O hordéolo, popularmente conhecido como terçol, é uma condição inflamatória que afeta as pálpebras, causando desconforto e alterações estéticas significativas. Esta infecção localizada nas glândulas palpebrais pode surgir em qualquer idade e, embora geralmente não seja grave, requer cuidados específicos para uma recuperação adequada.
O que é hordéolo e como ele se desenvolve
O hordéolo é uma infecção aguda que se desenvolve nas glândulas sebáceas das pálpebras, causando uma inflamação localizada que se manifesta como um nódulo doloroso e avermelhado. Esta condição ocorre quando há uma obstrução e posterior infecção das glândulas palpebrais, geralmente causada pela bactéria Staphylococcus aureus.
Diferença entre hordéolo interno e externo
O hordéolo pode se manifestar de duas formas distintas: interno ou externo. O hordéolo externo afeta as glândulas de Zeis ou de Moll, localizadas na base dos cílios, enquanto o interno compromete as glândulas de Meibomius, situadas mais profundamente na pálpebra:
Característica | Hordéolo Interno | Hordéolo Externo |
Localização | Glândulas de Meibomius | Glândulas de Zeis/Moll |
Profundidade | Mais profundo | Superficial |
Dor | Mais intensa | Moderada |
Visualização | Menos visível externamente | Facilmente visível |
Drenagem | Mais difícil | Mais fácil |
Por que o terçol aparece na pálpebra
O terçol se desenvolve nas pálpebras devido à rica presença de glândulas sebáceas nesta região e sua exposição constante a micro-organismos do ambiente.
A combinação de fatores como obstrução glandular, presença de bactérias e condições que favorecem a proliferação microbiana torna as pálpebras particularmente suscetíveis a este tipo de infecção.
Anatomia das glândulas palpebrais
As pálpebras possuem um complexo sistema de glândulas que produzem diferentes componentes do filme lacrimal. As glândulas de Meibomius, localizadas verticalmente no tarso das pálpebras, são as mais numerosas, com cerca de 30 a 40 na pálpebra superior e 20 a 30 na inferior.
Além das glândulas de Meibomius, encontramos as glândulas de Zeis, que são glândulas sebáceas associadas aos folículos dos cílios, e as glândulas de Moll, que são glândulas sudoríparas modificadas. Todas estas estruturas trabalham em conjunto para manter a lubrificação e proteção adequada da superfície ocular.
Causas e fatores de risco do hordéolo
O desenvolvimento do hordéolo está intimamente ligado a fatores que comprometem a higiene ocular ou diminuem a imunidade local. A obstrução das glândulas palpebrais, combinada com a presença de bactérias, cria o ambiente ideal para o desenvolvimento da infecção:
Fator de Risco | Impacto |
Má higiene | Alto |
Maquiagem vencida | Moderado |
Lentes de contato | Moderado |
Blefarite crônica | Alto |
Diabetes | Moderado |
Estresse | Baixo |
Deficiência nutricional | Baixo |
Bactérias e infecções associadas ao terçol
O principal agente causador do hordéolo é o Staphylococcus aureus, uma bactéria comumente presente na pele humana. Em condições normais, esta bactéria não causa problemas, mas quando há uma quebra nas barreiras naturais de proteção, pode ocorrer a infecção.
Bactérias mais comuns:
- Staphylococcus aureus (90% dos casos);
- Staphylococcus epidermidis;
- Propionibacterium acnes;
- Streptococcus species (mais raro).
Condições que aumentam o risco
Certas condições médicas e hábitos podem aumentar significativamente o risco de desenvolver um hordéolo, seja por comprometerem o sistema imunológico ou por alterarem a produção de secreções palpebrais:
Condição | Mecanismo de risco | Nível de associação |
Diabetes | Imunidade comprometida | Alto |
Rosácea | Alteração das glândulas | Alto |
Dermatite seborreica | Inflamação local | Moderado |
Deficiência de vitamina A | Alteração das secreções | Moderado |
Higiene e prevenção
A prevenção do hordéolo está diretamente relacionada aos bons hábitos de higiene ocular e ao cuidado com produtos que entram em contato com os olhos. É fundamental lavar as mãos frequentemente e evitar tocar os olhos com as mãos sujas, além de manter os produtos de maquiagem dentro do prazo de validade.
