Dezembro Laranja: proteja também os seus olhos.

Qual a relação da campanha Dezembro Laranja com a saúde dos olhos? Você sabia que o câncer de pele é a tipo mais frequente de câncer no país e no mundo? Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) a cada ano, surgirão em média 185.380 novos casos de câncer de pele no Brasil. Quando penso no mês de Dezembro logo me vem à mente, férias, calor, praia, sol e meu amado Rio de Janeiro. E também me lembro do dezembro laranja, uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Dermatologia para promover a prevenção do câncer de pele.

A relação entre sol e câncer de pele

A radiação solar é o fluxo de energia emitida pelo sol e transmitida sob a forma de radiação eletromagnética, ou seja, cargas elétricas aceleradas que irradiam energia. Parte dessa energia é emitida como raios ultravioleta (UV), luz visível e infravermelho (IV). A radiação ultravioleta apresenta comprimentos de onda entre 100 a 400 nanômetros(nm) sendo dividida em três faixas: UVA, UVB e UVC.

A radiação UVA é responsável pela maioria dos efeitos fisiológicos na pele e derme. Exerce ação direta sobre os vasos da derme, determinando vasodilatação e vermelhidão; também promove quebra das cadeias do DNA e está diretamente relacionada ao envelhecimento precoce, pigmentação da pele, carcinogênese e desencadeamento de doenças, como o lúpus.

Os raios UVB penetram pouco na pele, entretanto, têm alta energia sendo responsáveis pelos danos imediatos como vermelhidão, pigmentação tardia e carcinogênese. A radiação UVC praticamente não chega à superfície terrestre pois é absorvida pela camada de ozônio. Já a radiação infravermelha parece exercer efeito aditivo à UV, participando do processo de carcinogênese e fotoenvelhecimento.

Os raios UV facilitam a ocorrência de mutações gênicas em nosso DNA, danos e morte celulares, além de induzir um efeito supressor no sistema imune cutâneo, favorecendo o aparecimento de lesões. Os fótons das radiações UVA e UVB são absorvidos pelo DNA e também por cromóforos presentes nas células da pele. Esse processo leva à formação de moléculas chamas espécies reativas de oxigênio (EROs) que causam dano indiretamente ao DNA.

Os danos causados pela exposição solar são cumulativos e após alguns anos essas células que tiveram seu material genético danificado podem começar a se proliferar de modo descontrolado, levando ao câncer de pele, cujos principais tipos são o melanoma, carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular.

Fatores de risco para câncer de pele

Entre os fatores de risco que contribuem para o câncer de pele estão os fatores genéticos, história familiar positiva, sendo a exposição prolongada ao sol o principal fator de risco, principalmente em pessoas de olhos, pele e cabelos claros. Pesquisas indicam que crianças se expõem ao sol três vezes mais do que os adultos e a exposição excessiva leva a danos cumulativos e que aumentam o risco de câncer de pele no futuro.

Como prevenir o câncer de pele?

Para prevenir o câncer de pele é importante evitar a exposição solar sempre que possível, principalmente nos horários de maior intensidade, ou seja, das 10 às 16 horas. Se for se expor ao sol, deve-se utilizar chapéus, guarda-sóis, óculos escuros, camisas de manga longa (se possível com proteção UV) e filtro solar com FPS acima de 15 e que proteja contra raios UVA e UVB. O filtro solar deve ser aplicado em quantidade adequada a cada região do corpo, pelo menos 30 minutos antes de se expor ao sol, e reaplicado a cada 2 horas ou após nadar, suar e se secar com toalhas.

Áreas de sombra como árvores e marquises reduzem em até 50% a intensidade da radiação UV recebida. Se você estiver em um lugar com grande altitude, é importante caprichar um pouco mais na proteção, pois a cada 300 metros de altitude ocorre um aumento de 4% na vermelhidão da pele provocada pelas radiações UV. Além disso, areia, neve e superfícies claras, refletem mais esses raios, intensificando o dano na pele.

Além de prevenir o câncer de pele, é preciso ficar atento a lesões suspeitas como feridas que não cicatrizam, pintas ou sardas que crescem rapidamente e/ou que apresentam contornos irregulares. Podemos usar o ABCDE para avaliar lesões suspeitas.

A: Assimetria
B: Bordas irregulares
C: Coloração diferenciada; presença de diferentes tonalidades em uma lesão
D: Diâmetro maior do que 6mm
E: Evolução, ou seja, aumento progressivo

Preciso cuidar dos meus olhos?

A pele das pálpebras é muito delicada e merece cuidados especiais. É muito comum, esquecermos de proteger essa região do sol. Além do câncer de pele, o excesso de sol pode levar ao encolhimento da pele, causando uma condição chamada ectrópio cicatricial. A exposição crônica à radiação ultravioleta pode ainda acometer outras estruturas oculares, como a córnea, conjuntiva e cristalino levando a condições como pterígio, catarata, tumores de conjuntiva, fotoceratite e fotoconjuntivite. Existem relatos médicos de alterações retinianas devido à exposição solar excessiva e que podem levar à cegueira.
Existem no mercado, protetores solares oftalmologicamente testados e que podem ser aplicados na região das pálpebras. Mas o uso do bom e velho óculos de sol com proteção contra raios UV cumpre o papel de proteger os seus olhos.

E lembre-se, se você tem alguma lesão suspeita, procure o seu oftalmologista e o seu dermatologista para uma avaliação. O câncer de pele, se descoberto e tratado precocemente, tem cura. Nós da Eyecare Health estamos à disposição. Entre em contato com nossa clínica de olhos e agende uma consulta com um de nossos oftalmologistas.

Referências Bibliográficas:
  1. https://www.inca.gov.br/causas-e-prevencao/prevencao-e-fatores-de-risco/exposicao-solar/como-se-proteger-do-cancer-de-pele
  2. Castilho, Ivan Gagliardi, Sousa, Maria Aparecida Alves e Leite, Rubens Marcelo SouzaFotoexposição e fatores de risco para câncer da pele: uma avaliação de hábitos e conhecimentos entre estudantes universitários. Anais Brasileiros de Dermatologia [online]. 2010, v. 85, n. 2. Epub 23 Jun 2010. ISSN 1806-4841. https://doi.org/10.1590/S0365-05962010000200007.
  3. Schuch AP, Moreno NC, Schuch NJ, Menck CFM, Garcia CCM. Sunlight damage to cellular DNA: Focus on oxidatively generated lesions. Free Radic Biol Med. 2017 Jun;107:110-124. doi: 10.1016/j.freeradbiomed.2017.01.029. Epub 2017 Jan 18. PMID: 28109890.
  4. https://www.sbd.org.br/wp-content/uploads/2016/10/cancer_evolucao.jpg