O que é Catarata: quais suas causas? Por que ela surge?

O que dizer a respeito de uma doença tão comum e que ao mesmo tempo levanta inúmeras dúvidas como a catarata? Não é incomum no dia a dia do consultório oftalmológico, pessoas questionarem quanto a sua presença, ficarem receosas pelo seu aparecimento e buscarem assistência médica para esclarecer as incontáveis histórias ouvidas de amigos e familiares a respeito dessa condição. 

Entretanto, o que de fato é uma catarata? Por que ela é tão temida? Quais são as causas e fatores de risco dessa patologia? Existe alguma forma de prevenção? E o tratamento?

O que é a catarata e como ela se forma?

O aumento da expectativa de vida como consequência do avanço da medicina e da mudança de hábitos da população traz consigo também o aumento da incidência de patologias relacionadas diretamente ao envelhecimento, sendo a catarata uma grande representante. 

Ao longo da vida, uma lente que fica dentro dos nossos olhos, chamada de cristalino, passa por diversas modificações estruturais, entre elas, um crescimento de suas camadas e, com isso, há a possibilidade de perda da sua transparência. 

Assim como as lentes dos nossos óculos, que precisam estar limpas e transparentes para proporcionarem boa visão, o cristalino possui a mesma característica, ou seja, quando atinge um determinado grau de opacificação, gera perda visual, tanto na quantidade quanto na qualidade da visão. 

Sendo assim, agora é fácil entender a definição do que é uma catarata e do porquê é tão temida: é justamente uma lente opaca no interior de nossos olhos que pode surgir com o passar dos anos e, devido a isso, constitui-se a principal causa de baixa visual e cegueira no Brasil e no mundo.

Fatores que aceleram o aparecimento da catarata

Se a catarata é uma condição que pode ocorrer com a idade, existe algo que possa acelerar esse processo? Sim, existem condições como os hábitos de vida; doenças sistêmicas e até mesmo medicações que induzem e aceleram o seu aparecimento. 

No que diz respeito aos hábitos, sabidamente o tabagismo; o consumo de álcool moderado e a exposição solar sem a devida proteção dos nossos olhos aos raios ultravioletas são importantes fatores de risco para sua progressão. 

Isso demonstra a importância de se adotar estilos de vida saudáveis; pequenos atos e simples comportamentos garantem saúde e qualidade de vida com o passar dos anos.

Diabetes e catarata

Dentre as doenças sistêmicas relacionadas à opacificação cristaliniana, a diabetes mellitus é sem dúvida a principal; sua prevalência é alta na população mundial e seu controle é difícil, uma vez que envolve medidas comportamentais e alimentares. 

A diabetes caracteriza-se por altas taxas de glicose no sangue (hiperglicemia) de forma crônica. O aumento constante e prolongado da glicose na corrente sanguínea aumenta também sua quantidade dentro do cristalino, o que atrai um excesso de água para seu interior, gerando desorganização das suas camadas e, consequentemente, perda de transparência.

Deste modo, entende-se que o mal controle da diabetes, além das inúmeras consequências que colocam em risco a vida do paciente, também interferem diretamente na qualidade visual do mesmo.

Dermatite atópica e catarata

A dermatite atópica é uma doença crônica e hereditária, caracterizada por aparecimento de lesões na pele e coceira devido ao contato com substâncias que desencadeiam reações alérgicas, como pelos de animais, condições ambientais, contato com tecidos e corantes, ou até mesmo emoções, como o estresse.  

Pode estar associada a outras patologias como asma, rinite alérgica e também com o surgimento de catarata, uma vez que a pele e o cristalino são originados de um mesmo tecido celular quando éramos apenas um pequeno embrião. 

Além disso, para tratamento da dermatite atópica usa-se medicações contendo corticoide, e tais medicamentos também estão relacionados ao surgimento da catarata.

Outros fatores de risco para o surgimento da catarata

Outras condições, menos prevalentes e conhecidas, que se associam à catarata, são: trauma ocular, doença de Wilson, neurofibromatose, distrofia miotônica, galactosemia, entre outras.

Outro fator bastante relacionado com a evolução e até mesmo com o surgimento de cataratas são os medicamentos. Medicações usuais e rotineiras, que a princípio nunca imaginaríamos uma associação com essa patologia, podem ser a grande causa dessa condição. 

O principal representante é o corticoide, medicação anti-inflamatória hormonal, amplamente utilizada em diversas ocasiões, como alívio sintomático bem como tratamento de doenças respiratórias; analgesia; pós-operatórios; tratamento de alergias e doenças autoimunes, entre outras doenças.

Outras medicações que podemos destacar são: pilocarpina, colírio usado no tratamento de glaucoma;  clorpromazina, utilizada em tratamento de doenças psiquiátricas;  alopurinol, usual no tratamento da gota; isotretinoína, com uso dermatológico para tratamento de acne; amiodarona, um importante antiarrítmico, entre outros. 

Dessa forma, entende-se a importância de comunicar o oftalmologista a respeito de todas as medicações em uso, para que juntamente com os profissionais médicos de outras áreas, possam realizar um melhor seguimento e assistência de maneira integral a cada paciente.

Estou com catarata: e agora?

Para o tratamento definitivo da catarata, é necessário remover o cristalino opaco e colocar dentro dos olhos uma nova lente transparente, técnica cirúrgica chamada Facectomia. Entretanto, nem sempre a modalidade cirúrgica constitui o único caminho. 

Muitas vezes, os óculos e lentes de contato, apesar de não corrigirem de maneira efetiva os efeitos da catarata, podem auxiliar o paciente a desempenhar suas funções do dia a dia. Operar ou renovar a receita dos óculos são decisões que devem ser discutidas e tomadas através de um bom relacionamento médico-paciente. 

Portanto, conclui-se que muitos são os fatores envolvidos no surgimento da catarata, alguns dependem do próprio paciente, outros não, mas a boa notícia é que, apesar de tudo, a catarata é reversível e a Cirurgia de Catarata é uma opção que pode ser considerada pelo paciente.

A baixa de visão e até mesmo a cegueira decorrentes desta doença não são definitivas e, por isso, é imprescindível o acompanhamento rotineiro com o médico oftalmologista para eliminação de fatores de risco, estabelecimento  do diagnóstico adequado e orientação quanto ao melhor tratamento para cada caso.