Miopia: Qual o impacto na produtividade e no trabalho? 

Última atualização em 18 de outubro de 2024 por Victor

A miopia é um dos problemas de visão mais comuns no mundo, afetando milhões de pessoas de todas as idades. Este distúrbio refrativo ocorre quando o olho foca a luz na frente da retina, em vez de diretamente sobre ela, resultando em uma visão turva de objetos distantes.

Compreender as causas, reconhecer os sintomas e conhecer as opções de tratamento da miopia é essencial para manter uma boa saúde ocular. Neste artigo, exploraremos em detalhes o que é a miopia, como ela afeta a visão, suas principais causas e os sinais que podem indicar sua presença, especialmente em crianças.

O que é miopia?

A miopia, também conhecida como visão curta, é uma condição oftalmológica em que o olho não consegue focar corretamente a luz na retina. Em um olho míope, os raios de luz convergem antes de atingir a retina, fazendo com que as imagens de objetos distantes apareçam desfocadas ou embaçadas.

Este erro refrativo geralmente ocorre porque o globo ocular é mais alongado do que o normal ou a córnea é muito curva. Como resultado, a pessoa míope enxerga bem de perto, mas tem dificuldade para ver objetos distantes com nitidez. 

A miopia pode variar de leve a severa e geralmente se desenvolve durante a infância ou adolescência, podendo progredir ao longo do tempo.

Como a miopia afeta a visão

A miopia afeta principalmente a capacidade de enxergar objetos à distância. Uma pessoa míope pode ler um livro ou ver detalhes em seu telefone sem problemas, mas terá dificuldade em ler placas de rua, reconhecer rostos à distância ou assistir televisão sem correção visual.

Em situações cotidianas, a miopia pode causar desconforto e fadiga visual, especialmente quando se alterna entre visão de perto e de longe. 

Por exemplo, um estudante míope pode ter dificuldade em copiar informações do quadro para o caderno, pois precisa constantemente ajustar o foco de sua visão.

Além disso, a miopia não corrigida pode afetar a qualidade de vida, impactando atividades como dirigir, praticar esportes ou apreciar paisagens. 

Em casos mais graves, conhecidos como alta miopia, há um risco aumentado de complicações oculares mais sérias, como descolamento de retina ou glaucoma.

Tipos de miopia

A miopia pode ser classificada em diferentes tipos, dependendo de suas características e gravidade. Conhecer esses tipos ajuda a entender melhor a condição e suas possíveis implicações:

  • Miopia simples: A forma mais comum, geralmente de grau baixo a moderado e não associada a problemas oculares significativos.
  • Miopia degenerativa (ou patológica): Uma forma mais grave, caracterizada por um alongamento progressivo do olho e potenciais complicações na retina.
  • Miopia noturna: Ocorre em condições de pouca luz, quando a pupila se dilata.
  • Miopia induzida: Pode ser causada por certos medicamentos, diabetes não controlada ou fadiga visual.
  • Pseudomiopia: Uma condição temporária causada por espasmo do músculo ciliar, frequentemente associada ao uso excessivo dos olhos em tarefas de perto.

Causas da miopia

A miopia é resultado de uma combinação complexa de fatores genéticos e ambientais. Embora a causa exata ainda não seja completamente compreendida, pesquisas mostram que tanto a hereditariedade quanto o estilo de vida moderno desempenham papéis importantes no desenvolvimento e progressão da miopia.

Fatores genéticos

A genética desempenha um papel significativo na miopia. Estudos mostram que crianças com pais míopes têm maior probabilidade de desenvolver a condição. 

Se um dos pais é míope, a chance de a criança desenvolver miopia é cerca de três vezes maior do que se nenhum dos pais for míope. Se ambos os pais forem míopes, esse risco aumenta ainda mais.

Pesquisadores identificaram vários genes associados à miopia, sugerindo que múltiplos fatores genéticos podem contribuir para o desenvolvimento da condição. 

No entanto, é importante notar que ter uma predisposição genética não significa necessariamente que uma pessoa desenvolverá miopia, pois fatores ambientais também desempenham um papel crucial.

Fatores ambientais

O estilo de vida moderno tem sido associado a um aumento significativo na prevalência da miopia, especialmente em áreas urbanas. Um dos fatores mais estudados é o tempo gasto em atividades de visão próxima, como leitura, uso de dispositivos eletrônicos e trabalho em computadores.

Outro fator ambiental importante é a falta de exposição à luz natural e tempo ao ar livre. Estudos mostram que crianças que passam mais tempo ao ar livre têm menor probabilidade de desenvolver miopia. 

Acredita-se que a luz solar estimule a liberação de dopamina na retina, o que pode ajudar a regular o crescimento do olho e prevenir o alongamento excessivo associado à miopia.