A higiene das pálpebras deve ser realizada diariamente, com produtos específicos quando recomendados pelo oftalmologista. Pessoas que usam lentes de contato precisam ser ainda mais rigorosas com a limpeza e seguir todas as orientações de uso e manutenção das lentes.
Sintomas e manifestações do hordéolo
O hordéolo se manifesta inicialmente como uma área de desconforto na pálpebra, que rapidamente evolui para um ponto vermelho e inchado. A progressão dos sintomas é relativamente rápida, podendo causar desconforto significativo em questão de horas.
Primeiros sinais do terçol
Os sintomas iniciais do hordéolo geralmente se desenvolvem ao longo de 24 a 48 horas, começando com uma sensação de desconforto que progride para sinais mais evidentes.
Sinais iniciais comuns:
- Sensibilidade local;
- Leve coceira;
- Pequeno ponto vermelho;
- Sensação de corpo estranho;
- Leve inchaço localizado;
- Desconforto ao piscar.
Evolução dos sintomas
Durante as primeiras 48 horas, o hordéolo tende a aumentar de tamanho e a inflamação se intensifica, causando mais dor e desconforto. O local afetado fica mais vermelho e inchado, podendo formar um ponto amarelado que indica a presença de pus.
À medida que a infecção progride, pode ocorrer lacrimejamento excessivo e sensibilidade à luz. Em alguns casos, principalmente no hordéolo interno, o inchaço pode ser significativo o suficiente para interferir temporariamente na visão.
Quando procurar um médico
É importante buscar atendimento médico quando o hordéolo não apresenta melhora após 48 horas de cuidados caseiros, quando há febre, quando o inchaço se estende além da pálpebra ou quando há comprometimento da visão. Pessoas com diabetes ou sistema imunológico comprometido devem procurar atendimento mais precocemente.
Diagnóstico e avaliação médica
O diagnóstico do hordéolo é primariamente clínico, baseado na história do paciente e no exame físico detalhado. O oftalmologista ou médico generalista avalia a localização, aparência e características da lesão, além de investigar fatores predisponentes e histórico de episódios anteriores.
Durante o exame, o profissional também verifica a extensão da inflamação e possíveis sinais de complicações. É importante diferenciar o hordéolo de outras condições que podem apresentar sintomas semelhantes, como calázio ou infecções mais graves.
Como o médico identifica um hordéolo
O médico realiza uma inspeção detalhada da pálpebra utilizando uma lâmpada de fenda, que permite visualizar com precisão a localização e extensão da infecção. A avaliação inclui a palpação suave da área afetada e a eversão da pálpebra quando necessário.
Exames necessários
Na maioria dos casos, não são necessários exames complementares para diagnosticar um hordéolo. No entanto, em situações específicas, alguns exames podem ser solicitados:
Exame | Indicação | Frequência |
Cultura bacteriana | Infecções recorrentes | Raro |
Glicemia | Suspeita de diabetes | Ocasional |
Biópsia | Lesões atípicas | Muito raro |
Avaliação imunológica | Casos recorrentes | Ocasional |
Diagnóstico diferencial com outras condições
É fundamental diferenciar o hordéolo de outras condições que afetam as pálpebras para garantir o tratamento adequado:
Condição | Características principais | Como diferenciar |
Calázio | Indolor, crônico | Evolução mais lenta |
Blefarite | Inflamação difusa | Afeta toda a borda palpebral |
Celulite pré-septal | Mais grave, febre | Maior extensão do edema |
Dacriocistite | Região do saco lacrimal | Localização medial |
Tratamentos disponíveis para hordéolo
O tratamento do hordéolo pode variar desde medidas conservadoras até intervenções mais invasivas, dependendo da gravidade e resposta às terapias iniciais.
Opções de tratamento:
- Compressas mornas;
- Higiene palpebral;
- Antibióticos tópicos;
- Antibióticos orais;
- Drenagem cirúrgica.
Terapias caseiras e compressas mornas
A aplicação de compressas mornas é o pilar do tratamento inicial do hordéolo. Deve ser realizada 3 a 4 vezes ao dia, durante 10-15 minutos, para promover a drenagem natural da infecção e aliviar os sintomas.
Medicamentos e antibióticos
O tratamento medicamentoso do hordéolo varia conforme a gravidade e o tipo da infecção. Para casos mais leves, antibióticos tópicos são geralmente suficientes, enquanto infecções mais graves ou hordéolos internos podem necessitar de antibióticos por via oral.
