18 de setembro: Dia Nacional da Conscientização do Retinoblastoma

O retinoblastoma é um tumor maligno raro originário das células da retina – parte do olho responsável pela visão – afetando um ou ambos os olhos. É o tumor primário mais comum no olho de crianças e tende a ocorrer no início da infância. O tumor se desenvolve na retina, parte interna do olho. A depender do tumor, se diagnosticado rapidamente e tratado em centros especializados, pode alcançar índices de 90% de cura. Porém, o prognóstico não é tão bom se a doença estiver disseminada além do olho. O diagnóstico precoce do retinoblastoma, além de aumentar as chances de cura, pode preservar a visão e o olho da criança. 

Com objetivo de alertar a sociedade sobre a importância da detecção precoce do retinoblastoma, foi instituída, pela  Lei nº 12.637/2.012, a data de 18 de setembro como o dia nacional da conscientização da doença. A iniciativa é da Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer (TUCCA).

Entenda sobre a doença

O principal sintoma é a leucocoria, um reflexo branco na pupila, conhecido como ‘sinal do olho de gato’. Essa mancha esbranquiçada indica que uma fonte luminosa está incidindo sobre a superfície do tumor e o reflexo, que originalmente era vermelho pois é a coloração normal da retina, torna-se branco. A presença do tumor no fundo do olho acaba impedindo a absorção do estímulo luminoso pela via óptica e causa piora da visão.. Esse reflexo branco, muitas vezes, só é notado sob luz artificial, quando a pupila está dilatada, ou em fotos, quando o flash bate sobre os olhos. Outros sintomas que podem aparecer são estrabismo, vermelhidão, deformação do globo ocular e dor ocular.

Apesar de o principal sintoma ser a leucocoria, o seu aparecimento significa que a doença já está em estágio avançado e as chances de salvar o olho da criança podem ser menores. Antes disso, a criança já pode apresentar como sintoma sensibilidade à luz (fotofobia) ou um desvio ocular, chamado de estrabismo. O diagnóstico precoce possibilita o tratamento adequado e aumenta as possibilidades de preservar a visão e a vida da criança acometida pela doença.

Outro ponto importante é que o desenvolvimento da visão durante a infância é dependente do próprio recebimento adequado dos estímulos luminosos, ou seja, da criança enxergar corretamente. Ambliopia é a restrição do desenvolvimento da visão quando há algum problema visual como não uso dos óculos com grau adequado, catarata, tumores e outras causas de baixa visual. Como resultado, se o problema perdurar por um período (variável de acordo com a causa), a visão daquele olho não se desenvolverá adequadamente e a criança não enxergará bem mesmo que o problema (como a falta de óculos) seja corrigido posteriormente. Assim, o retinoblastoma pode causar ambliopia, mesmo se tratado, principalmente nos casos em que o tumor afeta o centro da retina. Diversos estudos e novos tratamentos têm sido desenvolvidos no sentido de estimular a visão de crianças amblíopes e tentar melhorar o prognóstico.

O diagnóstico precoce do retinoblastoma pode ser realizado pelo pediatra/neonatologista ainda na maternidade, ou nos exames de rotina pelo pediatra e pelo oftalmologista nos primeiros anos de vida da criança. O levantamento do histórico familiar, o exame de fundo do olho e exames auxiliares como ultrassonografia, quando necessários, fornecem elementos importantes para confirmar o diagnóstico.

A Sociedade Brasileira de Pediatria. em diretriz oficial realizada juntamente com a Sociedade Brasileira de Oftalmopediatria, recomendam que o teste do reflexo vermelho seja feito ainda na maternidade, e pelo menos 2 a 3 vezes nos primeiros três anos de vida, pelo próprio pediatra. Além disso, a criança deve passar em consulta completa com oftalmologista ainda dentro do primeiro ano e com 3 a 5 anos de vida, se não houver nenhuma intercorrência, sintoma ou suspeita de problema nos olhos nesse período.

É importante destacar que o exame de mapeamento de retina, feito após a dilatação das pupilas das crianças, é essencial para descartar problemas e é um exame indolor e rápido. A dilatação das pupilas, quando realizada com colírio de concentração adequada e os devidos cuidados, não apresenta riscos consideráveis, comparando-se com o enorme benefício do exame.

Na maioria dos casos, o retinoblastoma é uma doença curável. A quimioterapia, a radioterapia e as aplicações de laser e crioterapia  têm mostrado bons resultados. Em alguns casos, infelizmente, é preciso recorrer à enucleação, isto é, à retirada cirúrgica do globo ocular.

Campanha “De Olho nos Olhinhos”

A doença ganhou notoriedade em 2022, quando a filha dos jornalistas Tiago Leifert e Daiana Garbin, Lua, foi diagnosticada com retinoblastoma. Na época ela tinha apenas 11 meses. Para conscientizar a população sobre o diagnóstico precoce e a importância de prestar atenção nos detalhes, Tiago e Daiana criaram a campanha  “De Olho nos Olhinhos” que, hoje, promove ações em diversas cidades brasileiras conscientizando a população.

A campanha tem o apoio médico e científico de entidades médicas do Brasil como a Associação Médica Brasileira(AMB), Conselho Federal de Medicina (CFM), Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Sociedade Brasileira de Oncologia em Oftalmologia (SBOO), Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope), Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP), além do Departamento de Oftalmologia da Unifesp, GRAACC, St. Jude Children’s Research Hospital, Aliança Amarte, Associação Brasileira das Ligas Acadêmicas de Oftalmologia (ABLAO) e Associação Acadêmica de Pediatria (AAP).

Confira aqui o vídeo que gravamos para disseminar a informação de qualidade e alertar os pais sobre a doença.