que, nos próximos três anos, 54% dos profissionais do mundo vão precisar de treinamentos e requalificações para lidar com as mudanças do mercado. (Aproveite e leia aqui nossa newsletter que fala sobre  Upskilling e Reskilling). Porém, apenas 3% das empresas investem no desenvolvimento dos colaboradores, de acordo com o Banco Mundial. Na pesquisa citada acima, apenas 54% dos jovens, 44% da média gestão e 55% da alta liderança acreditam que a empresa investe recursos no preparo dos profissionais para os desafios do futuro do trabalho. 

Ainda sobre a pesquisa “Carreira dos Sonhos”, somente 48% dos jovens, 38% da média gestão e 53% da alta liderança sentem que seus superiores os fazem ficar entusiasmados com o futuro da transformação digital da empresa. A boa notícia é que os talentos já entenderam a importância da transformação digital, mas a ruim é que as empresas ainda não. O estudo descobriu que 92% dos jovens talentos, 89% da média gestão e 92% da alta liderança estão abertos às mudanças que o novo mundo dos negócios requer, mas somente 53% dos jovens, 43% da média gestão e 52% da alta liderança percebem essa mesma postura da empresa. 

Assim como o aprendizado contínuo não se resume apenas à conclusão de cursos, a incorporação do comportamento digital nas empresas vai além da simples adoção de novas tecnologias. A transformação digital é um processo em constante evolução, não um destino final. Para torná-la uma realidade efetiva nas organizações, é necessário encará-la como um contínuo crescimento e desenvolvimento. Ela é conduzida pela estratégia, não apenas pela tecnologia. 

A maturidade digital é, acima de tudo, uma transformação cultural. No contexto profissional, as mudanças só podem ocorrer com o apoio da liderança, que, por sua vez, precisa ser orientada e respaldada pela área de gestão de pessoas da empresa. Portanto, a transformação digital exige três elementos-chave: aprendizado contínuo, liderança digital e cultura digital. Esses elementos são igualmente importantes, assim como o investimento financeiro das empresas.

Não podemos progredir sem antes remodelar a cultura organizacional e abraçar as mudanças necessárias para que as organizações estejam preparadas para o futuro. Afinal, o futuro é digital e já não é uma promessa.