Sintomas da miopia

Os sintomas da miopia geralmente se manifestam como dificuldade em enxergar objetos distantes com clareza. As pessoas com miopia frequentemente relatam visão embaçada ao olhar para longe, necessidade de apertar os olhos para ver melhor e desconforto visual ao realizar atividades que exigem visão à distância.

Sinais de miopia em crianças

Identificar a miopia em crianças pode ser desafiador, pois elas nem sempre conseguem expressar claramente problemas de visão. Alguns sinais que os pais e educadores devem observar incluem:

  • Sentar-se muito perto da televisão ou do quadro na escola
  • Segurar livros ou dispositivos eletrônicos muito próximos ao rosto
  • Franzir a testa ou apertar os olhos ao tentar enxergar objetos distantes
  • Dificuldade em reconhecer pessoas ou objetos à distância
  • Queixas frequentes de dor de cabeça ou fadiga ocular
  • Desinteresse por atividades ao ar livre que exigem visão à distância

Miopia e presbiopia

A miopia e a presbiopia são condições oculares distintas que podem coexistir em algumas pessoas. Enquanto a miopia afeta a visão de longe, a presbiopia é uma condição relacionada à idade que afeta a capacidade de focar objetos próximos. 

Curiosamente, pessoas com miopia leve a moderada podem experimentar um “benefício” temporário quando desenvolvem presbiopia, pois podem remover seus óculos para ler de perto com mais facilidade.

Diagnóstico da miopia

O diagnóstico preciso da miopia é realizado por um oftalmologista através de uma série de exames oculares. Estes testes não só determinam a presença de miopia, mas também avaliam seu grau e identificam quaisquer outras condições oculares que possam estar presentes.

Exame de acuidade visual

O exame de acuidade visual é geralmente o primeiro passo no diagnóstico da miopia. Este teste mede a capacidade do olho de distinguir detalhes a uma distância específica. O método mais comum é o uso da tabela de Snellen, que consiste em linhas de letras ou símbolos de tamanhos decrescentes.

Durante o exame, o paciente cobre um olho e lê as menores letras que consegue identificar claramente. O processo é repetido para o outro olho. 

A acuidade visual é expressa como uma fração, onde 20/20 é considerada visão normal. Um resultado como 20/40 indica que a pessoa precisa estar a 20 pés de distância para ver o que alguém com visão normal veria a 40 pés.

Medição da dioptria

A dioptria é a unidade de medida usada para expressar o grau de miopia. Um oftalmologista determina a dioptria necessária para corrigir a visão usando um instrumento chamado refrator. Este dispositivo contém diferentes lentes que são alternadas na frente dos olhos do paciente até que a visão ideal seja alcançada.

Na miopia, as dioptrias são expressas em números negativos. Por exemplo, -1.00 D indica miopia leve, enquanto -5.00 D é considerado um grau mais alto. Quanto mais negativo o número, mais forte é a correção necessária. 

É importante notar que o grau de miopia pode mudar ao longo do tempo, especialmente em crianças e adolescentes, necessitando de avaliações regulares.

Prevenção da miopia

Embora a miopia tenha um componente genético significativo, há evidências crescentes de que fatores ambientais e de estilo de vida podem influenciar seu desenvolvimento e progressão. Implementar estratégias de prevenção é especialmente importante para crianças e adolescentes, cujos olhos ainda estão em desenvolvimento.

Recomendações para crianças e adolescentes

Para crianças e adolescentes, uma das recomendações mais importantes é aumentar o tempo gasto ao ar livre. Estudos mostram que passar pelo menos duas horas por dia ao ar livre pode reduzir significativamente o risco de desenvolver miopia. A exposição à luz natural parece ser benéfica para o desenvolvimento saudável dos olhos.

Além disso, é crucial limitar o tempo de tela e equilibrar as atividades de visão próxima com pausas regulares. A regra 20-20-20 é uma ótima prática: a cada 20 minutos de trabalho próximo, olhar para algo a 20 pés (6 metros) de distância por 20 segundos. Isso ajuda a relaxar os músculos oculares e reduz a fadiga visual.

Hábitos saudáveis para os olhos

Adotar hábitos saudáveis para os olhos pode ajudar a prevenir ou retardar a progressão da miopia. Algumas práticas recomendadas incluem:

  • Manter uma dieta rica em vitaminas A, C e E, e ômega-3
  • Garantir iluminação adequada durante a leitura ou trabalho
  • Manter uma distância adequada (cerca de 40 cm) ao usar dispositivos eletrônicos
  • Usar óculos de sol para proteger os olhos dos raios UV
  • Praticar exercícios oculares regularmente
  • Dormir o suficiente para permitir que os olhos descansem e se recuperem

Tratamentos para miopia

O tratamento da miopia visa corrigir o erro refrativo e proporcionar uma visão clara. As opções de tratamento variam desde métodos não invasivos, como óculos e lentes de contato, até procedimentos cirúrgicos para casos mais severos ou para aqueles que desejam uma solução mais permanente.

