Hemorragia Subconjuntival ou “Sangue nos Olhos”: causas, sintomas e tratamento

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Você certamente já ouviu falar, conhece algum familiar que teve, ou você mesmo já apresentou um episódio súbito de olho intensamente vermelho, algo assustador. E o mais interessante é que a pessoa que apresenta o quadro, às vezes nem sabe que tem: é alguém conhecido quem alerta: “você já reparou que seu olho está muito vermelho?”. Por quê? Pois em geral, trata-se de uma condição que não gera sintomas. É a famosa hemorragia subconjuntival, tema que abordaremos com detalhes neste artigo.

O que é a hemorragia subconjuntival

A conjuntiva consiste em uma membrana fina e transparente que fica situada sobre a esclera (parte branca do olho) e na parte interna das pálpebras. Ela possui várias funções, sendo a mais importante a de atuar como barreira de proteção do globo ocular contra agressões, tais como substâncias tóxicas ou agentes infecciosos.

Entre a conjuntiva e a esclera encontram-se numerosos vasos sanguíneos e, quando um desses se rompe, o sangue acumula-se abaixo da conjuntiva, produzindo o que chamamos hemorragia subconjuntival, também conhecida pelo termo médico de hiposfagma ou o popular “derrame nos olhos”. Esse fenômeno pode ocorrer em qualquer faixa etária, e resulta em uma coloração vermelho vivo da conjuntiva, facilmente detectado pelo oftalmologista. Normalmente acomete apenas um olho, e apresenta início súbito.

Em alguns casos, todo o olho apresenta-se com aparência vermelha devido ao sangramento. Pelo fato de não envolver a córnea (camada transparente à frente da íris e pupila), ou o interior do olho, a visão não é comprometida.

Meu olho está muito vermelho! Isso é normal?

Mas por que do aspecto assustador quando se trata do hiposfagma? Quando recebemos uma pancada forte na perna ou em outra parte do corpo, há tendência a surgir um hematoma no local atingido (decorrente do rompimento de vasos sanguíneos). Podemos comparar a hemorragia subconjuntival como um hematoma que ocorre na superfície do olho.

     Porém, diferentemente da pele espessa presente sobre um hematoma que eventualmente se apresenta na superfície do nosso corpo, quando se trata da fina conjuntiva, um tecido praticamente transparente, é possível se observar diretamente o sangue, causando o espanto.

Olho com Hemorragia subconjuntival ou Olho Sangrando
Hemorragia subconjuntival. Autor: James Heilman, MD (fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:SubconjunctivalBleed.JPG)

Este tipo de hemorragia não deve ser confundido com outras causas de olho vermelho, como por exemplo a conjuntivite e a uveíte.

A conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva, que pode ter causa alérgica ou infecciosa, e que geralmente está associada à presença de secreção de aspecto aquoso, mucoide ou mucopurulento, a depender da causa da doença, além de outros sintomas como sensação de areia, vontade de coçar o olho e, eventualmente, dor ou ressecamento.

Já na uveíte, uma inflamação intraocular, o paciente, além do olho vermelho, apresentará dor, sensibilidade à luz e embaçamento visual, dentre outros achados ao exame oftalmológico.

Causas da hemorragia subconjuntival

Em muitos casos, a hemorragia subconjuntival resulta de alguma pequena lesão no olho, como o ato de coçar os olhos ou após trauma. Além disso, o rompimento dos vasos pode ser decorrente de esforço físico como levantar algo pesado, empurrar, vomitar, espirrar, tossir, ou evacuar, por exemplo.

 Estes esforços configuram o que chamamos manobra de Valsalva, na qual, ao se aumentar a pressão abdominal e torácica, ocorre redução do retorno venoso e consequente aumento da pressão dentro dos vasos, podendo ocasionar rompimento vascular.      

Quando decorrente de algum trauma sobre o globo ocular, principalmente se a área da lesão apresentar-se elevada, um médico oftalmologista deve ser procurado para avaliação e assim descartar acometimento ocular grave, principalmente se o episódio estiver acompanhado de dor intensa ou alteração da visão.

Em alguns casos, o sangramento pode surgir de forma espontânea. Também pode acontecer secundário a problemas de coagulação sanguínea, conjuntivites, tumores de órbita ou uso de medicações oculares. Pessoas que fazem uso de medicações como aspirina ou anticoagulantes, por exemplo, podem apresentar sangramentos mais extensos.

Além disso, a hemorragia subconjuntival também pode ser decorrente de alguma doença de base, como hipertensão arterial, ou até mesmo devido ao diabetes. Faz-se de suma importância, portanto, que o indivíduo acometido seja avaliado por seu médico assistente para entender se essas doenças sistêmicas podem estar servindo como causa da hemorragia. Ademais, pessoas saudáveis com hiposfagma de repetição também devem ser devidamente avaliadas.

Tratamento do hiposfagma

É importante frisar que, apesar de parecer assustador, o hiposfagma costuma ter caráter benigno. Na maioria dos casos, a pessoa só o percebe ao se olhar no espelho ou quando alguém lhe chama a atenção. Em muitos casos, a lesão é percebida ao acordar.

O sangramento não causa dor ou alterações visuais. Sintomas como presença de secreção ocular ou sensibilidade à luz também estão ausentes. Em alguns casos pode haver sensação de corpo estranho, como uma sensação de areia dentro dos olhos.

Apesar de sua benignidade, sempre quando aparecer é importante consultar um oftalmologista, pois só o médico será capaz de fazer o diagnóstico correto e dar ao paciente as orientações adequadas para cada caso.    

Além do exame físico oftalmológico, é de suma importância avaliar se a pressão arterial se encontra em níveis adequados, visto que o aumento dos níveis pressóricos pode estar diretamente associado ao sangramento. Além disso, caso haja hematomas espalhados pelo corpo, distúrbios da coagulação sanguínea devem ser investigados.

Na maioria dos casos, não é necessário qualquer tratamento para o quadro, e o sangue costuma ser totalmente reabsorvido pelo organismo dentro de 2 a 3 semanas. Ao longo da evolução do quadro, a cor pode mudar um pouco, desde um vermelho vivo, passando por um vermelho-esverdeado até mesmo a um verde final, não havendo sequelas.

Conclusão

É de extrema importância buscar um oftalmologista, mesmo sabendo-se da benignidade do quadro, pois somente este profissional é habilitado para fazer o diagnóstico correto. Além disso, os casos não são necessariamente iguais e nem sempre uma hemorragia subconjuntival é simples. Pode haver algum diagnóstico diferencial a ser realizado, e por isso um especialista deve ser procurado.

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