Uma das queixas mais comuns dentro da Oftalmologia é o olho vermelho. Por muitas vezes os pacientes se deparam de forma súbita com os olhos vermelhos, irritados, dolorosos ou inchados, e procuram o oftalmologista para investigação do quadro.
As causas de olho vermelho são diversas, e variam desde condições benignas e autolimitadas, como a hemorragia subconjuntival e a conjuntivite viral, até situações graves e que colocam em risco a visão do paciente, como glaucoma agudo, trauma ou até infecções de difícil controle.
Diante de um quadro de olho vermelho ou irritado, é fundamental que o diagnóstico correto seja estabelecido e o tratamento adequado iniciado. Nem tudo é conjuntivite: cada caso é um caso. Assim, faz-se necessário consultar um oftalmologista para que a doença seja avaliada individualmente e conduzida da maneira correta.
Quais são as principais causas do olho vermelho?
A seguir, listamos alguns possíveis diagnósticos de olho vermelho, sobre os quais destacamos algumas considerações específicas.
1- Conjuntivite
A conjuntivite é a inflamação da conjuntiva, membrana que reveste externamente o globo ocular. Tem como principal causa a infecção (viral – mais comum – ou bacteriana) e é altamente contagiosa. Também pode ter causa alérgica.
O quadro de conjuntivite apresenta-se com hiperemia conjuntival (olho vermelho), saída de secreção (purulenta ou hialina) e desconforto ocular.
A conjuntivite bacteriana normalmente se inicia com o acometimento de um dos olhos, evoluindo após alguns dias com o envolvimento de ambos os olhos, e a secreção costuma ser purulenta. Já a conjuntivite alérgica tem o prurido (sensação de coceira nos olhos) como sintoma cardinal. Por fim, a conjuntivite viral está associada com queixas como irritação ou queimação ocular, a secreção é mais aquosa ou mucoide, e em muitos casos o paciente também apresenta sintomas virais em outras partes do corpo, como nariz e garganta.
O tratamento é feito com compressas frias e lubrificantes nos casos de conjuntivites virais, antibióticos nos casos bacterianos e controle ambiental para evitar alérgenos e uso de anti-histamínicos nos casos de conjuntivite alérgica.
Além do tratamento medicamentoso, o paciente deve ser orientado a evitar aglomerações, não esfregar ou coçar o olho infectado e evitar banhos de piscina. Além disso, é fundamental higienizar regularmente as mãos até o controle da infecção, lembrando que, à exceção da conjuntivite alérgica, esta doença costuma ser altamente contagiosa.
2- Hemorragia Subconjuntival
A hemorragia subconjuntival, ou hiposfagma, também entra nas causas de olho vermelho. Define-se como sangramento sob a conjuntiva, surgindo geralmente de forma súbita. Apresenta-se com uma área avermelhada na esclera (parte branca do olho), geralmente assintomática. Pode ocorrer de forma espontânea ou após pico de pressão arterial, vômito, tosse ou esforço físico.
Apesar da vermelhidão intensa encontrada nessa condição, o paciente não apresenta outras queixas como saída de secreção, baixa de visão, fotofobia (incômodo com a luz) ou sensação de corpo estranho. A evolução é benigna, com reabsorção espontânea dentro de uma a três semanas.
3- Pterígio
Pterígio é definido como crescimento fibrovascular triangular que avança sobre a córnea. Ocorre geralmente no canto do olho mais próximo ao nariz, e é fortemente associado à exposição à radiação ultravioleta (exposição solar).
O paciente com pterígio pode queixar-se de sensação de corpo estranho, ardência, prurido e fotofobia. É uma condição que pode aumentar progressivamente, podendo causar astigmatismo e invadir o eixo visual, ocasionando diminuição da visão.
O tratamento pode ser baseado em colírios sintomáticos, como os lubrificantes ou anti-inflamatórios, e o uso regular de óculos escuros. Em casos avançados onde há invasão do eixo visual ou quando o paciente desejar por resultados estéticos, o tratamento deve ser feito cirurgicamente com a exérese da lesão.
4- Blefarite
A blefarite, também conhecida como inflamação palpebral, pode ocorrer de forma aguda ou crônica e está geralmente associada à inflamação conjuntival, tendo portanto a irritação ocular como um dos sinais que caracterizam seu quadro clínico.
