Miopia: Qual o impacto na produtividade e no trabalho? 

Compreendendo esta Condição Comum da Visão

Tenho certeza que você já ouviu falar ou conhece alguém que possui miopia. É uma doença muito comum em nosso meio. Ela acomete principalmente crianças e adultos jovens e estima-se que, a nível mundial, até 23% de toda a população lida com a condição.

Vocês têm noção disso? Com certeza é muita gente! E tem projeção para que em 2050 acometa mais de 50% da população, segundo dados da OMS (Organização mundial da saúde).

Isso realmente é muita coisa. E você sabia que dados recentes mostram que a prevalência é maior em áreas urbanas e em profissões que exigem trabalhos para perto, envolvendo detalhes?

É exatamente o meio que estamos inseridos, não é mesmo?

Por isso, aqui vamos explicar um pouco dessa doença e como ela impacta na sua saúde e no seu trabalho. Continue lendo.

Afinal, O que é Miopia? 

Miopia é uma alteração visual em que o olho possui dificuldade para enxergar objetos de longe. Dessa forma, os sintomas referidos pelos paciente são: embaçamento visual para longe, que é pior à noite –  em contrapartida, facilidade para enxergar para perto – dor de cabeça frequente, dor nos olhos, cansaço ocular após um dia de trabalho. 

Ela acontece por alterações estruturais dos olhos em que a imagem se forma antes da retina.

Calma, vamos explicar isso melhor. Imaginem que nossos olhos funcionem como uma câmera fotográfica; para que a “foto” seja formada, é preciso que a luz passe pela tampa da lente (córnea), pela lente (cristalino) e atravesse o sistema óptico da câmera (vítreo) e alcance o filme (retina).

A partir daí, temos a formação da imagem, ou seja, da nossa “foto”. No olho, é muito semelhante, porém em olhos míopes essa imagem se forma antes da retina, fazendo com que a imagem, ou a “foto”, fique desfocada. 

“Dados recentes mostram que a prevalência é maior em áreas urbanas e em profissões que exigem trabalhos para perto, envolvendo detalhes.”

Isso pode acontecer por várias causas. Dentre as causas mais comuns estão: aumento do diâmetro do globo ocular, aumento da curvatura da córnea ou cristalino globoso.

Lembrando que essa doença tem relação genética, ou seja acomete indivíduos da mesma família, e também tem relação ambiental.

Isso acontece por conta do esforço visual durante o trabalho para perto, somado a não correção dos distúrbios refrativos, principalmente durante o período de crescimento dos olhos (infância).

Como sei que tenho Miopia? 

Nesse momento que seu oftalmologista entra em ação! Através da consulta, relato dos seus sintomas e principalmente pelo exame de refração, o famoso exame de óculos.

Este exame tem a finalidade de descobrir o grau dos seus olhos e com isso prescrever o grau adequado para o seu problema.

Na miopia, as lentes testadas são esféricas com grau negativo.  Além disso, o oftalmologista também irá realizar outros exames, como a fundoscopia e medida da pressão intraocular para o rastreio de outras doenças associadas. 

Como isso pode afetar meu trabalho?

Sintomas como baixa visão, dor de cabeça e cansaço visual associados a miopia não corrigida, reduzem o seu tempo de produtividade, tornando o seu dia de trabalho mais cansativo e menos proveitoso. Isso tem impacto significativo na sua qualidade de vida!

“Em 2015 houve uma perda de 244 bilhões de dólares em produtividade relacionada à miopia não corrigida”

Esse assunto se tornou tão importante nos dias atuais que se notou a preocupação em estimar a perda de produtividade em pacientes com miopia não tratada e com complicações dessa doença. 

Isso foi alvo de pesquisa em 2019 por um grupo australiano na Ophthalmology, foi estimado que em 2015 houve uma perda de 244 bilhões de dólares em produtividade relacionada à miopia não corrigida e 6 bilhões nos casos de degeneração macular miópica. 

Sim, isso é muito dinheiro! O trabalho concluiu que o custo de correção da miopia é substancialmente menor do que a perda potencial de produtividade.

Qual o tratamento? 

Hoje em dia, existe uma gama de tratamentos recomendados para a miopia.Este vai ser indicado de acordo com o grau de alteração do paciente.

O principal e mais utilizado é a prescrição de óculos com lentes divergentes (grau negativo), que irão direcionar as imagens que se formavam antes da retina, para o seu local correto, proporcionando uma melhora na visão. Para aqueles que não desejam usar óculos, existe a possibilidade do uso de lentes de contato, as quais o mercado dispõe de várias possibilidades de material e formas de uso.

A cirurgia refrativa a laser, LASIK (laser in situ keratomileusis) ou PRK (ceratectomia fotorrefrativa), também tem mostrado excelentes resultados para a correção desse erro refrativo, sendo opção para aqueles que não desejam usar óculos ou lente de contato.

É muito importante ressaltar que para aqueles que têm miopia, é recomendado o acompanhamento anual para avaliação da progressão da doença. Graus altos de miopia (acima de 6 graus) tem associação com diversas complicações, levando a alterações oculares irreversíveis, podendo levar até à perda da visão.

O crescimento progressivo dos olhos afeta a anatomia de suas estruturas internas, acometendo disco óptico (nervo responsável pela nossa visão), retina, coróide e esclera. Existe também a possibilidade de sangramento dentro do olho e descolamento de retina devido a fragilidade das estruturas oculares em olhos míopes. 

“Graus altos de miopia (acima de 6 graus) tem associação com diversas complicações, levando a alterações oculares irreversíveis, podendo levar até à perda da visão.”


Por tudo que foi dito aqui, consideramos muito importante a avaliação oftalmológica regular com profissionais qualificados, pois a saúde dos nossos olhos é determinante para nova produtividade e qualidade de vida. A EyeCare Health está aqui para ajudar você a cuidar melhor dos seus olhos!  Converse conosco!

Referências:
Myopia and vision 2020 – American Journal of Ophthalmology.
Curtin BJ. The myopias: Basic Science and Clinical Management. Philadelphia, Harper & Row Publishers, 1985.
Fong DS, Pruett RC. Systemic associations with myopias. In Albert DM &, Jakobieck FA, eds. Principles and practice of Ophthalmology: clinical practice. Philadelphia: WB   Saunders,1994;cap.255.
Gwiazda J, Bauer J, Thorn F, Held R. Shifts in tonic accomodation after near work are related to refractive errors in children. Ophthalmic Physiol Opt 1995;15(2):93-7.
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