Setembro amarelo na prática: como cuidar da saúde mental dos colaboradores

Lorena Soares, CEO da Amar.elo, fala sobre estratégias para lidar com o tema nas empresas 

Setembro Amarelo é uma campanha mundial dedicada à conscientização sobre a prevenção ao suicídio. A ação surgiu em 2015, no Brasil, e rapidamente se espalhou para outros países. Fizemos um artigo no começo do mês para reforçar o impacto da data no ambiente de trabalho. 

Em 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu o dia 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. A data foi criada como forma de chamar a atenção para esse grave problema de saúde pública que afeta milhões de pessoas todos os anos.  De acordo com a OMS, mais de 800 mil indivíduos morrem por suicídio a cada ano, o que equivale a uma pessoa a cada 40 segundos

Recentemente houve um aumento no interesse das empresas e organizações em olhar  para a saúde emocional de seus colaboradores. De acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em 2022, mais de 200 mil pessoas foram afastadas do trabalho por transtornos mentais e comportamentais no Brasil. 

Com as transformações no ambiente de trabalho, o estresse e a exaustão emocional se tornaram mais proeminentes, acompanhados pela incerteza e pelo receio do desconhecido. Esse cenário tem feito as organizações reconhecerem a importância de abordar preventivamente essas questões, com o intuito de evitar desdobramentos extremos, como o burnout ou problemas mais sérios relacionados à saúde mental. Como isso funciona na prática? 

No começo de agosto, o time da Eyecare Health foi até o Conarh 2023, um dos maiores eventos de recursos humanos da América Latina, realizado no São Paulo Expo e conversou com Lorena Soares, psicóloga e CEO da Amar.elo Saúde Mental, uma startup que previne e cuida da saúde mental, levando programas de bem-estar emocional para o ambiente corporativo. 

Lorena conta que a Amar.elo nasceu justamente com o objetivo de pensar em uma estratégia eficaz de ajudar os pacientes a entender a raiz do problema antes de ter uma crise. “Quando as pessoas chegavam até nós, elas já chegavam adoecidas e não para evitar o adoecimento. O preconceito é tão grande que elas não procuram um psicólogo antes de adoecer. Depois de muitos estudos entendemos que muitos dos adoecimentos tinham a ver com o cotidiano de trabalho. Não que a empresa sempre seja adoecedora, mas os sintomas de ansiedade, pânico e exaustão estavam começando a acontecer dentro desses ambientes”, comenta. 

“As empresas se questionam muito sobre presenteísmo e absenteísmo, achando que os colaboradores não estão mais produzindo como antes. O que vemos são colaboradores exaustos, desmotivados e sem senso de pertencimento — e tudo isso é o retrato das dores emocionais.”

Lorena Soares – CEO da Amar.elo Saúde Mental

Uma pesquisa realizada pela Pulses by Gupy, especialista em medir clima e engajamento corporativo, evidencia uma crescente preocupação com a saúde mental no ambiente de trabalho. Surpreendentemente, 66% dos profissionais apontam níveis preocupantes de exaustão emocional, evidenciando sintomas como esgotamento, frustração e sensação de sobrecarga.

Nesse contexto, 74% dos participantes expressaram níveis significativos de apreensão e inquietação, refletidos em padrões irregulares de sono, visão pessimista do futuro e desafios no controle das emoções. Para Lorena, o foco para mitigar assuntos sobre o tema ou não deixar esse número de mais colaboradores acometidos pela doença é a prevenção. “O foco é a psicoeducação: quanto mais a gente consegue falar sobre as nossas dores emocionais, nossa comunicação, nosso relacionamento melhoram. Assim, aprendemos a enxergar o outro como esse ser integral que precisa ser cuidado em todos os aspectos em seu trabalho, inclusive em suas metas, forma de pensar e enxergar individualidade para que possa se criar um senso de pertencimento”, afirma.  

Quando falamos de um assunto todos os dias, trazemos naturalidade para ele. A CEO da Amar.elo finaliza destacando essa frase importante e apontando o que as empresas podem fazer para abordar sobre o tema de uma maneira natural e trazer prevenção em um contexto geral:

  1. Fale sobre saúde mental de forma segura e aberta;
  2. Prepare a empresa para lidar com o tema;
  3. Invista em programas de bem-estar; 
  4. Escute seus colaboradores atentamente;
  5. Use a comunicação interna para desmistificar temas como: suicídio, depressão, problemas com álcool e drogas, burnout e luto.

“Então é isso que devemos fazer: trabalhar todos os dias a saúde mental do colaborador para que isso seja comum, para que as pessoas não precisem esconder que foram ao psicólogo, ou que estão  exaustas, porque isso faz parte da vida. Do mesmo jeito que temos dor de dente, diabetes e outros problemas que não nos impedem de trabalhar, uma doença mental também não, desde que os cuidados sejam tomados. Por exemplo, se tivermos um problema grave oftalmológico e não cuidarmos, perderemos a visão”, contextualiza Lorena. 

Se precisa de ajuda, entre em contato com o CVV (Centro de Valorização da Vida) – Informações sobre atendimento no número 188 ou pelo site: www.cvv.org.br