Sua origem costuma ser multifatorial, podendo haver componentes infecciosos, alérgicos ou mesmo associados a condições dermatológicas específicas. O tratamento inclui higiene palpebral, uso de pomadas oftalmológicas e lubrificantes.
5- Corpo Estranho Ocular
Olho vermelho, irritado, com fotofobia, sensação de corpo estranho e lacrimejamento intenso. Essas queixas agrupadas podem representar o quadro de corpo estranho ocular, geralmente associado à atividade laboral.
Nesses casos, um oftalmologista deve ser procurado para avaliação do quadro e realizar a retirada do corpo estranho. Após a retirada, pode-se lançar mão de colírio antibiótico para evitar infecções secundárias, além de lágrimas artificiais para gerar conforto ao paciente.
6- Esclerite
Esclerite é o quadro inflamatório da esclera, o famoso “branco do olho”. A maioria dos casos não apresenta origem infecciosa, sendo inclusive comumente idiopática (sem causa definida) após investigação a fundo, principalmente nos casos de recidiva. Pode haver associação com doenças sistêmicas, geralmente reumatológicas, como a artrite reumatoide.
Essa inflamação, além do olho vermelho, pode ser muito dolorosa e durar meses a anos. Pode estar associada à uveítes.
Em alguns casos, a investigação deve ser multidisciplinar, incluindo o oftalmologista e o reumatologista, para que se possa avaliar possível causa reumatológica para o quadro. Como tratamento, deve-se utilizar anti-inflamatórios, em geral não esteroidais, podendo-se usar de corticoesteroides em casos refratários.
7- Olho Seco
O olho seco é uma condição muito prevalente. Pode ter como causa a deficiência de produção da lágrima, ou excesso de evaporação por instabilidade do filme lacrimal.
O paciente pode apresentar sensação de queimação nos olhos, irritação, prurido, sensação de corpo estranho, fotofobia e vermelhidão. Estes sintomas podem piorar ao longo do dia, e também sofrem influência ambiental.
O uso de lubrificantes regulares geralmente alivia os sintomas, porém é imprescindível a avaliação do tipo e causas do olho seco, para que tanto o tratamento seja mais eficaz, como outras doenças possivelmente associadas possam ser descartadas.
8- Uveíte Anterior
É a inflamação intraocular que acomete primariamente a íris ou o corpo ciliar. A principal origem é idiopática (sem causa definida), porém pode estar associada a doença autoimune, infecciosa ou trauma.
Os sintomas incluem dor, fotofobia, baixa de visão, além da hiperemia. As pupilas também podem estar alteradas.
Como tratamento primário, colírios midriáticos – que dilatam a pupila – podem ser utilizados para evitar a formação de sinéquias (aderências da íris aos outros tecidos oculares), somado ao corticoide tópico para controle da inflamação enquanto realiza-se a investigação da causa base.
9- Glaucoma Agudo
O glaucoma agudo caracteriza-se como elevação importante e súbita da pressão intraocular (PIO), podendo levar ao dano do nervo óptico caracterizado pelo aumento da escavação. É considerado uma emergência oftalmológica, e pode ter como sintomas associados náusea, vômitos, baixa de visão e dor de forte intensidade.
Geralmente a crise ocorre à noite, desencadeada pela diminuição da luminosidade do ambiente que leva à dilatação da pupila. Quando isso acontece, ocorre impedimento à drenagem do humor aquoso e consequente aumento da PIO (mecanismo denominado bloqueio pupilar).
A conduta médica deve envolver o uso de hipotensores tópicos e agentes hiperosmóticos como manitol ou glicerol para controlar a pressão intraocular. Além disso, o acompanhamento com oftalmologista é essencial para abordagens terapêuticas adicionais, como a iridotomia periférica a laser, ou até cirurgias em alguns casos.
Conclusão
Você sabia que a vermelhidão nos olhos podia ter tantas causas diferentes? Além das listadas acima, numerosas outras doenças podem cursar com olho vermelho.
Assim, podemos perceber que o olho pode ficar vermelho e irritado por diversos motivos, e que alguns deles necessitam de tratamento adequado imediato, cujo adiamento pode levar a consequências gravíssimas!
Dessa forma, é essencial procurar um médico oftalmologista capacitado, possibilitando o diagnóstico precoce e a abordagem direcionada, bem como manter acompanhamento regular para prevenir problemas na visão.