O médico escolherá o medicamento mais adequado considerando fatores como localização da infecção, histórico do paciente e possíveis alergias:
Medicamento | Via de administração | Duração típica | Indicação principal |
Pomada de eritromicina | Tópica | 7-10 dias | Hordéolo externo leve |
Tobramicina colirio | Tópica | 7 dias | Infecção superficial |
Dicloxacilina | Oral | 7-10 dias | Hordéolo interno ou grave |
Cefalexina | Oral | 7-10 dias | Alternativa à dicloxacilina |
Azitromicina | Oral | 5 dias | Casos resistentes |
Bacitracina | Tópica | 7-10 dias | Prevenção em casos recorrentes |
Procedimentos cirúrgicos
A intervenção cirúrgica é reservada para casos resistentes ao tratamento conservador ou muito extensos.
Procedimentos possíveis:
- Incisão e drenagem;
- Curetagem;
- Remoção da cápsula;
- Injeção de corticoide.
Complicações e prognóstico do hordéolo
O prognóstico do hordéolo geralmente é excelente, com resolução completa na maioria dos casos quando tratado adequadamente. No entanto, algumas pessoas podem experimentar recorrências ou desenvolver complicações, especialmente se o tratamento for tardio ou inadequado.
Em casos raros, principalmente quando há manipulação incorreta da lesão ou demora na procura por tratamento, podem surgir complicações mais sérias que requerem atenção médica imediata. O reconhecimento precoce dessas complicações é fundamental para evitar problemas mais graves.
Possíveis complicações do terçol
As complicações do hordéolo, embora incomuns, podem ocorrer especialmente em pacientes com sistema imunológico comprometido ou quando há manipulação inadequada da lesão.
Complicações possíveis:
- Celulite pré-septal;
- Formação de calázio;
- Cicatrizes palpebrais;
- Assimetria palpebral;
- Perda de cílios na região;
- Extensão da infecção;
- Recorrência frequente;
- Deformidade da margem palpebral.
Tempo de recuperação
O tempo médio de recuperação de um hordéolo varia de 7 a 14 dias quando tratado adequadamente. A melhora dos sintomas geralmente começa após 48-72 horas do início do tratamento correto, com diminuição progressiva do inchaço e da dor.
Casos mais graves ou que necessitam de intervenção cirúrgica podem levar até 3 semanas para resolução completa.
Prevenção de recorrências
A prevenção de novos episódios de hordéolo está diretamente relacionada à manutenção de bons hábitos de higiene e cuidados com os olhos.
Medidas preventivas essenciais:
- Lave as mãos frequentemente;
- Remova a maquiagem antes de dormir;
- Troque produtos de maquiagem a cada 3-6 meses;
- Limpe adequadamente as lentes de contato;
- Evite tocar ou esfregar os olhos;
- Mantenha toalhas e fronhas limpas;
- Use cosméticos hipoalergênicos;
- Trate condições predisponentes;
- Mantenha boa higiene das pálpebras;
- Evite compartilhar produtos de uso pessoal.
Como tratar um hordéolo?
O tratamento principal consiste em aplicar compressas mornas 3-4 vezes ao dia por 10-15 minutos. Em casos mais graves, seu médico pode prescrever antibióticos tópicos ou orais. Nunca tente espremer ou manipular o terçol.
Qual a diferença entre hordéolo e calázio?
O hordéolo (terçol) é uma infecção aguda e dolorosa das glândulas palpebrais, enquanto o calázio é uma inflamação crônica não infecciosa, que forma um nódulo indolor na pálpebra.
Como tratar um hordéolo interno?
O hordéolo interno geralmente requer tratamento mais intensivo que o externo. Além das compressas mornas, frequentemente necessita de antibióticos orais e, em alguns casos, pode precisar de drenagem cirúrgica por um oftalmologista.
Qual pomada é indicada para hordéolo?
As pomadas antibióticas mais comumente prescritas são à base de eritromicina ou bacitracina. No entanto, só devem ser utilizadas com prescrição médica, pois o uso incorreto pode agravar o quadro.
O que significa CID de hordéolo?
O CID (Classificação Internacional de Doenças) para hordéolo é H00.0. Este código é utilizado por profissionais de saúde para identificar oficialmente a condição em prontuários e documentos médicos.