Cirurgia Refrativa: Tipos de correção, benefícios e recuperação

Se você depende dos seus óculos ou lente de contato para ver o mundo com nitidez, com certeza já pensou em se livrar deles e simplesmente abrir os olhos para enxergar tudo que quiser. 

Desde que a cirurgia de correção de grau foi criada isso se tornou possível, já sendo feita há mais de 20 anos com segurança e precisão, entregando qualidade de vida e independência dessa ajuda externa para quem sofre com o problema. 

Uma grande parte da população brasileira tem algum “erro de refração”, interferindo na nitidez das imagens, em geral por alterações na córnea ou no tamanho dos olhos. 

Tipos de Erro de Refração

Miopia

É o mais comum, e cada vez mais presente entre os jovens, erro em que a pessoa vê com boa definição apenas os objetos próximos, enquanto os distantes ficam embaçados. Ocorre quando o globo ocular é mais alongado que o normal ou devido à córnea ser mais curva. Isso faz com que as imagens sejam focadas à frente da retina, deixando o que está distante fora de foco. 

? Aproveite para ler: Alta miopia: conheça o protocolo preconizado para frear sua progressão

Hipermetropia

É o embaçamento da visão de perto dos objetos, já a visão de longe pode estar nítida. Ocorre quando o globo ocular é mais encurtado que o normal ou quando a córnea é mais “achatada”ou plana. 

Astigmatismo

É uma espécie de sombreado e distorção na visão , principalmente aos extremos para vermos de muito longe ou muito perto. Ocorre quando a córnea tem ondulações e irregularidades, sendo mais curva em alguns pontos e mais achatada em outros, criando mais de um ponto de foco das imagens. 

Presbiopia

“A vista cansada” é uma condição natural do nosso envelhecimento, onde perdemos gradualmente a capacidade de focar em objetos próximos e ocorre devido ao cristalino de nossos olhos reduzir sua elasticidade. 

Como funciona a cirurgia refrativa 

A cirurgia refrativa é feita com o remodelamento da parte da frente dos nosso olhos, a córnea, mudando sua curvatura natural através de lasers que agem diretamente sobre a sua superfície e modificam seu formato e, consequentemente, o grau do paciente.

O procedimento dura cerca de 5 a 10 minutos em cada olho, sendo feito com anestesia local através de colírio anestésico. As técnicas mais usadas atualmente são LASIK, Smile e PRK

LASIK

LASIK ou Laser In Situ Keratomileusis é uma cirurgia a laser que  ocorre por meio da execução de um flap na córnea. O flap é uma aba da córnea que fica solta enquanto uma pequena parte continua presa. Na cirurgia LASIK, um oftalmologista treinado utiliza um raio laser extremamente preciso chamado excimer na parte interna da córnea, após rebater o flap, a fim de que a luz seja focalizada de forma adequada à maioria das tarefas. O efeito desenhado se consegue moldando a superfície anterior da córnea.

LASIK com Femtosecond

Para a técnica moderna de LASIK realizamos o flap a laser do tipo femtosecond, de alta precisão. Desta forma eliminamos o uso de lâminas para cortar a córnea. Após a confecção desse flap, o excimer laser é aplicado para correção do erro refrativo

Smile

A técnica SMILE ou Small Incision Lenticule Extraction é uma técnica de alta precisão, com o uso do laser FemtoSecond. Ele realiza um corte com precisão nanométrica, permitindo uma recuperação mais rápida, melhor qualidade de cicatrização e o grande conforto pós operatório.

A técnica é mais indicada para casos de miopia, astigmatismo ou a combinação dos dois. Ela ainda não é uma opção de tratamento para os casos de hipermetropia.

PRK 

De uma maneira geral o PRK é semelhante ao LASIK, exceto pela necessidade de criação de um flap da córnea. Nesta técnica, faz-se uma raspagem da primeira camada da córnea, o epitélio, e em seguida aplica-se o laser. Ao final da cirurgia, coloca-se uma lente de contato terapêutica.

Riscos do procedimento

Quando bem indicada , trata-se de uma cirurgia extremamente segura. Em consulta pré operatória minuciosa são avaliados diversos parâmetros do olho como espessura e curvatura da córnea, saúde da retina e presença de erros de grau com e sem dilatação da pipila, além de critérios como estabilidade de grau há pelo menos 1 ano e idade mínima para se indicar ou não essa cirurgia. Desta forma, raramente ocorrem complicações, sendo elas de apenas 0,1 a 0,4%. 

Mesmo assim, efeitos colaterais raros como piora de sensação de olho seco, ofuscamento noturno e fotofobia podem ser relatados, e devidamente tratados quando ocorrerem. 

A Recuperação

Nas técnicas que envolvem o uso de 2 lasers diferentes (LASIK e SMILE), a recuperação é bem rápida: o paciente no dia após a cirurgia sente algumas horas de desconforto e já consegue retornar ao trabalho no dia seguinte com nitidez da visão. Na técnica mais tradicional (PRK), a recuperação tende a ser um pouco mais lenta, com um pouco mais de dor nos primeiros dias, e melhora de visão gradualmente nos primeiros meses, podendo-se retornar ao trabalho cerca de 4 a 5 dias após o procedimento. 

Para todas as técnicas é importante que sejam tomados cuidados pós operatórios, como não nadar, não praticar esportes de impacto ou contato por ao menos 30 dias, e não usar maquiagem ou coçar os olhos por 15 dias. Utilizar corretamente os colírios prescritos, atentando-se à frequência correta, e uso de óculos de sol caso haja fotofobia é recomendado. 

Referências

1- Haddrill, Marilyn. «LASIK Risks and LASIK Complications». AllAboutVision.com. Consultado em 5 de Julho de 2011

2- Denoyer et al. : Dry Eye Disease after Refractive Surgery: Comparative Outcomes of Small Incision Lenticule Extractionnversus LASIK, Ophthalmology, Available online 22 November 2014, ISSN 0161-6420,http://dx.doi.org/10.1016/j.ophtha.2014.10.004.

3- Tae-im Kim,Jorge L Alió del Barrio,Mark Wilkins,Beatrice Cochener,Marcus Ang. Refractive surgery  The Lancet  (IF202.731),  Pub Date : 2019-05-18, DOI: 10.1016/s0140-6736(18)33209-4