Óculos e lentes de contato

Óculos são a forma mais simples e segura de corrigir a miopia. As lentes côncavas (negativas) ajudam a focar a luz corretamente na retina, proporcionando uma visão nítida. Os óculos são particularmente recomendados para crianças e adolescentes, cuja miopia pode ainda estar progredindo.

Lentes de contato oferecem uma alternativa aos óculos, proporcionando uma correção mais natural e um campo de visão mais amplo. Elas são especialmente úteis para pessoas ativas ou que praticam esportes. 

No entanto, requerem cuidados adicionais de higiene e manutenção, e podem não ser adequadas para todos, especialmente crianças muito pequenas ou pessoas com certos problemas oculares.

Cirurgias refrativas a laser

As cirurgias refrativas a laser são procedimentos que alteram permanentemente a forma da córnea para corrigir o erro refrativo. Estas cirurgias são geralmente consideradas para adultos com miopia estável, que não desejam depender de óculos ou lentes de contato.

É importante notar que, embora eficazes, as cirurgias refrativas não são adequadas para todos. Fatores como a espessura da córnea, o grau de miopia e a saúde geral dos olhos devem ser considerados. Além disso, mesmo após a cirurgia, algumas pessoas podem ainda precisar de óculos para certas atividades ou à medida que envelhecem.

LASIK

LASIK (Laser-Assisted In Situ Keratomileusis) é um dos procedimentos mais populares de cirurgia refrativa. Nesta técnica, um laser é usado para criar uma fina aba na córnea, que é então levantada para permitir a remodelação do tecido subjacente com outro laser. A aba é então reposicionada, atuando como um curativo natural.

PRK

PRK (Photorefractive Keratectomy) é uma técnica mais antiga, mas ainda amplamente utilizada. Neste procedimento, a camada superficial da córnea é removida completamente antes da remodelação a laser. Embora o tempo de recuperação seja mais longo que o LASIK, o PRK pode ser mais adequado para pessoas com córneas mais finas.

SMILE

SMILE (Small Incision Lenticule Extraction) é uma técnica mais recente que usa um laser de femtossegundo para criar uma pequena lente dentro da córnea, que é então removida através de uma pequena incisão. Este procedimento é menos invasivo que o LASIK e pode oferecer uma recuperação mais rápida e menos complicações pós-operatórias.

Complicações da miopia não tratada

A miopia não tratada pode levar a uma série de complicações além da visão embaçada. O esforço constante para enxergar claramente pode causar dores de cabeça, fadiga ocular e até mesmo contribuir para o desenvolvimento de estrabismo. 

Em crianças, a miopia não corrigida pode afetar significativamente o desempenho escolar e o desenvolvimento social.

Nos casos de alta miopia (geralmente acima de -6.00 dioptrias), há um risco aumentado de problemas oculares mais sérios. Isso inclui um maior risco de descolamento de retina, glaucoma, catarata precoce e degeneração macular miópica. 

Por isso, é crucial que a miopia seja diagnosticada e tratada precocemente, especialmente em crianças, para prevenir complicações a longo prazo.

Quando procurar um oftalmologista

É recomendável consultar um oftalmologista regularmente, mesmo na ausência de sintomas visíveis. No entanto, certos sinais indicam a necessidade de uma avaliação imediata:

  • Dificuldade repentina para enxergar objetos distantes
  • Dores de cabeça frequentes, especialmente após atividades visuais
  • Sensação de pressão nos olhos
  • Visão embaçada ou dupla
  • Dificuldade para enxergar à noite ou em ambientes com pouca luz

Para crianças, recomenda-se a primeira consulta oftalmológica por volta dos 6 meses de idade, novamente aos 3 anos e antes de iniciar a escola. Após isso, exames anuais são importantes para monitorar o desenvolvimento visual e detectar precocemente qualquer problema. 

Adultos com visão normal devem realizar exames a cada dois anos, enquanto aqueles com problemas visuais existentes ou fatores de risco devem seguir as recomendações de seu oftalmologista para check-ups mais frequentes.

O que é miopia?

Um erro refrativo que causa dificuldade para enxergar objetos distantes.

Como corrigir a miopia?

Com óculos, lentes de contato ou cirurgia refrativa.

Quais são os primeiros sinais da miopia?

Dificuldade para ler placas distantes e visão embaçada ao longe.

É possível prevenir a miopia?

Não totalmente, mas hábitos saudáveis podem ajudar a retardar sua progressão.

Como saber se sou míope?

Através de um exame oftalmológico completo.